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- Publicada em 28 de Março de 2016 às 16:42

Uma geração perdida

A recessão que assola o Brasil é ruim para todos, mas prejudica de forma cruel um grupo que começa agora a ter preocupações de adulto. São os jovens em busca de oportunidades no mercado de trabalho, que encontram dificuldades crescentes para encontrar emprego. Sejam eles de baixa renda, recém-saídos de faculdades pagas à custa de aperto no orçamento familiar, ou de classe média, bem preparados em cursos de idiomas e intercâmbios no exterior. A todos a resposta é a mesma: "não há vagas".
A recessão que assola o Brasil é ruim para todos, mas prejudica de forma cruel um grupo que começa agora a ter preocupações de adulto. São os jovens em busca de oportunidades no mercado de trabalho, que encontram dificuldades crescentes para encontrar emprego. Sejam eles de baixa renda, recém-saídos de faculdades pagas à custa de aperto no orçamento familiar, ou de classe média, bem preparados em cursos de idiomas e intercâmbios no exterior. A todos a resposta é a mesma: "não há vagas".
Segundo o IBGE, apenas no primeiro ano da recessão, 671 mil jovens ficaram desempregados, somando 2,9 milhões de pessoas entre 18 e 24 anos à procura de uma vaga um crescimento de 30%. Nessa faixa etária, o desemprego chegou a 19,7% no terceiro trimestre de 2015, bem acima da média do País, de 8,9%. E não se vê melhora no horizonte, já que há perspectiva de o País terminar 2016 com uma taxa de dois dígitos.
São números que também ameaçam a economia. É que se os jovens não chegarem ao mercado de trabalho, não haverá renovação de mão de obra nem formação de líderes. A depender da duração da crise, existe o risco de que se esteja criando uma geração perdida. E, a longo prazo, as empresas terão predominância de profissionais envelhecidos.
Também para a Fundação Getulio Vargas, a recessão brasileira pode ser a mais longa e mais intensa da história brasileira, e o PIB deve encolher em todos os trimestres de 2016. Se a previsão estiver certa, será uma sequência de 11 quedas trimestrais consecutivas, tão longa quanto a registrada entre 1989 e 1992. Mais: se o primeiro trimestre de 2017 também for de retração, será a crise brasileira mais duradoura já registrada.

Triste liderança

A Lava Jato ergueu o Brasil para o topo da lista de dinheiro sórdido bloqueado pela Suíça. Já estão indisponíveis US$ 800 milhões cerca de R$ 3 bilhões. A suja liderança brasileira passou à frente de dois ditadores: o filipino Ferdinand Marcos e o egípcio Hosni Mubarak.

O seguro morreu de velho...

Alguns ministros do STF aceitaram ter a sua segurança reforçada. A opção de ter, ou não, mais agentes ao redor ficou a cargo de cada um dos onze.

Frase irreprimível

"O juiz Sérgio Moro, com frieza de cirurgião, estratégia de diplomata e malícia de feiticeiro, em 48 horas, fez o povo saber quem é o verdadeiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, com a publicação de meia dúzia de diálogos sórdidos, provou a seu povo que nunca foi a criatura imaginária que criaram para Lula."
Ronald de Carvalho, assessor especial do governo de Brasília, sábado, no jornal O Globo

Desembargador versus desembargador

A sempre bem-informada "rádio-corredor" do Foro Central de Porto Alegre está irradiando detalhes do nascedouro de uma rara ação - sem segredo de justiça - que tramita na 19ª Vara Cível: uma justificação judicial movida por um desembargador oriundo do quinto constitucional da advocacia contra um colega oriundo do quinto constitucional do Ministério Público.
Objetivo: apurar a extensão e o conteúdo do "diz que diz", em sessões da Corte, e em conversas reservadas, ou nem tanto. O caso envolve a composição (2014-2015) da Comissão de Concursos (carreira da magistratura) do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS).
O autor da demanda arrolou três colegas como testemunhas. Segundo a ação, ainda não contestada, "o objetivo é justamente a cautela em definir com precisão se houve ilícito ou não". (Proc. nº 11501944968).

Mais um triplex

O prédio da superintendência da Polícia Federal em Curitiba tem três andares. Portanto, é triplex. Mas nenhuma empreiteira fez reformas, nem se ofereceu a tanto.

