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Balanços

- Publicada em 28 de Março de 2016 às 22:01

BRDE tem lucro recorde de R$ 263 milhões

Com instabilidade da economia, análise para concessão de empréstimos está mais rígida, diz Odacir Klein

Com instabilidade da economia, análise para concessão de empréstimos está mais rígida, diz Odacir Klein


MARCELO G. RIBEIRO/JC
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) fechou 2015 com o maior lucro líquido de seus 55 anos de vida. Ao todo, a instituição alcançou um resultado positivo de R$ 262,99 milhões no ano passado, alta de 24,11% em relação a 2014. As contratações também cresceram, na ordem de 21,2%, atingindo R$ 3,35 bilhões. Segundo a direção, que comemorou o resultado, o objetivo do banco, agora, é diversificar sua atuação, captando recursos de novas fontes. Quatro linhas de crédito de agentes internacionais estão em fase de negociação.
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) fechou 2015 com o maior lucro líquido de seus 55 anos de vida. Ao todo, a instituição alcançou um resultado positivo de R$ 262,99 milhões no ano passado, alta de 24,11% em relação a 2014. As contratações também cresceram, na ordem de 21,2%, atingindo R$ 3,35 bilhões. Segundo a direção, que comemorou o resultado, o objetivo do banco, agora, é diversificar sua atuação, captando recursos de novas fontes. Quatro linhas de crédito de agentes internacionais estão em fase de negociação.
Segundo o diretor de planejamento do BRDE, Luiz Corrêa Noronha, o banco pleiteia créditos junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (a antiga Corporação Andina de Fomento), ao Banco Europeu de Investimento (BEI), à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e ao banco alemão KfW. Noronha acredita que os acordos com pelo menos os três primeiros devem sair ainda em 2016. "Somados, esses acordos representarão créditos de cerca de US$ 100 milhões por ano, por um período de quatro anos", afirma. As linhas serão destinadas, respectivamente, a créditos gerais, pequenas e médias empresas, produção e consumo sustentáveis e geração de energia renovável.
A intenção do BRDE com a iniciativa é tornar-se menos dependente das linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), responsáveis atualmente por mais de 90% dos empréstimos repassados pelo órgão regional. Além disso, o tamanho da fatia do banco federal também faz com que o BRDE tenha pouca flexibilidade para optar sobre os setores favorecidos, hoje pautados pelo Bndes. "Até por segurança, entendemos que precisamos diversificar nossa atuação, tanto no funding quanto nas atividades contempladas, para que nossos clientes tenham mais de uma alternativa", defende Noronha.
A previsão do banco para 2016 é de atingir R$ 3,9 bilhões em contratações, volume repartido em partes iguais entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Para o vice-presidente do BRDE, Odacir Klein, a situação instável da economia tem feito com que a análise para concessão dos empréstimos tenha se tornado mais rígida, e, por isso, seja difícil que a inadimplência cresça consideravelmente. O aumento seria ainda mais prejudicial porque, ao repassar os créditos aos tomadores, o BRDE assume o risco das operações, tornando-se fiador dos pagamentos.
"Há muito cuidado na liberação dos recursos atualmente, e as linhas que tinham de ser cortadas, já foram. Se houver aumento da inadimplência, será pelo crédito facilitado do passado", afirmou Klein. Ainda que tenha aumentado em torno de 2,8% em 2014 para 3,11% em 2015, a inadimplência ainda é considerada uma das mais baixas do País pelos diretores. Mesmo assim, o BRDE aumentou as provisões para garantia dos pagamentos, que chegaram a R$ 152,7 milhões.
Além dos recursos naturais dos repasses de financiamento, atividade principal do BRDE, o lucro recorde no ano passado também acabou inflado pelo retorno de R$ 48,5 milhões, antes depositados judicialmente, graças a adesão do banco ao chamado Refis da Crise, em 2012. Também entraram no balanço R$ 25 milhões com vendas de bens. "Há de se ressaltar que são resultado de diligências também de diretorias anteriores", afirmou Klein. O banco pode expor até sete vezes o seu patrimônio líquido, que fechou 2015 em R$ 2,343 bilhões.

No Rio Grande do Sul, destaque são investimentos em obras de infraestrutura

Apenas em relação ao Estado, o resultado da agência gaúcha do BRDE chegou a R$ 119,7 milhões. São 10.072 os clientes atendidos no Rio Grande do Sul, em 437 municípios. Segundo o banco, graças às operações de empréstimos, 7.255 empregos foram mantidos ou gerados no Estado. Apenas em 2015, os investimentos gerados alcançaram R$ 1,54 bilhão, com um volume de contratações de R$ 804,8 milhões.
O montante dos empréstimos ficou abaixo do previsto para o ano, que era de R$ 1 bilhão para cada estado que integra a instituição: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O vice-presidente do BRDE, Odacir Klein, relativiza o dado. "Tínhamos projetado um empréstimo de R$ 150 milhões para empreendimentos de energia eólica que acabaram sendo liberados apenas em janeiro de 2016", comenta Klein.
Para o dirigente, é este setor, o de infraestrutura, que se destaca no Estado. "Estamos bem nessa área, principalmente em relação à geração de energia", ressalta. Em toda a área de atuação do BRDE, o setor representa 17% da carteira, abaixo do agronegócio (34%), da indústria (29%) e do comércio e serviços (20%). Somando os três estados da região, os investimentos viabilizados pelo BRDE estariam gerando R$ 497,8 milhões anuais em ICMS.
 

Com perdas da Petrobras, ganho do Bndes cai 30%

O lucro líquido registrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) em 2015, de R$ 6,199 bilhões, caiu 30% em relação ao ano anterior, e ainda está aumentado em R$ 2,7 bilhões, segundo ressalva feita pela consultoria KPMG, auditora do balanço. O valor refere-se sobretudo a uma parte da baixa contábil (impairment) de R$ 12,6 bilhões por causa da participação do banco de fomento na Petrobras, que encolheu em 38% na passagem de 2014 para 2015.
No balanço da BndesPar, empresa de participações do banco, o impairment com a Petrobras levou a um prejuízo de R$ 7,641 bilhões. Segundo informes do banco de fomento, não fosse por essa baixa, a BndesPar teria registrado lucro de R$ 692 milhões, e o Bndes teria tido lucro de R$ 10,684 bilhões.
Nos resultados consolidados do Bndes, que incluem a BndesPar, uma parte das baixas contábeis foi registrada em conta separada, sem descontar do lucro, seguindo norma de 2012 do Conselho Monetário Nacional (CMN). Pela norma, a parte dos valores calculados como "perda permanente" referentes a ações transferidas pela União para o Bndes pode ser reduzida apenas do patrimônio.
Segundo a ressalva da KPMG, além da Petrobras, as participações em duas outras empresas também foram enquadradas nessa norma do CMN. Se os valores fossem descontados do lucro, a última linha do balanço teria R$ 2,7 bilhões a menos, ou seja, ficaria em R$ 3,5 bilhões.
A carteira de ações da BndesPar encolheu 17,6% em 2015 ante 2014. São R$ 9,534 bilhões a menos, por causa da desvalorização de ações detidas pela empresa de investimentos em diversas companhias. A carteira encerrou o ano em R$ 44,492 bilhões. Em algumas empresas, como na Petrobras, o Bndes tem participação tanto via BndesPar quanto diretamente. No total, o banco de fomento possui 17,24% do capital total da petrolífera.