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Indústria

- Publicada em 02 de Fevereiro de 2016 às 17:21

Produção industrial caiu 8,3% no ano passado

 CADERNO DIA DA INDÚSTRIA 2014. MATÉRIA SOBRE SETORIAL SIDERURGIA. NA FOTO A EMPRESA RIOGRANDENSE DO CORTE/CBC OXICORTE

CADERNO DIA DA INDÚSTRIA 2014. MATÉRIA SOBRE SETORIAL SIDERURGIA. NA FOTO A EMPRESA RIOGRANDENSE DO CORTE/CBC OXICORTE


MARCOS NAGELSTEIN/JC
A indústria brasileira fechou 2015 com a maior queda de sua produção desde 2003, o início da série da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. O tombo foi de 8,3%. O ano passado foi o segundo ano seguido de recuo na produção, e as projeções são de nova retração em 2016, embora em intensidade menor. Considerando apenas o mês de dezembro, a produção caiu 0,7% frente a novembro e 11,9% em relação a dezembro de 2014. Em 2009, até então o pior resultado da pesquisa, a retração foi de 7,1%.
A indústria brasileira fechou 2015 com a maior queda de sua produção desde 2003, o início da série da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. O tombo foi de 8,3%. O ano passado foi o segundo ano seguido de recuo na produção, e as projeções são de nova retração em 2016, embora em intensidade menor. Considerando apenas o mês de dezembro, a produção caiu 0,7% frente a novembro e 11,9% em relação a dezembro de 2014. Em 2009, até então o pior resultado da pesquisa, a retração foi de 7,1%.
Com o resultado de dezembro, a indústria volta a operar no patamar de janeiro de 2009, no período imediatamente posterior ao início da crise financeira internacional. "O ano de 2015 foi marcadamente caracterizado por taxas negativas, que se intensificaram ao longo do ano. O resultado foi sempre aumentando a intensidade de queda", afirmou o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Luiz Macedo.
A explicação para o comportamento negativo da indústria, aponta ele, passa por baixo nível de confiança do empresário, que adia e inibe investimentos, e baixo nível de confiança dos consumidores, o que faz que haja adiamento e cancelamento de consumo, especialmente dos bens de consumo duráveis. Além disso, lembra Macedo, há um mercado de trabalho mais restrito, crédito mais caro e escasso, e inflação em alta, que ajuda a corroer o poder de compra das famílias.
Segundo o IBGE, a indústria prossegue com o quadro de "menor ritmo produtivo", expresso não só no sétimo resultado negativo consecutivo em relação ao mês anterior (maior sequência de quedas da série histórica), mas também no predomínio de taxas negativas em dezembro. Todas as categorias da indústria registraram queda em 2015. O maior tombo foi da produção de bens de capital indicador de investimentos , de 25,5%. Já a produção de bens duráveis cujo consumo depende principalmente de crédito caiu 18,7% no ano passado, enquanto a de bens intermediários teve queda de 5,2%, e a de bens semiduráveis e não duráveis recuou 6,7%.
O recuo de 11,9% da indústria em dezembro foi a 22ª taxa negativa seguida na comparação com igual mês do ano anterior. É de se destacar a maior intensidade da queda da indústria ao longo do ano. No primeiro semestre, a queda foi de 5,9%, mas avançou para 10,5% no segundo semestre.
A indústria brasileira acumula sete meses seguidos de queda na produção, quando se compara com o mês anterior, o que ocorre pela primeira vez na série histórica. Nesse período, há uma perda de 8,7% da produção. A indústria está 19,5% abaixo do nível recorde de produção, alcançado em junho de 2013.
Para André Macedo, a menor intensidade da queda da produção em dezembro, na comparação com o mês anterior foi de 0,7% frente a 2,3% em novembro , é explicada pelo acidente na barragem de Mariana e pela greve dos petroleiros em novembro. Mas ainda não é possível falar em mudança de trajetória.
"A conjuntura permanece com as mesmas características que vemos. O que corrobora é que a indústria permanece com sequência de quedas. É o sétimo mês seguido de recuo, cada vez mais se distanciando do nível recorde de produção", destacou o gerente do IBGE.

