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mercado de capitais

- Publicada em 07 de Março de 2016 às 20:43

Corretoras apostam em taxas do Tesouro Direto

Gráficos de cotações de ações e carteiras recomendadas pouco a pouco perderam espaço para ferramentas e análises de renda fixa. Com a baixa da bolsa nos últimos meses e a rigidez da taxa de juro em patamar elevado, a demanda do pequeno investidor de varejo voltou-se às aplicações de baixo risco, como o Tesouro Direto. Para ganhar este público, a guerra das instituições chega às taxas cobradas nas operações e aos serviços.
Gráficos de cotações de ações e carteiras recomendadas pouco a pouco perderam espaço para ferramentas e análises de renda fixa. Com a baixa da bolsa nos últimos meses e a rigidez da taxa de juro em patamar elevado, a demanda do pequeno investidor de varejo voltou-se às aplicações de baixo risco, como o Tesouro Direto. Para ganhar este público, a guerra das instituições chega às taxas cobradas nas operações e aos serviços.
Em três anos, o número de investidores cadastrados no Tesouro praticamente dobrou, passando de 334 mil em janeiro de 2013 para os atuais 651 mil. Em contrapartida, na BM&FBovespa, o total de acionistas individuais recuou cerca de 5%.
Num cenário de juro alto e inflação elevada, que faz aumentar a busca por opções mais rentáveis, o Tesouro ganhou destaque. "Atualmente, menos de 20% do meu faturamento vem de bolsa", diz o sócio-diretor da Easynvest, Marcio Cardoso.
Títulos públicos viraram uma vitrine para atrair investidores. "Vemos o Tesouro como um produto de entrada, um investimento onde se inicia o contato com a corretora ao sair da poupança ou de um fundo", diz Rodrigo Puga, sócio do Modalmais, home broker do banco Modal. Após três anos de estudo, o banco - que sempre focou no público de alta renda - lançou no último trimestre de 2015 uma plataforma que tenta oferecer o leque de renda fixa do Modal aos pequenos investidores.
Não há taxa de administração na compra de títulos públicos. A ideia é que a pessoa se torne um cliente por meio do cadastro do Tesouro, mas com o tempo passe a aplicar em outros produtos da prateleira, em geral de renda fixa, como os títulos bancários CDB (Certificado de Depósito Bancário) e LCI (Letra de Crédito Imobiliário).
Quem já adota a estratégia há anos diz que vale a pena. "No último pagamento de juros semestrais do Tesouro, do total de recursos que caíram na conta dos investidores, 70% foram para outros produtos", diz o sócio-diretor da Easynvest, Marcio Cardoso, corretora que também não cobra taxa no Tesouro Direto.
Se para a corretora a estratégia de taxas baixas funciona como marketing, para o investidor é um meio de garantir maiores retornos. Se aplicar R$ 5 mil por seis anos, por exemplo, a diferença de rentabilidade chega a cerca de R$ 1 mil, quando comparadas a maior (2% ao ano) e a menor taxa (0%) hoje cobradas no Tesouro.
As corretoras que não isentam o investidor de tarifas afirmam que é preciso cobrar algo para garantir a qualidade do serviço. A Spinelli Investimentos começou a vender títulos com tarifa zero, mas passou a cobrar taxa em 2014, de 0,08%. "Olhamos o mercado para entender a dinâmica do produto, para depois cobrarmos uma remuneração que não tirasse a competitividade", diz José Domingo Ruiz Neto, da Spinelli.
O atendimento é outro ponto em que as corretoras tentam competir. Na Modal, cada investidor possui um assessor específico para orientá-lo e tirar dúvidas. Na Planner, há ainda uma preocupação com a parte educacional. "Nenhum cliente é cadastrado sem que eu o conheça, que saiba do que ele precisa. Procuramos instruir os investidores sobre as principais características dos produtos", diz a diretora comercial da Planner, Priscila Fracari Vargas.
Além de baixar taxas - a tarifa que era de 4% há 10 anos hoje é de 0,5% -, o Bradesco investiu em educação financeira, por acreditar que, com informação, o cliente toma decisões mais acertadas. "Temos tentado popularizar o Tesouro Direto com cursos. Só em 2015, foram mais de 60", afirma o superintendente da Bradesco Corretora, Marcos Azer Maluf.

Títulos longos são a opção preferida

 Site do Tesouro Direto. Reprodução.png

Site do Tesouro Direto. Reprodução.png


REPRODUÇÃO/JC
A manutenção da taxa de juros em patamares elevados, além de trazer mais interessados ao Tesouro Direto, tem feito os investidores aplicarem no longo prazo, para garantir por mais tempo a rentabilidade alta. Pelos juros atuais, de cerca de 15% ao ano, o investidor consegue dobrar o capital em cinco anos de investimento.
"Percebemos uma migração para títulos longos, de quatro, cinco anos. Antes, a carteira girava entre um e dois anos", diz o sócio-diretor da Easynvest, Marcio Cardoso. Segundo o último relatório do Tesouro Direto, títulos com até um ano de vencimento representavam 5,7% do estoque em janeiro. Há um ano, a fatia era de 24%.
"O que vimos no caso dos títulos privados é uma demanda maior por prefixados, principalmente por CDBs", diz o sócio da Modalmais, Rodrigo Puga. O estoque de CDBs pós-fixados caiu cerca de 2% desde dezembro. Já o de prefixado subiu 3%, segundo a Cetip. "Poder dobrar o capital em cinco anos é uma oportunidade e os investidores querem assegurar esta taxa", completa Puga.