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Consumo

- Publicada em 14 de Dezembro de 2015 às 18:35

Produtos de menor custo viram iscas do comércio nas vitrines de Natal

Rabusch aposta em produtos mais em conta, como blusas e camisas com valores entre R$ 39,00 e R$ 99,00

Rabusch aposta em produtos mais em conta, como blusas e camisas com valores entre R$ 39,00 e R$ 99,00


JOÃO MATTOS/JC
As vitrines mostram o que os varejistas gaúchos esperam de resultados do primeiro Natal de crise da década: descontos de até 70%, sorteios de viagens e de valores em dinheiro, produtos baratos reunidos em kits de presentes e outros com preços mais acessíveis buscam atrair a atenção dos consumidores na última semana de dezembro. Vale tudo para manter o nível de vendas registrado neste período em 2014: até promover evento com direito a belisques, drinques e música para criar um clima bacana, a fim de que a clientela relaxe e se sinta à vontade para gastar.
As vitrines mostram o que os varejistas gaúchos esperam de resultados do primeiro Natal de crise da década: descontos de até 70%, sorteios de viagens e de valores em dinheiro, produtos baratos reunidos em kits de presentes e outros com preços mais acessíveis buscam atrair a atenção dos consumidores na última semana de dezembro. Vale tudo para manter o nível de vendas registrado neste período em 2014: até promover evento com direito a belisques, drinques e música para criar um clima bacana, a fim de que a clientela relaxe e se sinta à vontade para gastar.
Em compensação, nada de contratação de vendedores temporários. A saída é deslocar equipes de outros departamentos das empresas para ajudar nas vendas. Foi o que fez o diretor da marca de roupas femininas Rabusch, Alcides Debus. "Investimos muito em motivação e treinamento de pessoas, e colocamos alguns funcionários da fábrica e os da área administrativa para ajudar nas lojas", admite o empresário.
Com a medida, Debus compensou em parte a alta dos custos da folha de pagamento e dos aluguéis dos pontos das operações. "As despesas subiram muito este ano, na faixa de 10%, sendo que nossa previsão de receita é de crescer 6% nominal, o que em termos reais é -4% em comparação a dezembro do ano passado", compara. "Além disso, vemos um comportamento de consumo mais racional e cauteloso neste final de ano. Por isso, estamos trabalhando muito os itens de preços acessíveis e os produtos fáceis de se presentear, como blusas e camisas com valores entre R$ 39,00 e R$ 99,00", completa Debus, que investiu de forma mais "modesta" nas vitrines.
Dirigente da Câmara de Lojistas de Porto Alegre, o diretor da Rabusch comenta que a estratégia é quase unânime: em toda a cidade, há muitas lojas "apelando" para promoções fora de época. "Desde novembro, boa parte dos varejistas está abrindo mão das margens de lucro, ao contrário do que acontecia em anos anteriores - quando as liquidações iniciavam depois do Natal. Provavelmente, os estoques estão mais cheios do que o esperado e há preocupação com geração de fluxo", argumenta. Com tanto esforço, ao menos na Rabush o gestor garante que as vendas estão boas. "Estamos bastante animados. Em novembro crescemos 3% (real). Ainda assim temos consciência que em dezembro vai ser difícil fechar como no ano passado, quando a crise não tinha chegado da forma como está atualmente."
Ao perceber que a demanda de Natal está mais tímida que a dos meses anteriores, a estilista e proprietária da loja Clássica com Pimenta (localizada no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre), Lessandra Fraga não pensou duas vezes e partiu para a liquidação antecipada. Até o final deste mês, a loja está com 20% de desconto em todas as peças e na semana passada (dias 15 e 16 de dezembro) promoveu dois dias de eventos com promoções de 30% a 70% em roupas e acessórios. Nas duas ocasiões, serviu quitutes e cerveja artesanal para as clientes, enquanto uma artista tocava e cantava ao violão. Tudo a fim de deixar o clima mais descontraído. "Até aula de automaquiagem as consumidoras ganharam", conta a empresária. "Está bem difícil das pessoas gastarem, então proporcionando mais conforto e um ambiente legal, elas se sentem mais à vontade para comprar."
Outro atrativo que Lessandra encontrou foi dar de brinde bolinhos, chaveiros e sacolas natalinas com tecidos sustentáveis para quem comprar na loja, cujo mote é alfaiataria divertida para mulheres. Segundo o consultor e professor de varejo, Gildo Sibemberg, as operações que adequarem produtos natalinos que representem uma alternativa mais barata e funcional para o consumidor terão bom desempenho. "Inovar e criar alternativas é o caminho", garante. "Sem dúvida, este será o Natal da lembrancinha. As pessoas devem manter o volume de cinco presentes - que é o habitual de anos anteriores -, mas devem baixar o valor médio das compras", pontua o especialista.