O cacique Jucá

Há uma explicação para o apelido "Cacique" com o qual é identificado, nas listas da Odebrecht, o senador Romero Jucá (PMDB-RR). É que ele começou no Projeto Rondon, depois presidiu a Funai e governou Roraima, a terra dos índios ianomâmi.
Sempre ativo, depois Jucá atuou com os presidentes José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Após, sucessivamente, foi líder dos governos FHC, Lula e Dilma Rousseff. Um cacique!

A imprensa primeiro!

Frases do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto, em entrevista publicada na quinta-feirana Folha de S.Paulo:
"É preciso respeitar o Judiciário. Pode-se acompanhá-lo criticamente, mas chega de contestar decisões com agressões. Assim como não se pode impedir a imprensa de falar primeiro, não se pode impedir o Judiciário de falar por último."
"Chegamos a uma centena de processos ligados a essa Operação Lava Jato. É preciso separar o todo de cada um deles. (...) Pode ser que, em um processo, Moro haja incorrido em alguma inobservância de garantia constitucional, é possível. O conjunto da obra, porém, objetivamente, continua íntegro, hígido."

Romance forense: O excelentíssimo juiz Justimiano

 Espaço Vital - Charge - Credito divulgação

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Empossado e designado para uma comarca interiorana, o doutor Justimiano tratou de concretizar seu matrimônio com Marietinha.
No segundo dia de trabalho no fórum, estabeleceu manter-se afastado de maior contato com advogados, os quais poderiam falar com ele, fora das audiências, apenas nas quintas-feiras, das 18h às 18h30min, mediante prévia inscrição no cartório e manifestação sobre o assunto a ser tratado.
Já no início de suas atividades, o novel magistrado foi tomado por grande frustração decorrente do fato de não poder aplicar uma verdadeira justiça, de acordo com a tradição histórica e o ensinamento das Sagradas Escrituras, manifestados no Antigo Testamento, que ele dizia ser "o receptáculo dos desígnios divinos para a humanidade".
A esposa Marietinha levava uma vida reclusa, pois o esposo não gostava que ela saísse sozinha. O augusto juiz não visitava ninguém, não aceitava convite algum para festa ou solenidade - a não ser a cerimônia cívica de 7 de Setembro. Ouvindo, um dia, a queixa da cônjuge sobre a vida isolada que levavam, Justimiano acedeu em que ela convidasse algumas senhoras da "melhor estirpe na cidade" para um chá em sua residência. Assim, após a chancela do marido, foram chamadas as esposas do promotor, do delegado de polícia, do exator e do prefeito.
Na tarde do chá, Justimiano instalado em seu gabinete na residência deixou a porta levemente entreaberta, de modo a que, sem ser visto da sala, pudesse escutar qual era o papo feminino. Ficou embevecido, então, em saber que, repetidamente, a esposa ao se referir a ele usava a expressão "Sua Excelência".
Foi assim que Justimiano escutou frases ditas por Marietinha como "Não pus açúcar no chá por não saber como vocês preferem, pois Sua Excelência toma sem açúcar"..., "Sua Excelência sempre me ajuda nas compras do supermercado"..., "Sua Excelência é o primeiro sempre a chegar no fórum"...
E por aí...
Ao final do chá, a esposa do juiz e as quatro distintas damas combinaram repetir o encontro na última sexta-feira de cada mês. Vinte e poucos dias depois, ao receber o telefonema lembrando o novo encontro, a mulher do delegado ligou para a mulher do promotor:
Vais ao chá da Marieta?
Deus me livre! Aguentar aquela chata que só fala nas proezas e manias de Sua Excelência, o seu marido...
Resultado: as quatro convidadas declinaram do convite, alegando afazeres diversos. Assim, Marietinha, desolada, cancelou o encontro, o que logo informou ao marido. Este a consolou com a remessa de um econômico ramalhete de três rosas que nem vermelhas eram acompanhadas de um formal cartão: "Não te amofines, amada Marieta. Essa gentinha não vai, porque fica constrangida em conviver com pessoas da mais alta classe social"...
(*) O Romance Forense de hoje é um resumo adaptado de um dos interessantes contos escritos pelo promotor de Justiça aposentado, advogado e professor Reginald Felker, 83 de idade (OAB-RS nº 2.064), autor do livro "Vida e Morte do Desembargador Justimiano". O lançamento e a sessão de autógrafos serão na quinta-feira, às 18h, na sede das OAB-RS. O Espaço Vital recomenda.