A Educação precisa de portas abertas

O ensino público vive dias sombrios. De Norte a Sul do País, a falta de investimento e o autoritarismo das secretarias de educação tornam a prestação desse serviço, essencial ao desenvolvimento social e econômico, extremamente precarizada.

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo nos dá atualmente uma amostra da falta de sensibilidade e bom senso dos gestores públicos. Indica para o próximo ano o processo de enturmação e o fechamento de 94 escolas da rede estadual. Isso motivou a reação das comunidades escolares, que já ocuparam mais de 40 estabelecimentos de ensino em protesto contra tais ataques.

Porto Alegre não está tão longe deste quadro. A Secretaria Municipal de Educação vem comunicando algumas escolas da interrupção da oferta da modalidade EJA (Ensino de Jovens e Adultos), onde professores e alunos serão deslocados para outras unidades. Cabe destacar que a maioria das escolas da rede municipal situa-se em comunidades carentes muitas dominadas por grupos ligados ao narcotráfico. Deslocar jovens e adultos para comunidades vizinhas, sob o domínio de grupos rivais, comprometerá sua integridade física, arriscando suas vidas e fazendo com que boa parte deles não conclua os estudos.

Espero que os ventos da indignação da juventude paulista soprem para o Rio Grande do Sul, demonstrando que o pertencimento e a identidade das escolas com as comunidades devem ser respeitados acima da frieza dos números. Os gestores precisam valorizar acima de tudo a vida, priorizando a segurança e o bem-estar dos educandos, para que haja um pleno aproveitamento das oportunidades ofertadas. Resta à população resistir, manifestando contrariedade aos ataques contra seus direitos fundamentais, como a educação. Somemos nossas vozes às dos ameaçados, ajudando na luta dos que querem transformar suas realidades em um destino melhor, pois, como disse Paulo Freire: "Educação não transforma o mundo. A educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".

Vereador de Porto Alegre (P-Sol)