Na semana passada, o desembargador Luiz Felipe Silveira Difini assumiu a presidência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), em Porto Alegre. Por dois anos, estarão ao seu lado os desembargadores Carlos Eduardo Zietlow Duro e Paulo Roberto Lessa Franz e as desembargadoras Maria Isabel de Azevedo Souza e Iris Helena Medeiros Nogueira. É a primeira vez que duas mulheres participarão juntas da administração do TJRS.
É sabido que a magistratura brasileira é composta majoritariamente por homens. Mesmo que, de uns anos para cá, a participação das mulheres nesse cenário tenha se tornado significativa, eles ainda são a maioria. No TJRS, dos 660 juízes em atuação, 318 são mulheres, e, dos 140 desembargadores, somente 40 são do sexo feminino.
A primeira vez que uma mulher participou da administração do tribunal foi no biênio 2010/2011, na gestão do desembargador Leo Lima. Até então, todos os administradores do tribunal tinham sido homens. Naquela época, a desembargadora Liselena Schifino Robles Ribeiro assumiu como 3ª vice-presidente. Neste ano, ela será a primeira mulher a presidir uma eleição no Rio Grande do Sul, pois hoje ocupa o cargo de vice-presidente, corregedora e ouvidora da Justiça Eleitoral gaúcha.
Para a desembargadora Iris Helena, que assume como corregedora-geral da Justiça, a conquista significa um avanço. "Os números apontam que os avanços serão a passos largos. É muito gratificante ver mulheres tomando cargos de maior expressão junto ao Poder Judiciário", comentou. Para ela, é um resultado de dedicação, competência, foco e, claro, de ter "corrido atrás". "Talvez as mulheres tenham estado meio tímidas até agora", ponderou Iris.
Já Maria Isabel, desembargadora que assume como 2ª vice-presidente, acredita que o fato de as mulheres terem ficado afastadas de cargos de tamanha relevância se deve, principalmente, a entraves burocráticos. "Até a década de 1970, as mulheres não podiam prestar concurso para a magistratura ou para o Ministério Público. Então, é um longo caminho a percorrer, e, mesmo assim, os números já são significativos. Em breve, teremos mulheres na presidência e na 1ª vice-presidência", orgulhou-se.
Para o novo presidente do TJRS, o fato de duas mulheres comporem a administração demonstra que o órgão está sintonizado com os novos tempos. "O tribunal começa a resgatar uma dívida histórica no que tange à questão de gênero e a reconhecer o talento e a contribuição de tantas juízas que têm exercido, com dedicação e competência, a magistratura em nosso Estado", declarou Difini.