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Operação Lava Jato

- Publicada em 03 de Março de 2016 às 18:27

Delcídio teria citado Dilma e Lula em delação

 Delcídio Amaral, senador Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado (23/06/2015)

Delcídio Amaral, senador Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado (23/06/2015)


GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO/JC
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) teria feito um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), e o documento apresentaria detalhes de como a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teriam tentado interferir na condução das investigações da Operação Lava Jato. As informações são de reportagem divulgada pela revista IstoÉ nesta quinta-feira.
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) teria feito um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), e o documento apresentaria detalhes de como a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teriam tentado interferir na condução das investigações da Operação Lava Jato. As informações são de reportagem divulgada pela revista IstoÉ nesta quinta-feira.
Delcídio foi preso no dia 25 de novembro do ano passado, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), após ser acusado de atrapalhar as investigações da força-tarefa.
Antes de ser solto, o petista teria feito um acordo com a PGR. Delcídio vai responder as acusações contra ele na Operação Lava Jato em prisão domiciliar e foi autorizado a trabalhar no Senado, mas com a obrigação de se recolher em casa à noite e em dias de folga.
O ministro do STF Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação, de acordo a revista.
Conforme publicado na IstoÉ, Delcídio afirmou que Dilma sabia das irregularidades envolvendo a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e de que Lula comprou o silêncio de Marcos Valério, um dos principais operadores do mensalão. O ex-presidente também teria, segundo relato do senador, "pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras" e agido pessoalmente para barrar as investigações.
Ainda segundo a revista, Delcídio afirmou que a presidente teria tido papel decisivo na permanência dos diretores envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras, utilizando sua influência e poder para impedir a punição. Ele mesmo diz ter participado de reuniões em que decisões ilegais foram combinadas a mando de Dilma e Lula.
De acordo com a publicação, o senador disse que Dilma teria tentado por três vezes interferir na Lava Jato, sempre com a ajuda do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo (PT).
A reportagem traz uma cópia do anexo da delação, na qual Delcídio diz que, diante do fracasso das duas manobras anteriores, entre elas o encontro em Portugal com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, "a solução" passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. "Tal nomeação seria relevante para o governo", pois o nomeado cuidaria dos "habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ". Delcídio teria contado que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada.
No depoimento aos procuradores, Delcídio teria afirmado que o pagamento a Nestor Cerveró um dos motivos para a prisão do senador foi a oferta de uma mesada para o ex-diretor da Petrobras teria sido feito a pedido de Lula.
De acordo com a reportagem, Delcídio disse que o ex-presidente pediu "expressamente" para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, porque Bumlai seria citado nas delações premiadas do lobista Fernando Baiano e de Cerveró.
De acordo com a revista, Delcídio seria o responsável por intermediar os pagamentos à família de Cerveró.
Ao todo, teriam sido pagos R$ 250 mil a Cerveró, em remessas de
R$ 50 mil, entregues por meio do advogado Edson Ribeiro e por Diogo Ferreira, assessor de Delcídio.
Segundo a reportagem, os procuradores que tomaram o depoimento consideram que a revelação pode justificar um pedido de prisão de Lula.

Em nota, defesa do senador petista não confirma conteúdo de depoimento divulgado

A defesa do senador Delcídio Amaral (PT) divulgou, nesta quinta-feira, uma nota em que contesta o conteúdo da matéria publicada pela revista IstoÉ, com trechos de uma suposta delação premiada do senador. "Nem o senador Delcídio, nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria", afirma o texto, que é assinado também pelo advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto. "Não conhecemos a origem, tão pouco (sic) reconhecemos as autenticidades dos documentos que vão acostados no texto." A nota diz ainda que o esclarecimento se faz necessário "em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público". "Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados", afirmam. No fim, a nota destaca o "respeito e comprometimento" de Delcídio com o Senado.

Cardozo diz que Delcídio Amaral ameaçava retaliações

O ministro José Eduardo Cardozo (PT), da Advocacia-Geral da União, disse, nesta quinta-feira, que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) "não tem credibilidade" nem "prima por dizer a verdade" e, se fez uma delação premiada para colaborar com a Operação Lava Jato, é possível que seja uma "retaliação" ao governo da presidente Dilma
Rousseff (PT) por não tê-lo ajudado a sair da prisão.
"Recebíamos muitos recados de que, se o governo não agisse para tirá-lo da prisão, ele faria retaliações. Se efetivamente houve (delação premiada), é forte a possibilidade de ser retaliação, porque isso foi anunciado previamente: se o governo não fizesse nada para ele sair da cadeia, ele retaliaria", disse Cardozo.
Durante a cerimônia, Dilma criticou publicamente o que chamou de "vazamentos ilegais e seletivos" e defendeu que a presunção de inocência não pode ser substituída pela "execração pública", e ressaltou que não se pode condenar ninguém no País sem processo legal ou acusação formal e que deve-se evitar o "pressuposto de culpa".
Houve reação também por parte do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) que, após ser citado por Delcídio, disse que nunca cometeu irregularidades. "O ex-presidente Lula jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela Operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo", diz a nota divulgada pelo Instituto Lula na tarde desta quinta-feira.

Parlamentares da oposição pedem a renúncia de Dilma

Horas após a revelação de que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) teria comprometido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a presidente Dilma Rousseff (PT) em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, a oposição da Câmara tomou a tribuna do plenário e pediu a renúncia da petista.
O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) foi o primeiro a pedir a saída de Dilma. "As denúncias se acumulam. Presidente Dilma, tenha humildade de dizer que não há condições de ficar à frente do País."
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, pediu a renúncia da presidente em discurso em plenário. "Será que não está no momento da presidente, em um gesto de grandeza, pensando não no seu partido mas no seu País, renunciar ao mandato de presidente da República", indagou.
Segundo o senador, a partir desta renúncia, o País poderia passar por uma transição e resgate da economia. "Para que a partir deste gesto, nós possamos iniciar uma grande agenda de retomada da confiança, dos investimentos e dos empregos para os brasileiros", afirmou.