Após encerrar 2015 sem novas chamamentos para a manutenção do efetivo da Brigada Militar (BM) e com a aposentadoria de mais de 1,5 mil policiais, existia o temor de que Operação Golfinho deste verão apresentasse problemas. Há 46 anos, profissionais da área da segurança são deslocados para o Litoral do Rio Grande do Sul para o trabalho de salva-vidas e policiamento ostensivo. Mesmo com o corte de gastos, que trouxe mudanças na logística do programa, o efetivo deslocado foi praticamente o mesmo do verão passado - cerca de 1.200 salva-vidas e 1.200 policiais do setor operacional. Para arcar com os custos, R$ 28,1 milhões foram liberados para o pagamento de diárias e dos demais gastos da operação.
De acordo com o major Ronie Coimbra, coordenador da PM5 na Operação Golfinho, o trabalho está sendo feito a todo vapor. Somente no feriadão de Ano-Novo, foram efetuados aproximadamente 50 salvamentos por dia, no Litoral Norte, dois, no Litoral Sul, e dois em águas internas. Desde o início da operação, no dia 19 de dezembro, foram 210 resgates. A principal modificação foi em relação ao treinamento dos salva-vidas, que era feito antecipadamente.
"Para reduzir gastos, eles passaram a ser treinados no começo da operação, diminuindo os deslocamentos para o Litoral. Isso não prejudicou o serviço, pois o treinamento é posterior à formação. Todos os salva-vidas, mesmo os que trabalham há anos com salvamento, passam por essa atividade. Observamos se eles não apresentam nenhum problema que comprometa o salvamento", explica o major. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, 484 profissionais participaram da segunda turma do curso de Atualização Técnica em Salvamento Aquático no Mar, que foi concluído no dia 3 de janeiro. O restante já tinha feito a atualização nas turmas que começaram no final de novembro e em dezembro.
Sobre a falta de profissionais em algumas guaritas, Coimbra diz que elas vão sendo preenchidas à medida que o movimento aumenta, como ocorreu no feriadão, sendo intensificado o trabalho nos feriados e fins de semana. "Sabemos que é a partir do final do ano que temos mais veranistas. Mesmo assim, o monitoramento vinha sendo feito desde dezembro. Nós temos salva-vidas nas praias e os 1.200 homens são o efetivo extra para o verão", afirma.
O deslocamento de policiais militares para as praias também gera dúvidas sobre como fica o policiamento nas cidades. Com efetivo reduzido, cerca de 20,5 mil homens, a BM tem apostado no planejamento e na organização para não deixar algumas localidades ainda mais vulneráveis. O major explica que muitas pessoas saem dos municípios em que moram e viajam para o Litoral. A segurança policial precisa acompanhar o fluxo. "Muitos bandidos também fazem esse deslocamento, indo para as praias atrás do dinheiro. Todo o nosso planejamento é estratégico e técnico, monitorando a movimentação nas cidades e nas praias", ressalta.