Beneficiada pelo movimento de queda do petróleo em termos mundiais, a petroquímica Braskem encerrou 2015 com um lucro líquido de R$ 2,899 bilhões, 299% acima da marca do ano anterior, de R$ 726 milhões. No quarto trimestre, o lucro líquido somou R$ 158 milhões, revertendo prejuízo de R$ 24 milhões no mesmo período de 2014.
A companhia, assim como outras petroquímicas globais cuja produção depende da nafta, um derivado do petróleo, viu as margens crescerem em 2015 diante da queda do custo de sua principal matéria-prima. Além disso, no mercado doméstico, o dólar menos favorável às importações tornou a Braskem mais competitiva, o que também impulsionou a lucratividade da empresa e contribuiu para compensar a retração da demanda doméstica por resinas.
O ganho de eficiência nas linhas de produção, os melhores resultados com operações nos EUA e na Europa, e o espaço para aumentar o ritmo das exportações também beneficiaram os números da Braskem no ano passado, divulgados nesta quinta-feira. No mercado doméstico, a política comercial da Braskem consiste em adequar os valores praticados pela empresa aos preços anunciados por seus concorrentes externos, o que, em momentos de real desvalorizado, é mais favorável aos produtores domésticos, e, por isso, a companhia também contabilizou melhores margens internas.
A possível venda da participação que a Petrobras detém na Braskem não deve alterar a estratégia de expansão da petroquímica, afirmou o presidente da companhia, Carlos Fadigas. A Petrobras é, ao lado da Odebrecht, a controladora da Braskem. "Continuaremos trabalhando dentro da Braskem na mesma estratégia que a gente sempre teve", afirmou o executivo, ao comentar uma "eventual saída da Petrobras do quadro acionário (da Braskem)."
"Ficando ou vendendo a participação, o desejo é que a Petrobras se recupere, que possa voltar a crescer em investimentos e produção, para ampliar o setor químico. O que podemos fazer é aumentar o valor de participação, agregando valor a todos os acionistas da Braskem", disse Fadigas.
A Braskem anunciou a proposta de distribuição de R$ 1 bilhão sob a forma de dividendos aos acionistas, mais do que o dobro da média registrada nos últimos anos. A participação sobre o lucro, contudo, proporcionalmente caiu de algo em torno de 50% para um patamar mais próximo a 33%.
Os investimentos da companhia somaram R$ 2,376 bilhões, sendo R$ 1,104 bilhão para a fábrica em construção no México. A previsão para 2016 é de desembolso de R$ 3,660 bilhões.