As marcas mais lembradas e preferidas de
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Reputa��o antes. Invertendo a l�gica de constru��o da marca



Tiago Dimer Tiago Dimer
Diretor de Publicidade e Marketing do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, [email protected]
Identidade, marca, imagem e reputação. Uma sequência de conceitos idealizada pelas empresas e estudada pela academia. Quem trabalha com comunicação está sempre em contato com essa evolução. Vive seus ideais, busca novos elementos de construção que se constituem em peças fundamentais para o sucesso e a sobrevivência de qualquer negócio. Cada uma delas é formada ao longo de muito trabalho, uma depende da outra, que constrói a próxima, fazendo parte de um conjunto de ações que culminam no que a empresa tem de mais importante, sua reputação. Afinal, o que hoje mais importa não é o produto e sim o que a empresa é.
Na era digital, com o mundo em nossas mãos, a reputação não é mais uma especiaria trocada em mercados portuários de tempos em tempos. O mestre dos negócios Warren Buffett já profetizou: "Leva-se 20 anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destrui-la". Diria que a constatação já não é exata. Num mundo cada vez mais conectado, em apenas poucos segundos pode-se colocar tudo a perder.
Muitos institutos já realizam trabalhos científicos medindo a reputação em empresas, confirmando a Economia da Reputação. Mas medir reputação, alinhar comunicação e marketing no governo é um desafio nada fácil de executar, principalmente no Brasil. Por isso, em tempos de crise das instituições, é preciso pensar de outra forma. Afinal, no setor público, a aplicabilidade desses conceitos é ainda como uma máquina de escrever elétrica no século XXI. Os parâmetros são os piores. A desconfiança é alta e a falta de entrega é constante. Inverter a lógica pode ser o caminho para reverter um processo que parece sem solução. Criando uma estratégia diferente para o setor público, trabalhando a comunicação e aquela sequência inicial em outro sentido.
A análise perspectiva fica longe da tecnologia, das redes sociais, desse mundo instantâneo que também já não inspira confiança. A lógica se encontra com a essência. Aquela que alguns de nós aprendeu ainda criança. "Promessa é para ser cumprida".. "quando se compromete, tem que cumprir". Sim, aquela reputação simples do caderninho na padaria da esquina com data para pagar. Do compromisso nos mínimos detalhes. A hora da reunião, a palavra como moeda, a verdade.
Dentro dessa ideia, distancia-se de algo perverso para a reputação de qualquer governo ou governante, a demagogia. Usada desde a Grécia antiga como a arte ou poder de conduzir o povo, talvez seja a forma mais rasteira do marketing. A venda da ideologia, da ação para o poder. E demagogia está diretamente ligada à reputação através da falta de entrega por parte dos gestores públicos, que aparece mais cedo ou mais tarde. Assim, construindo e recuperando inicialmente a reputação, para então constituir a imagem, valorizar a marca e só depois confirmar uma identidade se torna mais real. Este é o melhor alinhamento entre comunicação e marketing. Falar a verdade e fazer o quedeve ser feito.

Publicado em 28/03/2016.