Fabricação de 8 em cada 10 produtos pesquisados pelo IBGE sofreu diminuição em 2015

Medidas terão o objetivo de reduzir os custos de produção nas fábricas

Medidas terão o objetivo de reduzir os custos de produção nas fábricas


JOSÉ PATRÍCIO/AE/JC
A crise que abateu a indústria em 8,3% no ano passado, pelo segundo ano consecutivo, se espalhou por variados ramos e provocou reduções na produção de 8 em cada 10 itens industriais. Quase 80% (78,3%) dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE registraram produção menor em 2015 que em 2014. Na queda de 8,3%, a maior influência veio da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, com perda de 25,9%. Apenas no segmento de veículos automotores, que foi a principal influência no resultado, a redução da produção ocorreu em 97% dos produtos, como automóveis e caminhões.
Em seguida, veio o segmento de equipamentos de informática, produtos elétricos e ópticos, com recuo de 30%. A produção de máquinas e equipamentos, por sua vez, foi a terceira maior influência, com retração de 14,6%. Vinte e cinco dos 26 setores pesquisados pelo IBGE apresentaram recuo na produção. A única exceção foi a indústria extrativa, com alta de 3,9%.
A produção de bens duráveis avançou 9,4% em dezembro, frente a novembro, mas o movimento é explicado por fatores pontuais e por uma base de comparação deprimida, segundo Macedo. Ele lembra que avançou a produção de automóveis, por exemplo, mas que a indústria do setor continua marcada por processos de demissões e reduções de jornadas de trabalho.
O resultado de dezembro também apresentou uma série de taxas negativas. Na comparação com dezembro de 2014, houve perda em todas as categorias econômicas, em 68 dos 79 grupos em 76% dos 805 produtos pesquisados. A produção de veículos automotores caiu 30,9% e também foi o principal impacto negativo.Entre as categorias econômicas, o pior desempenho foi de bens de capital, com recuo de 31,9%, seguido por bens de consumo duráveis, de 24,7%. Em bens intermediários, a queda foi de 11,4%.
O tombo da indústria em 2015 foi espalhado entre os diferentes setores. São 25 dos 26 setores com taxas negativas. Mesmo os segmentos de caráter mais essencial, que não dependem de crédito, mas também da evolução da renda, registraram queda, como alimentos (-2,3%).
"A indústria de transformação, seja aquela ligada a investimentos, seja ao consumo das famílias, por crédito ou por renda, tem uma queda generalizada. O ano de 2015 foi claramente marcado pela intensidade e pelo espalhamento da queda", destaca Macedo.

Alta do dólar ajuda empresas exportadoras, mas não compensa perdas econômicas

Segundo André Macedo, o dólar alto ajudou alguns segmentos da indústria, mas o movimento ainda não é suficiente para compensar os demais setores. Com o câmbio mais valorizado, as exportações se tornam mais competitivas. O setor de celulose foi um exemplo, com aumento de 8% da produção em 2015.
Ele lembrou que o efeito positivo na substituição de importações ou seja, a troca de insumos importados por produtos nacionais ainda demora a aparecer, "não é da noite para o dia". Além disso, há setores que só podem usar insumos importados e têm que enfrentar aumento de custos, como é o caso da indústria farmacêutica.
Um sinal positivo, no entanto, pode vir do ajuste de estoques, aponta o gerente do IBGE. "A queda em sequência faz com que haja um ajustamento dos estoques das fábricas. Observando dados externos ao IBGE, vê melhora dos estoques."
A indústria brasileira vem sendo afetada negativamente por uma série de fatores. O aumento da taxa de juros leva ao encarecimento do crédito, que prejudica principalmente setores como automóveis e eletrodomésticos, que dependem mais fortemente de empréstimos. Ao mesmo tempo, as incertezas na economia inibem o consumo de uma forma geral, o que também afeta a indústria.
Antes mesmo da atual crise, no entanto, a atividade industrial já sofria os efeitos do dólar baixo, que tanto aumentava a concorrência de produtos importados como tornava mais caros os produtos brasileiros vendidos no exterior.