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Opinião

- Publicada em 20 de Janeiro de 2016 às 16:06

O desemprego aniquila o sonho de gerações

O desemprego foi o último indicador macroeconômico a desandar na atual crise econômica brasileira, mas a tendência é de que seja o mais perverso. Em meados de 2014, quando os principais níveis de atividade começavam a dar sinais de fadiga, o mapa do emprego ainda resistia, algo que não era compatível com a queda do consumo e com o PIB em retração. Agora, infelizmente, parece que o desemprego veio para ficar por longo tempo, aniquilando o sonho de gerações.
O desemprego foi o último indicador macroeconômico a desandar na atual crise econômica brasileira, mas a tendência é de que seja o mais perverso. Em meados de 2014, quando os principais níveis de atividade começavam a dar sinais de fadiga, o mapa do emprego ainda resistia, algo que não era compatível com a queda do consumo e com o PIB em retração. Agora, infelizmente, parece que o desemprego veio para ficar por longo tempo, aniquilando o sonho de gerações.
Quem não lembra das declarações ufanistas do então ministro da Fazenda Guido Mantega sobre o "pleno emprego" no Brasil em meio à crise internacional, quando a Europa empilhava desocupados? Todos sabiam que aquele eldorado não era sustentável. A conta chegou - e chegou pesada -, retirando milhões de trabalhadores de seus postos e jogando outros tantos na informalidade.
Os números divulgados na sexta-feira passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o último reduto de resistência à crise entrou em espiral descendente acelerada. Saímos de uma taxa de 6,6% de desemprego no último trimestre de 2014 para 9% no trimestre encerrado em outubro de 2015. O resultado é o mais alto da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad Contínua, estudo mais abrangente do IBGE para o mercado de trabalho, iniciado em 2012.
Relatório divulgado na terça-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) dá a dimensão do tamanho do estrago. Segundo a entidade, o Brasil será responsável por uma em cada três vagas fechadas no mundo em 2016. No mesmo dia da divulgação dos números catastróficos do IBGE, a presidente Dilma Rousseff dizia, em café da manhã com jornalistas, que o retorno da CPMF, cuja proposta tramita no Congresso com resistência da base aliada e da oposição, e o combate ao desemprego serão as bandeiras do governo neste ano - duas metas absolutamente incompatíveis.
Quanto mais o governo aumenta tributos, mais municia as demissões. A alta da carga tributária encarece a produção, reduz o consumo e, consequentemente, fecha vagas na indústria, no comércio e nos serviços, além de elevar o rombo da Previdência. E para piorar, a estratégia tem se mostrado ineficiente também em relação ao aumento da arrecadação, objetivo perseguido pelo governo para realizar o ajuste fiscal.
O desemprego é alimentado pelo dólar apreciado, pelo crédito escasso, pela inflação sem freio e pela perda do poder aquisitivo da população, que, por sua vez, robustece a inadimplência.
O mercado de trabalho não poderia, portanto, passar incólume à mistura explosiva que combina indicadores negativos em todas as variáveis da atividade econômica com a crise político-institucional que vive o Brasil. É aquilo que os economistas chamam de tempestade perfeita, um clichê que combina uma situação de grande dificuldade com intercorrências acessórias incontornáveis. No Brasil, este cenário coloca no mesmo mar revolto incongruências como gestão temerária e crise política - esta última de uma virulência como nunca se viu antes.
Não há alternativa possível para a estabilidade econômica que não passe pela solução da grave crise institucional. Sem um acordo muito bem costurado entre Executivo e oposição, o País seguirá, nos próximos anos, tentando administrar a recessão, perdendo riquezas, sepultando empregos e aumentando a pobreza. E mais que isso, exportando jovens talentos para outros países. Gerações inteiras estão deixando o Brasil em busca de oportunidades que não encontram aqui. É um crime contra a juventude.
 
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