Ricardo Gruner
A vida e a obra de um escritor em 10 encontros: essa é a proposta da série de atividades João Simões Lopes Neto: ontem, hoje e sempre - Biênio Simoniano 2015/2016. Promovida pela Secretaria de Estado da Cultura, a mostra faz referência aos 150 anos de nascimento (9 de março de 1865) e aos 100 anos de morte (14 de junho de 1916) do autor pelotense. Justamente entre hoje e 14 de junho, o Memorial do Rio Grande do Sul e o Santander Cultural recebem uma programação que inclui artes visuais, cinema, teatro e mesas-redondas. A programação é aberta ao público.
A série de atividades tem abertura oficial a partir das 18h30min desta quarta-feira. A cerimônia acontece no auditório do Memorial, com apresentação musical do espetáculo Zaoris, baseado em lendas e contos de Simões, e também com a inauguração da exposição Tempos e lugares de João Simões Lopes Neto. A mostra inclui peças do acervo do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Instituto Simões Lopes Neto, do grupo Aflecha e da artista Laura Castilhos.
De acordo com Débora Mutter, coordenadora do evento, o escritor não é tão lido quanto conhecido. "Há conhecimento um pouco superficial e equivocado a respeito dele", afirma, ressaltando o caráter interdisciplinar do cronograma. "Por isso a ideia é apresentar diferentes olhares sobre ele... Várias manifestações artísticas se voltam naturalmente para Simões."
A agenda contempla exibição dos curtas-metragens que Henrique de Freitas Lima dirigiu a partir do clássico Contos gauchescos, e sessão do documentário Blau Nunes, o vaqueano, do realizador André Costantin. As apresentações acontecem no Cine Santander Cultural. Para os debates que ocorrem após as exibições e as mesas-redondas com pesquisadores, a lista de convidados inclui nomes como Aldyr Schlee, João Cláudio Arendt, Luís Augusto Fischer e Luiz Antonio de Assis Brasil. "O projeto tem como objetivo discutir questões como identidade, universalidade, o homem e a literatura e o homem no seu tempo", cita Débora.
No material selecionado para a exposição, há também uma seleção de documentos, com manuscritos do Simões e uma contextualização de sua obra. Conforme a organizadora, a escolha das peças visa ligar acontecimentos gerais da época à trajetória do pelotense - como a Guerra do Paraguai ou a Revolução Federalista. "Tem ainda a questão do contrabando, que ele explorou em conto", exemplifica ela.
Já o teatro é atração com Historietas, peça com direção-geral de Rodrigo Marquez livremente inspirada na obra do escritor gaúcho. O narrador é um velho capataz que, tal como um Blau Nunes, conta ao público lembranças sobre dois irmãos. Em férias, a dupla vai visitar a Estância da sua família. A montagem pode ser vista no dia 14 de junho, no Memorial, às 10h e às 14h30min.
Escolas poderão agendar visitas guiadas à exposição e ida à Historietas pelos telefones (51) 3224-7159 ou (51) 3227-0882. A ação, segundo Débora Mutter, visa a firmar o trabalho de Simões Lopes Neto no imaginário popular.