O teatro em 2015 foi marcado pela diversidade. As quatro direções do céu ganhou o Prêmio Braskem de melhor espetáculo e melhor diretor (Camilo de Lélis) pelo júri oficial. O mal-entendido, com direção de Daniel Colin, venceu quatro Prêmios Açorianos.
Língua Mãe.Mameloschn colocou em cena três gerações de uma família judia e venceu o Açorianos de melhor espetáculo. Cadarço de Sapato marcou um momento de renovação da Cia. Teatrofídico. A peça é uma homenagem à dramaturga britânica Sarah Kane e levou três Prêmios Açorianos de Teatro: melhor direção (Eduardo Kraemer), ator (Renato Del Campão) e cenografia (Alexandre Navarro). Qual a diferença entre o charme e o funk? deu visibilidade à cultura e à memória negra dos jovens.
Vale lembrar dois espetáculos que deram o que falar: o solo Eu, que marcou o retorno de Suzana Saldanha (do antigo o Grupo de Teatro Província) a Porto Alegre depois de 30 anos no Rio de Janeiro, e Lujin, com Anderson Moreira, que utilizou linguagem híbrida para falar de solidão.
Em relação ao teatro para crianças, Cuco - A linguagem dos bebês no teatro, da Cia. Caixa do Elefante, arrecadou a maioria dos prêmios do Troféu Tibicuera. Destacou-se também É proibido miar que incorpora à dramaturgia os recursos de audiodescrição e Libras. Levou três Tibicueras.
Na dança, o ano também foi marcado por diversos ritmos. Adágio, da Cia. Municipal de Dança de Porto Alegre, contou com quatro coreografias. Corpobolados colocou em diálogo tango e malabarismo com os artistas Gabriel Martins, Giovanni Vergo e Paola Vasconcelos (vencedora de melhor bailarina no Açorianos de Dança). O trio levou o prêmio de melhor coreografia.
Também merece destaque 4 x 3 x 2 - Quatro trilogias dançadas a dois, do Grupo Laços - Dança de Salão Contemporânea. A montagem rendeu o prêmio de melhor direção para Izabela Gavioli e Lélio Santos.
Já Etnias, do Grupo Kadima, se destacou por trazer ao palco várias etnias que compõem o povo judeu. Levou os prêmios de Espetáculo do Ano e Produção, além do Prêmio de Destaque em Danças Folclóricas/Étnicas no Açorianos de Dança. Vale registrar ainda o espetáculo de circo Espaço Arcabouço, de Gabriel Martins, que repensa o que é malabarismo.
É importante ressaltar que as manifestações circenses estiveram em alta em 2015. Sugiram dois novos festivais que trabalham essa linguagem em cidades do Interior: Santa Maria e Pelotas. Também foi em 2015 que o Circo Girassol, de Dilmar Messias, completou 15 anos.
A 10º edição da Bienal do Mercosul, recém encerrada em Porto Alegre, foi o fato mais marcante das artes visuais neste ano. O fator crise - que atingiu a cultura como um todo - respingou também na megaexposição, reduzindo o orçamento e obrigando a curadoria a reorganizar o evento. No total, conforme balanço divulgado em dezembro, cerca de 400 mil visitantes passaram pelos corredores ou participaram de atividades ligadas à mostra.
Com menos países representados e, consequentemente, também menos obras, a Bienal do Mercosul sofreu um atraso na abertura - tudo para que a equipe pudesse reformatar a proposta curatorial.
Apesar de tudo e das críticas negativas, a mostra abriu em outubro utilizando cinco espaços expositivos: Usina do Gasômetro, Margs, Memorial, Instituto Ling e Santander Cultural. Durante dois meses e meio, sete exposições e diversas atividades importantes, como o projeto educativo, movimentaram a cena artística da cidade.
Foi uma Bienal reflexiva, de sobrevivência em um contexto econômico e político conturbadíssimo. O saldo, como ressalta o curador-chefe, Gaudêncio Fidelis, é positivo. "A trajetória da Bienal do Mercosul é marcada por uma história de superação de modelos, desafios e ideias desde o seu início e assim continuará sendo", afirma.