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Teatro

- Publicada em 02 de Dezembro de 2015 às 13:09

Ainda existe gente assim, quem diria?

Há umas (poucas) pessoas que possuem a vocação da pesquisa. Outras, ainda, possuem a inspiração da dedicação à comunidade: não se preocupam com lucros monetários advindos de seu trabalho. Contentam-se com o fato de poderem realizar um trabalho de pesquisa e contribuírem, assim, com o conhecimento humano, em especial, de sua e para a sua comunidade.
Há umas (poucas) pessoas que possuem a vocação da pesquisa. Outras, ainda, possuem a inspiração da dedicação à comunidade: não se preocupam com lucros monetários advindos de seu trabalho. Contentam-se com o fato de poderem realizar um trabalho de pesquisa e contribuírem, assim, com o conhecimento humano, em especial, de sua e para a sua comunidade.
Assim é Antenor Fischer. Conheci-o há alguns anos, quando ele estava escrevendo os verbetes do Dicionário de autores da literatura dramática do Rio Grande do Sul. O que foi uma façanha. Com paciência de Jó, ele vasculhou arquivos, coleções, livros, jornais ao longo de anos. Na verdade, o dicionário, de certo modo, anunciava os demais produtos de seus esforços. Um volume denominado A literatura dramática do Rio Grande do Sul, do século XIX - Subsídios para uma história, que constituiu sua dissertação de mestrado. Depois, foi a vez de A literatura dramática do Rio Grande do Sul - De 1900 a 1950, que constituiu sua tese de doutorado. Estes dois trabalhos foram realizados sob a supervisão do Irmão Elvo Clemente (já falecido), no Programa de Pós-Graduação em Letras da Pucrs. No mesmo programa, mas sob a orientação de Maria Eunice Moreira, Antenor Fischer produziu uma Antologia da literatura dramática do Rio Grande do Sul - Século XIX, num primeiro projeto de pós-doutorado. Por fim, o dicionário, sob a orientação de Luís Augusto Fischer (parente, mas sem nepotismo...), foi o resultado de outro estágio pós-doutoral, desta vez, na Ufrgs. Ou seja, de 2003 a 2015, Antenor Fischer debruçou-se decidida e pioneiramente na organização de dados dispersos ma respeito da dramaturgia sul-rio-grandense.
O primeiro produto concreto resultou no dicionário. Mas ninguém queria publicá-lo!!!! Então, Fischer criou uma editora própria, a Fischer Press, e imprimiu o volume, com 350 páginas. Não satisfeito, resolveu publicar a antologia e, mais uma vez, sem apoio, imprimiu nove volumes, muito bonitos, absolutamente pioneiros, para divulgar este material praticamente inédito, ao menos, nesta organização que ele lhe deu. São oito volumes temáticos: Autores primordiais e textos fundadores; A desonra como machina fatalis; O jesuitismo na alça de mira; O divórcio em cena; O drama abolicionista; O ideal republicano; a mulher como autora (só este volume valeria toda uma tese...); e A comédia. Um nono volume, com capa diferenciada (ao invés do preto dos demais, um amarelo bem alegre e leve, literalmente primaveril) reúne os estudos temáticos que se encontram distribuídos nos demais volumes. Ou seja, quem quiser ter apenas um dos volumes, com a parte teórica, pode ficar apenas com este volume especial.
Como toda esta iniciativa é extremamente dispendiosa (digitação, diagramação, edição, impressão etc.), Antenor Fischer fez cerca de 20 coleções apenas, para distribuir a bibliotecas e alguns pesquisadores. Mas colocou todo o seu trabalho à disposição dos interessados, através da internet. Ou seja, qualquer curioso, interessado ou pesquisador passa a ter acesso a este acervo extraordinário, reunido ao longo de anos, numa só obra, introduzida, grupalmente, por estes estudos que, por si só, já mereceriam o entusiasmo de quem estuda o tema.
Neste meio tempo, ainda encontrou disposição para escrever e publicar (também por conta própria) Em busca do sentido perdido - O Caminho de Santiago, projeto que talvez explique sua força e sua perseverança para os demais projetos.
Agora, estão faltando os estudos sobre a literatura dramática sul-rio-grandense do século XIX e do século XX, em sua primeira metade. Se o Brasil fosse um País sério e o Rio Grande do Sul valorizasse sua cultura, a gente levantaria um monumento a Antenor Fischer para tentar aproximar-se do monumento que ele nos lega. Talvez ele não queira. Mas talvez ele se alegrasse se o IEL ou a Secretaria Municipal de Cultura ajudassem a financiar esses dois volumes restantes. Com a palavra, Roque Jacoby e Victor Hugo.
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