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Economia

- Publicada em 07 de Fevereiro de 2016 às 21:51

Opinião Econômica: Fracasso

Delfim Netto é economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura

Delfim Netto é economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura


Folhapress/Arquivo/JC
A semana passada foi cheia de surpresas no Brasil e no mundo. Basta citar o movimento do Banco Central do Japão. Apenas confirmaram a verdade que se impõe a um número crescente de economistas que se libertaram do "cientifismo" e do "historicismo": a política monetária sem a cooperação da fiscal e da boa administração da dívida pública pode ser ou impotente ou muito custosa.
A semana passada foi cheia de surpresas no Brasil e no mundo. Basta citar o movimento do Banco Central do Japão. Apenas confirmaram a verdade que se impõe a um número crescente de economistas que se libertaram do "cientifismo" e do "historicismo": a política monetária sem a cooperação da fiscal e da boa administração da dívida pública pode ser ou impotente ou muito custosa.
A dúvida cruel é a seguinte: os Bancos Centrais não sabem ou não têm instrumentos para resolver a crise que ajudaram a criar?
Os "cientifistas" são portadores de uma ciência apoiada no axioma: o homem é um operador que responde ao cálculo diferencial inscrito no seu cérebro pela evolução natural. Isso garantiu a sobrevivência da espécie e o domínio da natureza. Seu programa procura o máximo de satisfação do indivíduo, mas não sabe como integrá-lo na sociedade. Nele, a moeda e o crédito são meros artifícios facilitadores das trocas (no espaço e no tempo) e não poderosas instituições sociais que alteram o comportamento dos indivíduos.
Os "historicistas", por seu lado, sabem que a moeda e o crédito transcendem a troca, mas agarram-se a encantadoras narrativas que parecem pôr ordem nos eventos aleatórios pelos quais, seletivamente, a história se revela.
O seu axioma é este: a história obedece a leis. Logo, os seus bruxos, com o recurso da lógica dialética, podem descobri-las. Curiosamente, sabem o que fazer com a sociedade, mas não sabem o que fazer com os indivíduos, a não ser que devem ser "reeducados" para a "nova" ordem social.
É impossível deixar de reconhecer que, oito anos depois da crise de 2008 e de juro zero e trilhões de dólares despejados no mercado, o máximo que a política monetária fez foi, talvez, impedir uma crise maior do que a de 1929. Nessa, a resposta do Estado foi regular o setor financeiro.
Na sequência da crise de 2008, ao contrário, o setor financeiro dos Estados Unidos, que controla o Congresso, regulou o Estado! No fundo, bem no fundo, essa talvez seja uma das razões pela qual ela ainda não terminou. Os investidores institucionais continuam a impor aos produtores de parafusos o curto-prazismo: a distribuição dos dividendos pretere o investimento!
É evidente que a sofisticação das instituições financeiras dos últimos 30 anos não facilitou os investimentos e, consequentemente, o crescimento econômico e o nível de emprego. Trabalhou para transformar o produtor de parafusos em "rentista" e piorou a distribuição de renda, o oposto do objetivo de qualquer sociedade civilizada! Está produzindo a eutanásia do produtor. Quando todos forem "rentistas", quem vai trabalhar? Os "robots", naturalmente.
Economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura
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