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tecnologia

- Publicada em 15 de Fevereiro de 2016 às 13:05

'O que aprendi com o fracasso da minha startup'

Sergio criou um site onde detalha passo a passo as decisões que tomou

Sergio criou um site onde detalha passo a passo as decisões que tomou


JOÃO MATTOS/JC
Nem só de histórias de sucesso é feito o mundo das startups. Pelo menos 25% delas morrem antes de completar o primeiro ano de vida, e 50% em menos de quatro, aponta uma pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral.
Nem só de histórias de sucesso é feito o mundo das startups. Pelo menos 25% delas morrem antes de completar o primeiro ano de vida, e 50% em menos de quatro, aponta uma pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral.
São muitos os motivos para não dar certo. Em alguns casos, a operação tem sócios em excesso, ou falta complementariedade de habilidades, ausência de um bom entendimento do mercado a ser explorado ou do modelo de monetização a ser adotado. Em outros, o produto ou serviço é interessante, mas o segmento a que se endereça é muito pequeno.
Nem todos os empreendedores que passam por esse processo conseguem enxergar o que poderiam ter feito diferente ou estão dispostos a isso. Não é o caso do Sergio Schuler. Ele até criou um site onde detalha passo a passo as decisões que tomou (especialmente as erradas) ao criar a sua empresa, que terminou, como ele mesmo diz, dois anos depois, com 300 usuários e zero de receita. Para conferir toda essa história, é só acessar aqui.
Vamos resumir. A história do Timômetro começou em 2011. O foco era criar uma solução capaz de ajudar os líderes de equipe a gerenciar os seus times. Com a ideia em mente, Schuler registrou o domínio, desenvolveu um site e criou um botão de teste grátis. Comprou R$ 50,00 de Google Adwords para levar tráfego para a página. Otimista com as adesões das pessoas querendo testar, começou a desenvolver o produto. "Hoje, eu vejo que teste grátis é bom se você sabe que seu produto é ótimo e vai converter testadores em clientes. Porém, quando você está testando demanda, ele atrai pessoas que estão apenas curiosas, mas não têm nenhuma intenção de comprar", analisa.
Ele também percebeu, um tempo depois, que a escolha dos sócios e parceiros para um projeto como esse é fundamental. E que o problema que a empresa está tentando endereçar tem que ser dolorido o suficiente para que as pessoas topem pagar por isso.
O Timômetro não deu certo. Mas ele ainda pensa em criar a sua empresa, apesar de admitir que teme o cenário de muita burocracia e alta carga tributária. "Somos um País que condena empreendedores e glorifica funcionários públicos, não tem como dar certo", lamenta.

O que poderia ter sido feito diferente

O JC Empresas & Negócios convidou Andre Ghignatti, diretor executivo da WOW Aceleradora, para analisar o relato feito pelo Sergio Schuler no seu site sobre a criação do Timômetro. Ele destaca alguns pontos que poderiam ter sido trabalhados de forma diferente e, assim, aumentado as chances de a startup dar certo. São dicas que servem para muita gente que tem uma ideia na cabeça e está pensando em empreender.
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André Ghignatti (d), da WOW, deu dicas ao projeto de Sergio Schuler

Formação da equipe

Ao criar uma empresa, é muito importante se dedicar à formação da equipe. Muitos jovens empreendedores cometem esse erro. No caso do Timômetro, o fundador não fez uma busca suficiente para saber se aqueles eram, de fato, as melhores pessoas para estar ao seu lado. Ele decidiu formar a sociedade depois de um café e, aos poucos, foi percebendo que eles não tinham expectativas alinhadas. Além disso, ele era o único full-time, pensando exclusivamente no negócio. Os outros tinham negócios paralelos, o que, de certa forma, pode ser um indicativo de que não acreditavam tanto assim no negócio.
Por fim, esse era um negócio de tecnologia, mas não havia nenhum técnico "hands on" - o desenvolvedor não desenvolvia -, e ele precisou buscar alguém de fora. Uma das nossas principais preocupações no processo de seleção da Wow é analisar a equipe de empreendedores, justamente para evitar estes erros, que são bem frequentes.

Mentoria

Um ponto que poderia ter mitigado os erros seria se o empreendedor tivesse conversado com pessoas que já passaram por uma experiência empreendedora neste mercado. É sempre aconselhável buscar alguém com disposição para mentorar estes novos negócios, pois isso evita que alguns deslizes mais básicos sejam cometidos.

O mercado

Adaptar a ideia inicial do produto para atender às demandas de uma determinada indústria, e assim obter lucro, pode não ser a melhor saída. Se ele tivesse feito isso, como chegou a pensar depois, teria se limitado a um problema específico, e não ao de todo o mercado. É uma forma de sobreviver, mas corre o risco de virar uma empresa de projeto e deixar de ser uma startup. Não existe certo ou errado aqui, mas é importante que os empreendedores entendam as diferenças de modelos.

Teste grátis

Como o próprio empreendedor comenta no seu site, o recurso do teste grátis é válido quando você possui uma versão funcional de um MVP (protótipo do produto). Não funciona muito bem se você está apenas especulando para tentar descobrir a demanda que a solução terá. Uma estratégia que poderia funcionar bem é o sincero "Me avise do lançamento do Timômetro!". Capturando o e-mail do lead, o empreendedor poderia pensar em uma trilha de conteúdo em uma esteira de e-mails, em que poderia escrever sobre gestão de equipes e os problemas que as empresas enfrentam relacionados a isso. Essa estratégia teria como objetivo aquecer o lead, engajá-lo no assunto e deixá-lo pronto para comprar quando a ferramenta fosse lançada.