Nesta hora difícil do Brasil, gosto de pensar no que seremos como País porque o meu sonho grande não se encerra em mim ou em minhas atividades empresariais. Ele engloba uma grande Nação.
Sempre fui otimista com o Brasil mesmo quando não havia motivo para sê-lo. Deus não pensou pequeno quando criou a baía da Guanabara, o rio Amazonas, o cerrado brasileiro e esse povo empreendedor. Grandeza é destino. Quem pensa pequeno se apequena. Não me preocupo com o futuro do Brasil porque ele está garantido. Eu me preocupo é com o presente.
E, enquanto lutamos para resolver as duras questões à nossa volta, não devemos nos esquecer do lugar aonde queremos chegar.
Formado em administração de empresas, comecei minha vida profissional como vendedor numa loja de um tio na Bahia. Estatisticamente, a chance de eu chegar onde cheguei era perto de zero. Se eu fosse realista, ou pessimista, estaria condenado. Mas eu tinha um sonho grande. E aquela experiência de vendedor mostrou uma vocação e um caminho. Abriu o meu destino.
É preciso pensar no futuro porque ele sairá de nossas cabeças. Tem um amigo meu que diz uma frase muito engraçada: "que nós não devemos ter medo de nada desde que venha pela frente". E, para o futuro vir pela frente, nós não podemos virar as costas para ele.
A leitura do profeta Isaías na missa de domingo passado dizia lindamente: "O Senhor fala: Não relembreis coisas passadas, não olheis para os fatos antigos. Eis que farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis?".
Peter Diamandis, médico, engenheiro, empreendedor e pensador americano de origem grega, escreveu um livro chamado "Abundância", no qual faz consistente defesa do futuro da humanidade. Segundo Diamandis, os dados mostram não só que a humanidade nunca foi tão próspera como está no limiar de grandes descobertas nas diversas áreas do conhecimento.
Como lembrou a revista Economist em sua recente edição sobre o futuro da computação, 3 bilhões de pessoas no mundo hoje carregam telefones inteligentes no bolso. Cada um desses 3 bilhões de aparelhinhos é mais poderoso do que um supercomputador de sala inteira dos anos 1980. É muito poder e conhecimento disseminados para as massas, com retorno inestimável.
Diamandis fala do "rising billion", o bilhão de pobres emergentes que, com essas novas tecnologias e conectados entre si, podem pela primeira vez criar modelos e ferramentas para elaborar suas próprias soluções de abundância.
Mais do que tecnológica, está em curso uma revolução humana, que usa as novas tecnologias para atingir cada vez mais não o que é supérfluo ou artificial, mas o que é essencial e natural.
Não fosse a grave crise brasileira que me obriga a ficar completamente mergulhado nos negócios e perto dos nossos clientes, eu estaria no South by Southwest, em Austin, Texas, com boa parte dos seres antenados do planeta.
SxSW é o Davos do conhecimento, fundamental para saber para que lado vai o vento. O festival é uma biruta, e seu peso foi chancelado pela presença do presidente Barack Obama neste ano. Vários de nossos profissionais estão lá também. Eu tenho que ficar dedicado à crise, mas preciso que meus cérebros estejam se alimentando de amanhã.
Como diz o guru Peter Drucker, "a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo".
Publicitário e presidente do Grupo ABC