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Opinião

- Publicada em 03 de Dezembro de 2015 às 16:20

Culturas indígenas, culturas negras

Do Jornal do Comércio (02/12/2015): "MEC quer dar mais destaque à História do Brasil e das Américas". Difícil explicar a resistência preconceituosa ao conhecimento e divulgação de nosso passado indígena e negro. Octavio Paz dizia que Arnold Toynbee reduziu toda a civilização humana à egípcia, grega, suméria, chinesa e indiana as quais trocaram entre si através dos tempos, suas culturas, línguas e estilos de vida. Porém as civilizações americanas pré-colombianas nasceram e cresceram isoladas. Tiveram que fazer tudo originalmente. Separados do resto do mundo por mares, selvas, montanhas, sem dispor de animais domésticos, da roda, de metais, criaram a agricultura, os instrumentos de trabalho, a escritura (maias e incas), o calendário, a astronomia, os seus deuses. Inclusive inventaram o milho, a batata, o tomate, a mandioca, bases da alimentação que agora alimentam o mundo. A produção do milho é façanha mais surpreendente que a construção das pirâmides de Teotihuacán ou a criação de seus mitos e deuses, pois ele não é uma planta silvestre, mas um híbrido, produto do engenho humano.
Do Jornal do Comércio (02/12/2015): "MEC quer dar mais destaque à História do Brasil e das Américas". Difícil explicar a resistência preconceituosa ao conhecimento e divulgação de nosso passado indígena e negro. Octavio Paz dizia que Arnold Toynbee reduziu toda a civilização humana à egípcia, grega, suméria, chinesa e indiana as quais trocaram entre si através dos tempos, suas culturas, línguas e estilos de vida. Porém as civilizações americanas pré-colombianas nasceram e cresceram isoladas. Tiveram que fazer tudo originalmente. Separados do resto do mundo por mares, selvas, montanhas, sem dispor de animais domésticos, da roda, de metais, criaram a agricultura, os instrumentos de trabalho, a escritura (maias e incas), o calendário, a astronomia, os seus deuses. Inclusive inventaram o milho, a batata, o tomate, a mandioca, bases da alimentação que agora alimentam o mundo. A produção do milho é façanha mais surpreendente que a construção das pirâmides de Teotihuacán ou a criação de seus mitos e deuses, pois ele não é uma planta silvestre, mas um híbrido, produto do engenho humano.
Quando, no começo do século XIX, a burguesia europeia começou a abandonar o pensamento racional que até então a caracterizou, surgiram as diversas formas de irracionalismo e descobriram-se as fascinantes culturas "exóticas" ou "primitivas". Os intelectuais de vanguarda chamaram de primitivas as artes da África e da Oceania. Tratava-se de muita fantasia, pois pouco se conhecia dos povos ditos selvagens. Mas com as facilidades das comunicações, a intelectualidade europeia começou a ter relações mais íntimas com as culturas desses povos. E a partir daí, o que chamaram de "africanismo" foi uma nova etapa de uma longa marcha de assimilação de culturas não europeias. E a cultura negra foi seguida pela "chinoiserie", pelo Oriente islâmico e pelo "japonesismo".
Desde então, inúmeros pintores, escultores, escritores passaram a reproduzir estilos e técnicas das artes africanas e orientais. Dos surrealistas André Breton e Benjamin Péret surgiu o movimento da "negritude". Na América, ninguém melhor que os mexicanos têm maior respeito e admiração pelo seu passado pré-colombiano. No Museu Nacional de Antropologia são reverenciados importantes artefatos arqueológicos e antropológicos das culturas astecas, toltecas e maias. E grandes figuras das vidas administrativa e intelectual como o próprio Octavio Paz e seus admiráveis muralistas se orgulham de terem ancestrais indígenas. Mas entre nós é triste o destino dos negros e índios excluídos nas favelas, na beira das estradas e dos livros de história.
Médico, membro da Academia
Rio-Grandense de Letras
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