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Segurança

- Publicada em 06 de Março de 2016 às 22:18

Policiais rebatem Sartori e afirmam ser impossível fazer 'mais com menos'

Para Isaac Ortiz, não há como trabalhar, nessa área, se investimentos

Para Isaac Ortiz, não há como trabalhar, nessa área, se investimentos


MARCO QUINTANA/JC
O pedido do governador do Estado, José Ivo Sartori, de que os policiais "façam mais com menos" é impossível de se cumprir. Pelo menos, é o que afirmam representantes do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm), do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado (Sinpol/RS) e da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho - Brigada Militar (Abamf).
O pedido do governador do Estado, José Ivo Sartori, de que os policiais "façam mais com menos" é impossível de se cumprir. Pelo menos, é o que afirmam representantes do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm), do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado (Sinpol/RS) e da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho - Brigada Militar (Abamf).
Segundo o presidente do Ugeirm, Isaac Ortiz, na segurança pública, só se faz "mais com menos" se o termo se refere a mais homicídios, criminalidade, roubo de veículos e tragédias. "Não há como trabalhar, na segurança pública, sem investimentos. É como na saúde: é uma área cara, mas, se não investir, vira um caos. Não aceitamos esse papinho, é uma balela de quem não quer tomar as rédeas da segurança pública. Ele (Sartori) está aí há mais de um ano e ainda não mostrou a que veio", critica.
Apesar de o governo do Estado celebrar a realização de grandes operações, os números apresentados no dia 1 de março no Diário Oficial do Estado (DOE) apresentam redução, entre o segundo semestre de 2014 e o mesmo período de 2015, em muitas ações policiais. A quantidade de prisões em flagrante feitas pela Brigada Militar diminuiu 28%. As inspeções de locais tiveram redução de 26,3%. O policiamento ostensivo nas ruas, por sua vez, foi 29,3% menor. Ao mesmo tempo, o policiamento em locais de diversão pública caiu 30% e, nos estabelecimentos de ensino, 26,8%. A Polícia Civil, por sua vez, fez 21,6% menos flagrantes e instaurou 14,5% menos inquéritos cujas vítimas eram mulheres.
O motivo para isso, conforme Ortiz, é a falta de 2,5 mil policiais militares e 650 policiais civis no quadro da corporação. "Ainda por cima, estamos há dois meses sem receber diárias e horas-extras. Agora, parece que conseguiram dinheiro para nos pagar. Que bom, mas é preciso entender que, quando um policial vai fazer uma operação, precisa estar com a vida tranquila, sem preocupações com seu aluguel", observa. O Estado deve R$ 1 milhão em horas-extras, relativas a janeiro e fevereiro. Os policiais civis anunciaram, na quarta-feira, o início de uma operação padrão.

Sindicalista propõe 'reforma total' no sistema de segurança pública

Para o vice-presidente do Sinpol/RS, Emerson Ayres, a área da segurança pública depende obrigatoriamente de investimentos em material humano para ser fortalecida. "Ao mesmo tempo em que o governador elogia as nossas operações, mostra descaso, ao não pagar as horas extras. Mesmo assim, seguimos exercendo nossas funções. A criminalidade só não é maior devido ao comprometimento dos policiais", pondera.
A situação, porém, pode mudar. "Desde o início do governo Sartori, procuramos um diálogo propositivo, mas não estamos tendo retorno. Nossa categoria se encontra em um momento muito delicado devido a isso. Começamos um movimento, respeitando a legislação, que vai trazer alguns prejuízos à sociedade gaúcha. Vamos avançando, e pode, sim, aumentar a paralisação, em dias pré-determinados", avisa.
Ayres sugere a divisão da verba destinada à segurança pública entre os quatro entes - Brigada Militar, Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias (IGP) e Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) -, e não à Secretaria de Segurança Pública (SSP). "A solução talvez passe por uma reforma total, colocando os chefes de polícia para falarem diretamente com o governador, sem intermédio do secretário de Segurança Pública. É preciso encurtar os espaços para diálogo, para logo encontrarmos as soluções", observa.
Na opinião do secretário-geral da Abamf, Ricardo Agras, a visão de Sartori é "totalmente distorcida e pobre para um governador do Estado". "Se não se paga horas extras, não tem gente para trabalhar. Se não se compra ou se faz a manutenção das viaturas, não há como rodar pelas ruas. Os dados do DOE mostram que o arrocho salarial, a falta de pagamento de horas extras e o déficit de 2,5 mil servidores da Brigada Militar fazem a capacidade da corporação diminuir", ressalta.
Hoje, há 14,8 mil policiais militares no Rio Grande do Sul, o que significa um para cada 73 mil gaúchos. De acordo com o sindicalista, nunca se teve tão pouco efetivo, proporcionalmente.