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Economia

- Publicada em 21 de Março de 2016 às 19:11

Alta da Selic tem efeito maior sobre pequenas empresas, mostra estudo

 DF - BANCO CENTRAL/PERDA RECORDE - GERAL - Vista da sede do Banco Central, em Brasília (DF), nesta quinta-feira (7). Com a disparada do dólar no ano passado, o Banco Central registrou perda recorde com as operações de swap cambial. De acordo com dados atualizados pela instituição, o prejuízo com esses leilões em 2015 alcançou R$ 89,657 bilhões pelo resultado caixa e R$ 102,628 bilhões pelo competência. Desde que começou a oferecer esse tipo de operação ao mercado, em 2002, nunca se viu um rombo tão grande para a autoridade monetária. 07/01/2016 - Foto: CHARLES SHOLL/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

DF - BANCO CENTRAL/PERDA RECORDE - GERAL - Vista da sede do Banco Central, em Brasília (DF), nesta quinta-feira (7). Com a disparada do dólar no ano passado, o Banco Central registrou perda recorde com as operações de swap cambial. De acordo com dados atualizados pela instituição, o prejuízo com esses leilões em 2015 alcançou R$ 89,657 bilhões pelo resultado caixa e R$ 102,628 bilhões pelo competência. Desde que começou a oferecer esse tipo de operação ao mercado, em 2002, nunca se viu um rombo tão grande para a autoridade monetária. 07/01/2016 - Foto: CHARLES SHOLL/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO


CHARLES SHOLL/FUTURA PRESS/AE/JC
Uma política governamental que em 2015 custou ao País R$ 428 bilhões tem impacto menor que o desejado devido a outra política, também do governo federal. Estudo inédito aponta que o aumento da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Banco Central (BC), tem efeito menor para empresas que recebem créditos com juros determinados pelo governo do que para companhias sem acesso a esse benefício.
Uma política governamental que em 2015 custou ao País R$ 428 bilhões tem impacto menor que o desejado devido a outra política, também do governo federal. Estudo inédito aponta que o aumento da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Banco Central (BC), tem efeito menor para empresas que recebem créditos com juros determinados pelo governo do que para companhias sem acesso a esse benefício.
O governo define os juros que bancos públicos emprestam em algumas linhas de crédito, subsidiando parte deles, com a intenção de estimular investimentos de longo prazo e o consumo. O trabalho, que analisou empréstimos e nível de emprego em 300 mil companhias entre 2006 e 2012, aponta que, quando o BC sobe a Selic, as empresas sem acesso ao crédito dirigido pagam juros maiores, pegam menos empréstimo e reduzem mais a quantidade de empregados em relação às com acesso às linhas de financiamento subsidiadas dos bancos públicos.
As empresas com acesso aos créditos dirigidos são grandes, o que faz com que os efeitos dos aumentos da Selic sejam sentidos apenas nas pequenas empresas. "A Selic não tem efeito para firmas muito grandes (mais de 500 empregados), e o efeito é máximo para firmas intermediárias (10 a 50 empregados)", aponta o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores Marcos Bonomo, do Insper; e Bruno Martins, do Banco Central.
Na prática, o crédito para empresas pequenas fica tão caro que elas acabam fora do sistema bancário. Pesquisa do Sebrae aponta que 48% delas nem chegaram a pegar empréstimo em bancos nos últimos cinco anos e a principal forma de se financiar foi atrasar o pagamento de fornecedores (67%).
O BC usa a taxa como um dos instrumentos para controlar a inflação e estimular ou não o crescimento do País. Para o banco, aumentar a Selic tem a intenção de tornar o crédito mais caro, reduzindo sua oferta e retirando o incentivo ao consumo. Assim, as empresas tendem a reduzir preços e a inflação cai. Ao reduzir a Selic, o efeito seria o inverso. Por outro lado, o aumento faz o governo pagar juros mais altos para financiar sua dívida. Desde 2013, o BC tem aumentado a Selic para tentar deter a inflação.
O valor pago anualmente pelo governo para quitar os juros que incidem sobre a dívida pública saltou de R$ 201 bilhões em 2011 para R$ 428 bilhões em 2015. Vários economistas vinham apontando que os efeitos de aumento da Selic acabam não sendo os esperados por causa dos créditos que os bancos públicos concedem não vinculados a essa taxa, como por exemplo a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que regula parte dos empréstimos do Bndes para grandes obras e compra de máquinas.
Em 2012, os valores dos empréstimos não afetados pela Selic chegaram a 51% de todos os créditos da economia. A hipótese dos pesquisadores era investigar se as empresas com empréstimos não vinculados à taxa fugiam dos efeitos esperados pelos aumento. Eles testaram os dados de mais de 300 mil companhias que pegaram empréstimos no período e tinham mais de um empregado registrado.
Para cada um ponto percentual de alta da Selic, as empresas sem acesso aos empréstimos dirigidos pegavam 3% menos crédito, os juros ficavam 1,15% mais altos para elas e a taxa de emprego nessas firmas caia 1,19%. Para as empresas com metade de seus empréstimos no mercado dirigido, os efeitos já começavam a diminuir. Nas companhias com 100% de empréstimos fora da Selic os efeitos são bastante reduzidos. A quantidade de empréstimos que tomam cai 2% e taxa de juros para elas sobe 0,63%. Já a taxa emprego retrai apenas 0,73%.
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