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Energia

- Publicada em 22 de Março de 2016 às 22:35

Venda de combustíveis no mercado interno caiu 7% no ano passado

 Gasoduto Rota 2 Petrobras. Crédito Agência Petrobras 1

Gasoduto Rota 2 Petrobras. Crédito Agência Petrobras 1


AGÊNCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO/JC
A retração da atividade econômica e a redução do poder de compra do brasileiro contribuíram para que as vendas de combustíveis feitas pela Petrobras às distribuidoras apresentassem queda quase generalizada no ano passado. A comercialização de combustíveis no mercado interno atingiu 2,789 milhões de barris diários, variação negativa de 7% em relação ao mercado existente em 2014.
A retração da atividade econômica e a redução do poder de compra do brasileiro contribuíram para que as vendas de combustíveis feitas pela Petrobras às distribuidoras apresentassem queda quase generalizada no ano passado. A comercialização de combustíveis no mercado interno atingiu 2,789 milhões de barris diários, variação negativa de 7% em relação ao mercado existente em 2014.
As vendas de diesel, principal mercado em termos de volume comercializado, alcançaram 923 mil barris diários, retração de 8% sobre o ano anterior. O diesel é consumido em grande escala por caminhões, uma atividade da economia que depende do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) para crescer. O PIB brasileiro encolheu 3,8% em 2015.
Já as vendas de gasolina, outro importante mercado para a estatal, encolheram 11%, para 553 mil barris por dia. Nesse caso, pesa, além da renda do brasileiro, a menor competitividade do combustível em relação ao etanol após os reajustes anunciados no final de 2014 e em setembro do ano passado e o aumento do teor de etanol anidro na gasolina C, de 25% para 27%.
Pressionada pelo fraco desempenho dos dois principais combustíveis comercializados pela Petrobras, a subcategoriaderivados fechou o ano com retração de 9% em relação a 2014, para 2,234 milhões de barris por dia vendidos. Não estão incluídos nessa categoria de combustíveis os alcoóis, nitrogenados renováveis e outros e o gás natural. O único segmento a apresentar elevação no mercado doméstico foi o mercado de alcoóis, nitrogenados renováveis e outros, com a comercialização de 123 mil barris por dia. Em relação a 2014, houve alta de 24%.
A retração das vendas no mercado doméstico pressionou o balanço global da Petrobras. As vendas totais, incluindo exportações e o mercado externo, movimentaram 3,845 milhões de barris diários em 2015, queda de 3% em relação ao ano anterior. No mercado externo, foram comercializados 1,056 milhão de barris por dia, variação positiva de 10% em igual base comparativa. A elevação, neste caso, foi puxada principalmente pelo aumento de 30% das exportações, reflexo do desaquecimento da demanda no mercado interno.
Considerando apenas os dados do quarto trimestre do ano passado, a produção total da Petrobras atingiu 3,872 milhões de barris por dia, queda de 3,4% em relação ao intervalo de outubro a dezembro de 2014. As vendas no mercado doméstico somaram 2,713 milhões de barris diários, retração de 11,2% sobre o ano anterior. No mercado externo, as vendas atingiram 1,159 milhão de barris diários, expansão de 21,4%.
Mais uma vez, o resultado foi afetado negativamente pela venda de diesel e gasolina. Foram vendidos 907 mil barris diários de diesel entre outubro e dezembro, queda de 10,2% em relação a igual período do ano anterior. As vendas de gasolina, por sua vez, encolheram 12,7% sobre 2014 e atingiram 562 mil barris por dia.
Os números divulgados pela Petrobras consideram a venda de diesel, gasolina, óleo combustível, nafta, GLP e querosene de aviação (QAV), alcoóis, nitrogenados renováveis e gás natural.
O valor médio do derivado básico comercializado pela Petrobras ficou em R$ 228,18 por barril em 2015, alta de 1% em relação ao ano anterior. A variação positiva acompanha a política da estatal de adotar um reajuste por ano no preço da gasolina e do diesel. Após ter aplicado aumento no final de 2014, a companhia voltou a reajustar o preço dos combustíveis em setembro passado.
A elevação de preços recente explica o aumento de 4,6% no preço médio dos derivados básicos vendidos pela estatal de petróleo no quarto trimestre de 2015 em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 239,36 por barril.

Petrobras vai se desfazer de 81% de sua rede de gasodutos

Após a conclusão da venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), a Petrobras deve negociar, no segundo semestre deste ano, a subsidiária Transportadora Associada de Gás (TAG), que reúne a infraestrutura de gasodutos nas regiões Norte e Nordeste do País. A previsão é repetir o modelo de venda adotado na NTS. A empresa vai se desfazer de 81% da rede de gasodutos. A Petrobras chegou a avaliar a venda conjunta da NTS e da TAG.
Pesou na divisão da rede de dutos em duas empresas a avaliação de que o comprador poderia se transformar em um monopolista privado da rede de dutos do País. "Juntas, as duas empresas são muito grandes. Além do que, a necessidade de investimentos nas distintas regiões é diferente. A gente tem visto uma estratégia da Petrobras de maximizar o valor na venda desses dois ativos", afirmou uma fonte próxima à negociação.
Mas, apesar de oferecer as duas empresas separadamente, atualmente não há restrição, por parte da petroleira, em fechar negócio com um mesmo comprador para a NTS e a TAG.
O plano de negócios da Petrobras para o período de 2016 a 2020 está sendo elaborado já levando em conta as previsões de que a empresa vai perder espaço no mercado de gás natural e de energia elétrica.
Atualmente, a Petrobras produz o gás, é dona da rede de transporte do produto, participa da maioria das distribuidoras estaduais de gás e também de usinas térmicas, que utilizam o gás como combustível. A ideia é concluir o plano de negócios antes de decidir o comprador das duas empresas transportadoras.
A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) vê com bons olhos a mudança. Desde 2013, a resolução 51 da agência proíbe que a mesma empresa seja dona e usuária de um gasoduto, simultaneamente, como ainda acontece com a Petrobras.
A medida visa a limitar a atuação da Petrobras no setor e abrir o mercado a operadoras privadas. Mas, mesmo depois de aprovada a resolução, nada mudou. A Petrobras continuou ocupando as duas posições e controlando o mercado de gás, porque nenhuma outra empresa se habilitou a concorrer com ela. Esse setor é o principal foco do programa de desinvestimentos da estatal, de US$ 14,4 bilhões somente neste ano.
Além das subsidiárias de infraestrutura, a companhia negocia a venda de terminais de regaseificação e usinas termoelétricas movidas a gás - processo tocado pelo Bradesco. Há também negociações "emperradas" para a venda da Liquigás, subsidiária de distribuição de GLP, o gás de botijão, tocada pelo Itaú Unibanco.
O ex-diretor da ANP e professor do grupo de Economia da Energia da UFRJ Helder Queiroz identifica dois segmentos de possíveis compradores dos gasodutos da Petrobras: investidores em infraestrutura e proprietários de usinas térmicas, que utilizam o gás como combustível.
Para os dois grupos, diz ele, a compra de uma rede existente é mais vantajosa do que a instalação de uma nova, porque assim os investidores evitam todo o processo de licenciamento e o risco inerente a qualquer projeto. "Para o consumidor, quanto mais agentes econômicos, melhor, porque os preços tendem a ser mais competitivos", afirma Queiroz.