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Consumo

- Publicada em 02 de Fevereiro de 2016 às 22:30

Reformas e consertos ganham espaço na crise

 TECNOLOGIA QUEBRADA, IPHONE, VIDRO QUEBRADO, DANO, ACIDENTE, SMARTPHONE, APPLE, IPHONE 4.

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JOÃO MATTOS/JC
Em tempos de queda do consumo no varejo e projeção de aumento de desemprego, um segmento que vem abrindo espaço no mercado é o de reformas e de pequenos consertos. Muitos têm optado por investir no upgrade de um produto em vez de descartá-lo para comprar outro mais moderno. Um exemplo ocorre no segmento de reparos de roupas e de calçados: cada vez mais consumidores estão customizando ou reformando peças de vestuário em vez de adquirir novas.
Em tempos de queda do consumo no varejo e projeção de aumento de desemprego, um segmento que vem abrindo espaço no mercado é o de reformas e de pequenos consertos. Muitos têm optado por investir no upgrade de um produto em vez de descartá-lo para comprar outro mais moderno. Um exemplo ocorre no segmento de reparos de roupas e de calçados: cada vez mais consumidores estão customizando ou reformando peças de vestuário em vez de adquirir novas.
"Este mercado cresce, porque a crise faz as pessoas repensarem na hora de ir às compras, o que é ótimo para a sustentabilidade. O descarte de uma roupa por estar fora da moda, por exemplo, pode ser evitado com a adaptação da peça para um design mais moderno", comenta a gestora do projeto da Indústria da Moda da Regional Metropolitana do Sebrae, Lucimara Miceli Santos Pereira.
"Desde 2015, tem ocorrido muita procura, principalmente para ajustes, bainhas de calças, entre outros", comenta o costureiro Hamilton Oliveira.
Segundo o profissional, a demanda é por parte de todas as classes econômicas, mas principalmente a classe média alta, que faz todo o tipo de reforma. Também a demanda por manutenção de celulares aumentou. E se antes sobravam aparelhos seminovos no balcão das assistências autorizadas, atualmente estes itens estão em falta. "Desde o ano passado, vendemos muitos aparelhos usados. A busca por reparos aumentou em 50%", afirma a sócia-proprietária da empresa Roberto Celulares, Vânia Silva Franck.
Localizada na zona Norte da Capital, atualmente a empresa de manutenção e consertos de aparelhos celulares está sem nenhum seminovo para venda (um dos nichos de atuação). "Há três anos, eu tive que proibir usados na troca, porque ninguém comprava. Naquela época, as pessoas tinham dinheiro para adquirir aparelhos novos", compara Vânia. A empresária não tem dúvida que o fenômeno está relacionado com a recessão. "É reflexo de um menor poder de compra. Quem precisa apertar o cinto economiza mais mandando consertar do que comprando um celular novo, uma vez que os modelos custam entre R$ 700,00 e R$ 1,3 mil."
Os valores da assistência técnica para celulares variam entre R$ 300,00 e R$ 700,00 em caso de conserto de tela quebrada, por exemplo. "Mas também há muita busca por reparo de placas e troca de componentes", comenta Vânia, destacando que desde a metade do ano passado um maior número de consumidores tem demandado também o conserto de tablets. Ela aproveita o momento de ganho em mercado para investir. A equipe de 30 funcionários recentemente foi ampliada. "Por enquanto, contratamos apenas mais uma atendente, mas pensamos em aumentar o número de colaboradores, porque recentemente implementamos o serviço de telebusca e com isso a demanda aumentou", pondera.

Momento de incertezas traz junto a informalidade no setor, diz Ibevar

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Cláudio Felisoni de Angelo, destaca que, pela primeira vez na história, as vendas de celulares caíram em torno de 12%, enquanto que o comércio de smartphones usados cresceu. "Tudo tem a ver com a mudança da composição da renda. Aquelas famílias que ganham menos de quatro salários-mínimos e que haviam passado para uma faixa intermediária, agora descem um degrau e têm que mudar o consumo", avalia. Angelo ainda destaca que, junto com uma maior procura de reformas e serviços, está crescendo a informalidade. "Com a redução do ritmo da economia, o setor de serviços, principalmente o de reformas e consertos, que posterga a troca e aumenta a vida útil dos produtos, não só cresce, como passa a agregar profissionais que trabalham de modo informal."
Em tempos em que o cenário econômico reflete um volume menor de dinheiro no bolso do consumidor, oficinas mecânicas e de autopeças, assistências de celulares, sapatarias, costureiras, lojas de consertos de máquinas e de eletrodomésticos passam, aos poucos, a ver o movimento crescer. A queda real da renda das famílias brasileiras (que está em torno de 10%), os aumentos das taxas de juros e do desemprego, agravados pela insegurança dos níveis de empregos no futuro, têm contribuído para uma queda nas vendas do varejo, que deve chegar a 3% (real) no final de 2016, destaca o presidente do Ibevar. No entanto, ele defende que ainda é mais prudente por parte do consumidor optar por reformar e consertar quando possível, postergando nova compra de um produto que ainda seja utilizável, com o objetivo de se evitar o endividamento e a inadimplência.

Pechincha existe até na hora do ajuste de roupas

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JOÃO MATTOS/JC
A necessidade de cortar gastos tem feito com que o consumidor se torne cada vez mais exigente e volte inclusive a pechinchar. "Muita gente que nos procura para fazer ajuste de roupas está se queixando bastante dos preços", comenta o costureiro Hamilton Oliveira, que trabalha há 16 anos no ramo.
"Isso porque, de uma certa forma, as roupas estão mais baratas que antigamente", pondera Oliveira, explicando que, ao comparar o preço de um abrigo infantil (utilizado como uniforme de colégio), por exemplo, os pais percebem que serão obrigados a gastar praticamente o mesmo para mandar fazer bainha. "Atualmente, qualquer abrigo que se comprar vai custar de R$ 15,00 a R$ 25,00, e eu cobro R$ 22,00 para fazer a barra."
A esposa do costureiro, Marlene Oliveira, que também exerce a profissão, destaca que, apesar de a procura ter aumentado em 2015, desde agosto, a empresa vem registrando queda de demanda. "Caiu cerca de 30%", calcula. Se, há poucos meses, o número de peças que chegavam na loja girava em torno de 20, atualmente são 15 peças/dia, de acordo com Oliveira. "Outra coisa que mudou é que, no caso de vestidos de festa, por exemplo, as pessoas estão preferindo alugar do que encomendar um sob-medida", completa. Quando o serviço é de ajustes, o preço médio cobrado por peça gira em torno de R$ 30,00 a R$ 50,00, revela o costureiro. Ainda que com um volume de trabalho menor do que no ano passado, a dupla garante que não dá para reclamar. "Temos clientela boa, e tem muita gente chegando com sacolão de roupas para consertar."
Ajustar ou costumizar roupas é tendência, afirma a gestora do projeto da Indústria da Moda da Regional Metropolitana do Sebrae, Lucimara Miceli Santos Pereira. Ela trabalha diretamente com empresas que transformam e customizam peças de vestuário. "Cada vez mais, as pessoas, além de querer reduzir custos, estão fazendo mais atividades físicas, e o corpo está mudando", comenta a gestora.
"Como não existe a possiblidade de ficar trocando o guarda-roupa a toda hora (pelo menos para a maior parte da população), muitas pessoas passaram a valorizar as roupas, customizando, e economizando também."