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A voz do Pastor

- Publicada em 23 de Março de 2016 às 17:15

Um Deus apaixonado

A Semana Santa revela como Jesus dramaticamente enfrenta a morte. A narrativa apresenta o fim da vida, o abandono e o silêncio de Deus. Jesus experimenta total esvaziamento. O mal que sofre é inconcebível.
A Semana Santa revela como Jesus dramaticamente enfrenta a morte. A narrativa apresenta o fim da vida, o abandono e o silêncio de Deus. Jesus experimenta total esvaziamento. O mal que sofre é inconcebível.
Os relatos da paixão e morte de Jesus descrevem seu encontro definitivo com o mal, em distintas expressões: o mal presente no seio do povo, nas estruturas políticas e religiosas. Entretanto, também descrevem sua luta para passar da própria vontade à vontade do Pai. Diante de sua agonia, os discípulos quase não conseguem ficar de olhos abertos.
Jesus, o homem que passara fazendo o bem, aparece agora rodeado de malvados, traído por um discípulo, não compreendido pelos outros, preso e tratado como um malfeitor. A cena é "enriquecida" pela corrupção, expressa através de dinheiro, falso beijo, armas, negações e acusações infundadas. Há, também, sinais de amargo arrependimento e lágrimas de reconhecimento: o malfeitor convencido de sofrer a pena justamente e o injusto oficial que compreendem a dignidade daquele que fora injustamente justiçado - é o Justo!
O Justo aparece velado sob insultos e flagelos. Aparece desfigurado pela maldade humana. Tais sinais carregam todas as formas de maldade e morte humana, sendo também expressão dos "sem rosto", dos "restos e resíduos" da sociedade.
Expressa-se, assim, ao ser humano de todos os tempos, o desafio da fé cristã: crer na fraqueza de Deus! Contemplando Jesus desfigurado, vemos o Senhor e Salvador. Jesus carrega sobre si a nossa morte e em troca nos dá a sua vida.
Jesus é conduzido diante de Pilatos e Herodes para ser julgado. Para o poder político, rei é o ser humano livre e senhor de tudo. Jesus, porém, testemunha que a liberdade divina consiste em amar sem reservas e em servir até o limite do possível. Para Pilatos, Jesus é inofensivo e para Herodes é louco. Todavia, diante da insistência das massas, ele é apresentado como rei: com manto, coroa e trono (Cruz). Seu reino é insignificante e desprezado. Jesus é levado para fora da cidade e, depois, escondido sob a terra.
Eis o homem! Um homem verdadeiro, livre, capaz de amar indiscriminadamente e sem reservas. Quem o condenou? Todos! Todos colaboraram com as forças do mal. Por que o condenaram? Porque não fizera mal algum! O bem que fizera tornou-se motivo de inveja!
O drama de Jesus é atualizado, na piedade cristã, através do exercício da Via Crucis. Na figura do Cirineu podemos perceber a figura do verdadeiro discípulo. Nas mulheres de Jerusalém, que acompanham Jesus em direção ao calvário, vemos o verdadeiro povo de Deus, marcado pela compaixão e necessitado de misericórdia. Elas cultivam para com Jesus os mesmos sentimentos que ele cultiva em favor de todos. Nos dois malfeitores crucificados com Jesus podemos ver a inteira humanidade diante da morte. Um faz pouco caso da pena sofrida e busca ainda vantagem própria. Outro sabe de seu mal e se arrepende. Este compreende a solidariedade de Jesus para com ele, tornou-se o único ser humano canonizado por Jesus. A cena expressa a capacidade do ser humano: capaz de bondade e justiça, de maldade e injustiça, de autoavaliação e reconhecimento, de vida e de morte.
Jesus morre proferindo palavras de confiança. Expirando, ele lança seu respiro neste mundo irrespirável, nas fontes da vida: ele se abandona nas mãos do Pai. Sua morte não permite a indiferença. As pessoas, então reunidas aos pés da cruz, percebem a compaixão de Deus. Percebem também que é possível vencer o mal presente no mundo.
A tradição cristã convida à contemplação de Jesus que sofre a morte sobre o calvário como princípio de sabedoria e do temor de Deus. Por isso, nestes dias da Santa Semana, somos convidados a dirigir nosso olhar para Jesus que sofre injustamente flagelos e morte e, através de seu exemplo, ainda uma vez, avaliar quem é, para nós, o Senhor.
 
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