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Para atingir uma lideran�a empresarial sustent�vel



Walter L�dio Nunes Walter L�dio Nunes
Presidente da Celulose Riograndense
A governança corporativa deverá considerar, na sua visão de gestão estratégica, as respostas à evolução dinâmica dos cenários sociais, naturais, econômicos, de sustentabilidade física e política que vivemos. O processo decisório, no contexto da velocidade imposta pela sociedade do conhecimento, torna-se variável e complexo. Hoje, necessariamente, esta demanda está integrada no pensamento estratégico e na estratégia de construção do futuro desejado. Propostas alternativas de percepção do mundo atual e futuro tornam-se importantes e ganham destaque na busca dessa nova concepção: globalização, mercados comuns, desenvolvimento sustentável, produção mais limpa, Green Marketing, entre outros; bem como uma considerável quantidade de conceitos correlatos, como ecologia, sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, responsabilidade social e ambiental, capitalismo natural e ecossistema empresarial.
A cada dia, aumenta a constatação social sobre a finitude dos recursos naturais e os limites da nossa biosfera. Mantendo os paradigmas atuais, fica claro que não haverá planeta Terra suficiente para manter uma sociedade com qualidade de vida e a necessária inclusão social, o que consolida a necessidade urgente de se buscar um modelo de desenvolvimento que minimize as injustiças sociais e atenda aos conceitos modernos de uma nova utopia social.
Começa-se, portanto, a discussão e a implantação, de forma ainda incipiente, de uma governança mundial sobre estes aspectos. Os conceitos de governança - seja nos níveis público ou privado, nacional ou internacional - integram-se neste amplo debate. Criam-se padrões, certificações e legislações que almejam contribuir para um planeta com presente e futuro sustentáveis. O segundo setor e, sobretudo, seus empreendedores, começam a discutir como aprimorar seus papéis, passando a ter uma posição mais ativa e comprometida com a busca de soluções. E, assim, o tamanho da possibilidade da contribuição impõe o tamanho da responsabilidade a ser socialmente assumida.
Hoje, evolui e ganha espaço a responsabilidade social e ambiental das empresas. Os novos modelos de gestão que almejam o sucesso devem se voltar para a minimização de danos causados ao meio ambiente e, ainda, para a melhoria da sua qualidade. Suas premissas seguem o pensamento de modernização ecológica, em que uma economia ambientalmente sustentável pode ser alcançada dentro do atual sistema de mercado. Molda-se como uma das estratégias-chave de negócio do futuro e, daí, a necessidade indiscutível de incorporar preocupações ambientais no planejamento estratégico de uma organização. Benefícios financeiros e a possibilidade de ganhar vantagem competitiva são os incentivos que estão em primeiro lugar na implementação de medidas verdes.
Mas a sobrevivência do negócio na atualidade deve considerar, também, as virtudes sociais do desdobramento da cadeia econômica formadora de valor - tais como geração de emprego e renda, qualidade de vida, postura e projetos sociais, se estendendo sobre toda a cadeia formadora de um produto ou de um serviço. Na prática, isto significa que se deve evidenciar a virtuosidade ambiental sobre todo o ciclo de vida de um produto ou serviço, desde a sua origem até o seu descarte final, como também a sua forma de gerenciamento, apresentando-a à sociedade de forma transparente e confiável. Isto engloba os seus processos de fabricação, a cadeia econômica que a ela se agrega de maneira direta ou indireta e o produto final dentro da visão do seu ciclo de vida. As empresas precisam construir uma ampla licença social cujas exigências são dinâmicas e crescentes, oriundas de uma inteiração proativa.
Neste contexto, transparência é a palavra de ordem. E, então, o conceito de compliance - atuar em conformidade com as leis, os regulamentos internos e externos e os princípios corporativos que garantem as melhores práticas de mercado - torna-se uma tendência transnacional, cada vez mais respaldada pelos movimentos da sociedade.
Não só a visão social do relacionamento e equilíbrio com as partes interessadas será o driver, mas também os valores morais e éticos com que a empresa pauta as suas relações e desenvolve o seu negócio. Na medida em que uma sociedade evolui, o seu mercado consumidor demandará produtos mais eco e socialmente "amigáveis".
Dentro desta tendência, o setor empreendedor cresce em importância no papel de agente de transformação social e deve demonstrar como, através da sua atividade empreendedora, responderá a este compromisso. Só assim terá a aceitação da sociedade.
A sobrevivência das empresas ficará cada vez mais atrelada à sua capacidade de responder ao presente e às demandas futuras advindas de um amplo espectro eco-social, e o repensar "o que se faz" e "o como se faz" deve ser incorporado ao cotidiano das organizações. Precisaremos garantir uma ampla e dinâmica"licença social" orientada para construção de um mundo melhor para todos.

Publicado em 28/03/2016.