O Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos e instituições financeiras do mundo, voltou a piorar as previsões para a recessão brasileira e agora espera contração de 4% a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País este ano. Em relatório divulgado em fevereiro, o IIF previa que a queda do PIB este ano poderia chegar até a 4%, mas o economista da instituição para a América Latina, Ramón Aracena, visitou o Brasil recentemente e não ficou muito animado com o que encontrou no País. O economista, que fica baseado em Washington, vê chances de um aprofundamento maior da recessão deste ano, com retração do PIB superior a 4%.
Com isso, o período 2015/2016 pode marcar o pior desempenho do PIB desde a depressão dos anos 1930. "A incerteza é a única certeza no Brasil", afirmou o economista em relatório divulgado ontem. Na passagem pelo Brasil, ele notou a escalada da crise política e econômica, com as investigações da Operação Lava Jato ganhando ainda mais força.
"A crise política está aprofundando a recessão na medida em que a confiança dos agentes entra em colapso", afirma o IIF. Aracena destaca que o PIB de 2016 vai "carregar" parte importante da recessão do ano passado, quando a economia encolheu 3,8%, além de refletir a paralisia política do Brasil e a falta de sinais de que a atividade econômica pode ter atingido o fundo do poço.
Influenciados pela euforia no mercado financeiro com os avanços recentes das investigações da Lava Jato, os estrangeiros aplicaram na semana passada o maior volume de recursos na bolsa brasileira desde 2012. O IIF alerta, porém, que as dúvidas sobre o Brasil são bem maiores do que as certezas, a vulnerabilidade do País está aumentando e novos rebaixamentos do rating soberano podem ocorrer nos próximos meses. "A vulnerabilidade da economia brasileira a estresses de mercado está aumentando e mais rebaixamentos de ratings parecem prováveis", afirma Aracena, ressaltando que as contas fiscais do País devem continuar piorando por conta de a recessão ser pior do que o efetivamente esperado - o que reduz a arrecadação com tributos -, os juros altos e "escorregões fiscais" do governo.