Cristiano Vieira
É com jeito de arrasa-quarteirão que a batalha entre dois dos super-heróis mais famosos dos quadrinhos chega aos cinemas. O roteiro de Batman vs Superman, como já entrega o título, força a barra ao colocar um contra o outro como dois adolescentes imaturos enquanto tramas paralelas mais interessantes atraem a atenção do espectador.
A direção com a grife de Zack Snyder - responsável por Homem de Aço (2013), 300 (2014) e Watchmen (2009), por si só, levará legiões de fãs aos cinemas - o diretor também é o responsável por outros filmes muitos aguardados, como Esquadrão Suicida (ainda neste ano), Mulher-Maravilha e Liga da Justiça (ambos em 2017).
A Mulher-Maravilha, por sinal, dá as caras em Batman vs. Superman. Enigmática, a personagem Diana Prince (papel de Gal Gadot) meio que persegue os dois heróis durante o filme para, na sequência derradeira, juntar-se a eles em uma batalha épica. Contudo, até o fim, muita água rola por baixo da ponte pênsil que dá acesso a Metrópolis.
Henry Cavill retorna como Superman e mostra-se mais seguro na interpretação. O Batman de Ben Affleck parece cansado, ligeiramente grisalho e quarentão, mas quando tem que correr, lutar ou voar, surge com fôlego de guri. Nada disso, no entanto, salva Affleck da canastrice. Ok, ele cumpre o papel, mas bem aquém de outros Batmans, como o de Christian Bale, por exemplo. Amy Adams interpreta a chorosa e sempre enrascada repórter Lois Lane, enquanto Jeremy Irons vive o fiel Alfred, mordomo de Bruce Wayne.
Mas porque, raios, os dois se pegam? Começa um questionamento entre as pessoas e a imprensa do papel do Superman como "salvador da humanidade" - ele é um alienígena, diferente de todos. Neste ponto, um dos diálogos do filme resume bem o dilema antropológico do mundo atual e que atua como espelho metafórico do filme: seja de esquerda ou de direita, seja na Bélgica ou no Brasil, "as pessoas não gostam daquilo que elas não conhecem ou é diferente".
A intolerância citada acima misturada a um plano do histriônico - mas na medida certa - Lex Luthor completa a receita para as cenas de muita briga entre Superman e Batman. Enquanto rola a pancadaria entre eles, Luthor (Jesse Eisenberg, com cabelo meio rebelde e cheio de frases prontas) coloca em cena Apocalypse, uma criatura que surge após suas mirabolâncias genéticas - não dá para contar muito sem revelar os segredos do longa de Snyder. Por sinal, longo mesmo - são 2h e 33 minutos de filme, que poderia ter 20 minutos a menos, tranquilamente.
Para os fãs de super-heróis, o filme deixa pistas dos próximos trabalhos do diretor - além da Mulher-Maravilha, aparecem rapidamente Aquaman (interpretado por Jason Momoa, de Game of Thrones), The Flash (Ezra Miller) e Ciborg (Ray Fischer). Todos confirmados em Liga da Justiça.
Este ano, por sinal, está recheado de novidades: em 28 de abril chegará aos cinemas Capitão América - Guerra civil (o terceiro da série); em 18 de maio deve estrear X-Men - Apocalipse, dirigido por Brian Singer; e agosto reserva as telas para a esperadíssimo Esquadrão Suicida, com o insano Coringa vivido por Jared Leto.