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VEÍCULOS

- Publicada em 05 de Janeiro de 2016 às 22:14

Crise altera mercado de carros usados em Porto Alegre

Cenário instável levou Sperotto a oferecer tradicional ponto na Ipiranga

Cenário instável levou Sperotto a oferecer tradicional ponto na Ipiranga


FREDY VIEIRA/JC
A crise econômica que afetou as vendas de veículos zero quilômetro em todo País atingiu de forma distinta o segmento de usados. Na Capital, enquanto alguns revendedores independentes lutam para não fechar as portas, concessionárias autorizadas lucram com o aumento em torno de 30% nas vendas de veículos rodados. "Houve uma clara migração dos clientes (de lojas de carros de segunda mão) para revendas autorizadas, porque a rede independente (que não tem bandeira) se descapitalizou", comenta o conselheiro do Sindicato Intermunicipal dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincodiv) e diretor da Guaíba Car, Hugo Pinto Ribeiro.
A crise econômica que afetou as vendas de veículos zero quilômetro em todo País atingiu de forma distinta o segmento de usados. Na Capital, enquanto alguns revendedores independentes lutam para não fechar as portas, concessionárias autorizadas lucram com o aumento em torno de 30% nas vendas de veículos rodados. "Houve uma clara migração dos clientes (de lojas de carros de segunda mão) para revendas autorizadas, porque a rede independente (que não tem bandeira) se descapitalizou", comenta o conselheiro do Sindicato Intermunicipal dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincodiv) e diretor da Guaíba Car, Hugo Pinto Ribeiro.
Em polos de revendas independentes, como os que existem em trechos das avenidas Ipiranga e Assis Brasil, algumas lojas estão mais enxutas, outras mudaram de endereço e algumas poucas estão encerrando os negócios definitivamente. A placa "Vendo ponto", em frente à Galiotto Comércio de Veículos, que funcionou por 15 anos na Ipiranga, faz jus ao cenário instável.
Empresários do segmento reclamam dos altos custos para manter a folha de funcionários, além de reparos e limpezas dos carros e aluguéis dos terrenos, em um ambiente de pouca demanda. "A procura baixou demais. Para piorar, as pessoas que têm mostrado interesse em adquirir um usado possuem, em geral, uma renda muito inferior à exigida pelas financeiras que ainda cobram uma entrada alta, complicando as negociações", argumenta o gerente da Galiotto, Ari Sperotto. Segundo ele, desde o ano passado, a média de carros vendidos na empresa tem sido de apenas cinco unidades por mês. "Fica inviável, ainda mais com o preço do aluguel, que foi reajustado de R$ 5 mil para R$ 8,5 mil."
Para se ter uma ideia do que os pequenos precisam investir para se manter no mercado, na HF Automarcas, localizada na mesma quadra da Galiotto, o valor gasto só para manter o estoque (atualmente reduzido a 35 carros) é de mais de R$ 40 mil. Fora aluguel, impostos e o salário do único funcionário.
Já na Tipo Veículos, a verba injetada mensalmente no negócio é de R$ 120 mil menos onerosa, se comparada ao faturamento da empresa, que é de R$ 1 milhão por mês. Ainda assim, o sócio-proprietário da HF Automarcas, Rafael Preussler Bonugli, acredita que as empresas mais enxutas estão reagindo melhor aos tempos de crise. "As vendas estão estáveis desde 2012, sem maiores quedas, mas, para isso, tivemos que reduzir em 6% as margens de lucro", garante o empresário, que chama atenção para o "bom momento" para quem quer comprar um veículo usado.
Na HF, a estratégia foi diminuir preços em relação à tabela Fipe, dar descontos e entregar os automóveis com os tanques cheios de combustível e as taxas de IPVA e de transferências quitadas. Bonugli garante que deu certo: o resultado tem sido a comercialização de 20 carros por mês, em média. "Para um período de crise está bom", avalia o empresário, ponderando que há três anos este volume era maior, em torno de 30 veículos/mês. "O perfil de quem está comprando é daqueles clientes que têm um dinheiro guardado e querem fugir de financiamentos", avalia Bonugli.
Somando mais de 30 anos de balcão na RD Veículos que se mudou da avenida Assis Brasil para um ponto na avenida Sertório e outro na rua Joaquim Silveira , o vendedor Jair Leal explica que a empresa precisou se adequar ao mercado. "Hoje em dia, é preciso trabalhar com custos mais reduzidos", comenta Leal.
Não à toa, a empresa vendeu (para uma empreiteira) o ponto que funcionou 30 anos em um terreno de 2 mil m2 para dividir o negócio em duas lojas (uma de 1 mil m2 e outra de 600 m2), e assim captar um maior volume de clientes. A troca foi estratégica: a RD saiu de um antigo, mas já desgastado, polo de revenda de veículos para um dos maiores do Estado, localizado nas avenidas Sertório e Ceará, na entrada da cidade. O desafio será a concorrência, com pelo menos 35 revendas autorizadas estabelecidas no espaço.

