Membros da comissão organizadora do Fórum Social Mundial (FSM) 2016, que acontecerá de 4 a 16 de agosto em Montreal, na porção francófona do Canadá, expuseram, nesta quinta-feira, no Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre, os 12 eixos temáticos que serão discutidos no evento. Para uma das coordenadoras do FSM, Carminda Mac Lorin, apesar da multiplicidade de abordagens e do desejo de convergência entre as questões que permeiam a luta dos movimentos sociais em nível global, estão também em evidência os problemas atuais do Canadá. "A austeridade é uma questão nova para os canadenses. Já houve muitas lutas no passado que provocaram mudanças positivas em setores como a saúde e o combate ao desemprego, mas os últimos governos de direita, tanto no Canadá quanto em Québec (província onde fica Montreal) estão recuando nessas conquistas."
A flexibilidade da legislação ambiental canadense também é um ponto de tensão para os movimentos sociais do país. "Além dos incentivos fiscais para a instalação de empresas mineradoras, mais da metade dos lobistas em atuação no país vem desse setor. O Canadá possui uma grande dívida ambiental relacionada a minas abandonadas", expõe Dominique Bernier, membro do comitê de organização do FSM e pertencente a um grupo de oposição às mineradoras.
Carminda também apontou a questão dos povos originários do Canadá como uma das discussões em destaque no país atualmente. "Eles têm uma história dura no país", afirma. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, eleito em outubro do ano passado, recentemente reconheceu que o país promoveu um "genocídio cultural" dos povos autóctones e solicitou que o Papa Francisco peça perdão formal por maltratos aos indígenas em escolas católicas.
A coordenadora disse que espera, para agosto, um público entre 50 mil e 80 mil participantes. Ao contrário das edições brasileiras do FSM e do Fórum Social Temático, o FSM no Canadá não conta com subsídio governamental para sua realização. "O nosso evento é pobre, por mais paradoxal que isso seja." O custeio ocorre por doações dos cidadãos e pelo apoio financeiro de 250 organizações da sociedade civil.
Os 12 eixos temáticos são alternativas econômicas e sociais, democratização do conhecimento, cultura de paz, alternativas de desenvolvimento, justiça ambiental, democratização, direitos humanos, identidade e gênero, justiça social e distribuição econômica, migração e refugiados, participação cidadã, e trabalhadores e cidadãos lutando contra a globalização capitalista, além de um outro de temática livre. Mais informações podem ser obtidas no site www.fsm2016.org.