Presidente da Associação dos Procuradores da República do País, José Robalinho criticou a decisão do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) que suspendeu o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da mulher dele, Marisa Letícia.
"Causou estranheza uma decisão do CNMP que avança sobre a atividade-fim do Ministério Público, tomada a partir do pedido de um terceiro, ou seja, uma pessoa que nem é a defesa do ex-presidente. E a liminar foi concedida sem que o CNMP ouvisse o Ministério Público de São Paulo, parte interessada na decisão", justificou Robalinho.
Lula e a mulher foram intimados a depor sobre a situação do triplex do condomínio Solaris, no Guarujá (SP), e a respeito das suspeitas de irregularidades na transferência dos imóveis da cooperativa Bancoop para a construtora OAS, uma das investigadas na Operação Lava Jato.
Autor da representação junto ao Conselho, o deputado petista Paulo Teixeira (SP) pediu a suspensão do depoimento, alegando que a apuração das suspeitas envolvendo o triplex está a cargo da 5ª Vara Criminal de Foro Central de São Paulo, embora a 1ª Promotoria de Justiça é a que deveria ser a responsável pelo caso.
Teixeira sustentou que o promotor Cassio Conserino, que vem tocando a investigação por isso não seria o "promotor natural" do caso.
O presidente da associação dos procuradores ponderou que não teve acesso ao documento assinado pelo deputado petista. Argumentou, porém, que as normas de distribuição de inquéritos dentro de cada unidade do MP alvo da representação de Paulo Teixeira respeita as características de cada região.