Desafio dos pequenos é se manter em meio às autorizadas

Ferronatto, da Tipo Veículos, optou por fornecedores de outros estados

Ferronatto, da Tipo Veículos, optou por fornecedores de outros estados


FREDY VIEIRA/JC
Outro grande e consolidado polo de revenda de veículos de Porto Alegre fica localizado na Ipiranga, entre as avenidas Silva Só e Salvador França. O consumidor que optar por lojas independentes terá, no mínimo, 40 alternativas. No entanto, os estoques estão encolhidos, em sua maioria. "Está difícil de chegar em um ponto de equilíbrio entre custos e faturamento", admite o sócio-proprietário da HF Automarcas, Rafael Preussler Bonugli. Perto dali, o empresário Celso Zilberstein, dono da Terra Gaúcha Veículos, tem amargado a queda de vendas desde 2013. Para não desistir do uso do terreno, que é próprio, ele decidiu abrir um segundo negócio, desta vez no ramo imobiliário. Assim, a CZ Imóveis funciona ao lado da garagem da revenda que hoje conta com um estoque de cerca de 10 automóveis.
"O mercado sempre oscilou, mas agora está muito restrito, caindo vertiginosamente, com taxas de juros aumentando, e bancos exigindo muito dos clientes, dificultando o crédito", afirma Zilberstein. Há quatro anos, ele vendia 30 carros por mês. Atualmente, saem no máximo cinco. "Tudo é questão de gestão e de muito trabalho", opina o concorrente da loja ao lado, Luiz Carlos Ferronatto. Proprietário da Tipo Veículos, ele consegue fazer girar 70 carros por mês, comprando de fornecedores do Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo - onde a tabela Fipe é mais baixa - para ajustar preços. "Para conseguir manter a competitividade de mercado, deixamos de comprar somente das concessionárias do Estado, que nos repassam com valores muito altos os carros que pegam na troca por um novo. Então buscamos fornecedores onde o mercado se renova com mais agilidade."
Desde 2012, a Tipo Veículos só cresce, garante o empresário, que inclusive pretende ampliar o negócio. "Atualmente estamos com três terrenos locados e estamos estudando outros próximos."

Migração de consumidores é comprovada pelos números do setor

Na Telmo Barcellos, queda nos negócios com seminovos foi de 30%

Na Telmo Barcellos, queda nos negócios com seminovos foi de 30%


FREDY VIEIRA/JC
Com grande parte da rede de revendedores independentes sem estoques amplos, com pouca oferta e condições menos atrativas, a migração de clientes de usados para concessionárias autorizadas se comprova pelos números do mercado. Enquanto na Telmo Barcellos Automóveis, localizada na avenida Assis Brasil, a queda das vendas de seminovos foi de 30%, na Guaíba Car, autorizada Volkswagen, a comercialização de usados cresceu 30%. E tem sido assim na maioria das autorizadas, afirma o conselheiro do Sincodiv, Hugo Pinto Ribeiro. "Este ano será de forte investimento nos usados por parte das autorizadas", afirma o conselheiro do Sincodiv, ao admitir que a estimativa do mercado de novos é de continuar com vendas em baixa.