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Economia

- Publicada em 29 de Dezembro de 2015 às 21:57

Opinião econômica: Fazer o óbvio

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa


Arquivo/JC
Infelizmente, deu tudo errado para a economia brasileira em 2015. Gosto de encarar os desafios com otimismo, mas é preciso reconhecer que o Brasil andou para trás neste ano que termina e que as perspectivas para 2016 não são animadoras. Se pudesse resumir em uma frase a razão desse insucesso, diria que deixamos de fazer o óbvio (não confundir com fácil).
Infelizmente, deu tudo errado para a economia brasileira em 2015. Gosto de encarar os desafios com otimismo, mas é preciso reconhecer que o Brasil andou para trás neste ano que termina e que as perspectivas para 2016 não são animadoras. Se pudesse resumir em uma frase a razão desse insucesso, diria que deixamos de fazer o óbvio (não confundir com fácil).
Passamos o ano inteiro discutindo ajuste fiscal, que é importante, mas não pode ser o objetivo de uma política econômica. O objetivo deve ser o crescimento da produção, do emprego e da renda. E isso ficou em segundo plano.
Para atingir esse objetivo, deveríamos ter trabalhado em busca de mecanismos para recuperar a indústria e sua competitividade. Em vez disso, deixamos a indústria na penúria, recuamos nas desonerações e tentamos aumentar ainda mais os impostos sobre a atividade produtiva. E a indústria continuou a afundar na comparação com as de competidores emergentes, como China, Índia e outros.
Observe, caro leitor, que coloco os verbos na primeira pessoa do plural: "passamos", "deixamos", "tentamos" etc. Isso porque toda a sociedade brasileira, incluindo políticos, trabalhadores e empreendedores, se embaralhou de tal forma com os problemas que o País ficou paralisado.
Passamos a considerar normal uma aberração brasileira, os juros exorbitantes, que custaram mais de R$ 400 bilhões ao Tesouro no ano. Num momento em que o mundo se contentou com taxas próximas de zero, o Brasil trabalhou na faixa de 14% ao ano, sem que os efeitos para a contenção da inflação fossem notados. Pouca gente se rebelou contra isso no setor produtivo, num ambiente de conformismo e proeminência da área financeira raras vezes visto na economia brasileira.
Nesse clima, deixamos de promover a necessária reforma tributária e também de estabelecer novos marcos regulatórios para dar mais segurança jurídica aos investimentos. E esquecemos completamente o combate à burocracia infernal que impõe custos elevados às empresas e aos cidadãos.
O único resultado positivo do ano foi o ajuste cambial, que restituiu alguma competitividade ao produto brasileiro de exportação e mudou a tendência das contas externas para melhor. De janeiro a novembro, o deficit externo ficou em US$ 56,4 bilhões, US$ 36 bilhões a menos que o verificado no mesmo período do ano passado. Essa queda se deu por causa da desvalorização do real, mas também pela fraqueza da economia e pela consequente redução de importações.
A tarefa para 2016 é árdua. A destruição de riquezas verificada neste triste ano de 2015 não pode persistir. Vamos certamente continuar emaranhados na crise política por algum tempo, mas, mesmo assim, qualquer que seja o seu encaminhamento, teremos de combater o inimigo número um dos brasileiros neste momento, a recessão econômica.
Não é necessário fazer milagres, só o óbvio: dar fôlego à indústria, aliviar os juros, estimular o crédito e o consumo, acelerar concessões, cortar gastos públicos correntes, modernizar a Previdência e as leis trabalhistas, eliminar burocracias, manter o câmbio competitivo.
É uma longa batalha para todos nós, que só começa em 2016.
Feliz Ano-Novo!
Diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa
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