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Geral

- Publicada em 20 de Janeiro de 2016 às 22:34

Ativistas alertam para potenciais catástrofes envolvendo o Guaíba

Manancial abastece 70% da população gaúcha

Manancial abastece 70% da população gaúcha


FREDY VIEIRA/JC
Isabella Sander
Criado em 2006, o movimento Viva Guaíba retomou suas atividades, a fim de alertar a população gaúcha sobre os riscos de catástrofes ambientais envolvendo a abertura do Guaíba para a extração de areia. A entidade foi motivada a voltar à ativa após notícias de que a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) pretendia autorizar novamente a extração de areia no manancial, em caráter experimental.
Criado em 2006, o movimento Viva Guaíba retomou suas atividades, a fim de alertar a população gaúcha sobre os riscos de catástrofes ambientais envolvendo a abertura do Guaíba para a extração de areia. A entidade foi motivada a voltar à ativa após notícias de que a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) pretendia autorizar novamente a extração de areia no manancial, em caráter experimental.
"Dez anos depois da proibição desse tipo de exploração mineradora, ressurge a proposta de realizar a extração através de uma empresa privada, que também faria a fiscalização. Porém, o Ministério Público do Estado (MPE) já se manifestou, dizendo que, para essa atividade, seria preciso, antes, fazer um zoneamento ambiental, com o custo de R$ 10 milhões. O governo não quer realizar o zoneamento e, mesmo assim, quer abrir para extração de areia", critica Rafael Schuch Barcellos, presidente do Viva Guaíba.
Barcellos relaciona a exploração mineradora com a tragédia ambiental ocorrida em Mariana, Minas Gerais, onde duas barragens da mineradora Samarco se romperam, espalhando 62 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos sólidos no município econtaminando os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce. "Porto Alegre pode passar por situação semelhante. Há diferenças entre a mineração de ferro, como em Mariana, e a de areia. Contudo, hoje sabemos, por exemplo, que a empresa de borracha localizada nas margens de Guaíba deposita mercúrio na nossa água. Esse mercúrio está próximo ao fundo, mas, no momento em que a areia for extraída, esse e outros metais pesados sairão de suspensão e ficarão na água. Não existe tratamento que tire esses metais da água, ou seja, eles chegarão às nossas casas e às nossas torneiras", destaca.
A Fepam formou um grupo de trabalho, para averiguar quais seriam as consequências de uma eventual autorização e, caso a atividade fosse liberada, onde ela seria possível e de que modo. "Estamos levantando todas as informações que já temos disponíveis, de estudos anteriores, para saber do que dispomos e quais informações ainda precisaríamos buscar. Entretanto, não consideramos a extração perigosa. No Guaíba, ela era autorizada até 2003 e não tivemos problemas", opina o diretor técnico do órgão estadual, Rafael Volquind. A fiscalização da atividade se daria através do rastreamento das dragas, com o uso de satélites monitorados.
Hoje, 70% da população gaúcha depende das águas do Guaíba, cerca de 5 milhões de pessoas. Além dos metais pesados jogados por empresas, três dos rios mais poluídos do Brasil (Sinos, Gravataí e Caí) desembocam no manancial. "As atividades envolvendo extração estão sendo mal conduzidas e mal fiscalizadas pelo poder público. Portanto, é fundamental nos unirmos e debatermos o que é melhor para a nossa cidade", defende o presidente do Viva Guaíba.
Segundo Francisco Milanez, ex-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) é preciso atentar para o fato de não só Porto Alegre, mas outros 300 municípios consumirem e despejarem seus esgotos no Guaíba. "A discussão precisa abranger todas essas cidades. Infelizmente, o Rio Grande do Sul é um dos estados que mais usa agrotóxicos no Brasil, que é um país recordista no uso de agrotóxicos, e isso contamina a água. Além disso, nosso tratamento de esgoto envolve a utilização de cloro, o que é cancerígeno e gera problemas hormonais", observa.
Ativista da Agapan e ex-secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch considera que as discussões sobre proteção ao meio ambiente não avançam porque não é prioridade da sociedade e nem da classe política. "O prefeito de Eldorado do Sul, por exemplo, entrou na Justiça contra o plano de manejo do Delta do Jacuí, pois o manejo inviabilizaria a presença de empresas na área. No ano passado, o município ficou debaixo d'água, em função da falta desse plano. Ele não faz isso porque é malvado, e sim porque há falta de conhecimento e priorização em toda a população", pondera. Para o ativista, foi a presença do Parque Estadual do Delta do Jacuí que salvou Porto Alegre de enchentes na época da cheia do Guaíba, em 2015, e não a existência dos muros de contenção na avenida Mauá.
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