Brindes como 'plus' das compras

É difícil encontrar quem não goste de ganhar um brinde ou participar de um sorteio. Pelo menos esta é a visão de alguns lojistas que optaram por investir desde em pequenos mimos até grandes prêmios para a clientela que consumir. Na Rabusch, apesar da aposta nas lembrancinhas, a estratégia de vendas também passa pelo incentivo de que as consumidoras levem produtos com ticket médio mais elevado. "Tem funcionado bem", garante o diretor da marca, Alcides Debus. A empresa desenvolveu chaveiros com tecidos sustentáveis, latas com a marca Rabusch, sacolas de tecido para colocar lixo ou objetos no carro, e também uma sacola reutilizável para embalar os presentes de Natal. "São itens que servem de plus nas compras", observa o diretor da marca.
De acordo com o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado (FCDL-RS), fora da Capital os lojistas gaúchos também estão colocando "mãos à obra" para destacar a data comemorativa e elevar as vendas do comércio varejista no período de Natal. "Diversas Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) associadas à entidade estão promovendo campanhas que além de despertar o espírito natalino, ajudam a atrair os consumidores", garante o presidente da entidade, Vitor Augusto Koch. Entre as promoções, há oportunidade do consumidor concorrer a prêmios, através de sorteios de automóveis zero quilômetro, motocicletas, televisões, móveis, notebooks e premiações em dinheiro.
Em Bento Gonçalves, a CDL local está promovendo a campanha Bento Natal 2015, com diversos sorteios. De acordo com o presidente da entidade, Marcos Carbone, a campanha para o público vale até 24 de dezembro. "Além disso, oferece oportunidades de qualificação para o setor de comércio e serviços da cidade, como curso de vitrinismo natalino, motivação da equipe de vendas e treinamento em atendimento", enumera.
Em Caxias do Sul, a CDL do município, em parceria com a prefeitura municipal e o Sesc, é promotora do Natal Brilha Caxias 2015, com a temática, que conta com decorações luminosas e uma árvore de 20 metros de altura, instalada na praça Dante Alighieri. Uma promoção, que ocorre até 06 de janeiro de 2016, busca resgatar "a magia" da decoração natalina dos anos 1960 a 1980. Entre as atrações, concertos de orquestra nas igrejas, opereta de Natal do Coro Municipal de Caxias do Sul, serenatas de Natal na praça Dante Alighieri, além de atividades em bairros e distritos caxienses. A ideia é despertar a autoestima dos consumidores, explica a dirigente da entidade local, Analice Carrer.
Na região do Planalto gaúcho, a CDL de Carazinho promove o Natal Alegria 2015, que na edição deste ano irá sortear 25 prêmios alusivos aos 25 anos da campanha, entre os quais, vale compras de até R$ 1 mil e um automóvel zero quilômetro. A cada R$ 50,00 em compras, o consumidor recebe um cupom para concorrer aos prêmios, limitado a 20 cupons por compra. "Outros vários municípios estão incentivando lojistas e consumidores", destaca o presidente da FCDL-RS. O dirigente avalia que as iniciativas das entidades do comércio ajudam a levar o consumidor até as lojas, incrementando a economia local e reforçando o caixa do varejo dos municípios que se engajarem nestas ações. "É um atrativo muito importante, pois permite ao lojista ofertar um diferencial à sua clientela."

Perfis AA, A e B estão no foco das campanhas

Aracheine afirma que o público de alta renda tem boa receptividade às tentações das promoções

Aracheine afirma que o público de alta renda tem boa receptividade às tentações das promoções


JOÃO MATTOS/JC
Engana-se quem pensa que só as classes C, D e E estão precisando de um empurrãozinho para comprar neste Natal. À frente da gerência da loja de artigos femininos Capodarte (braço do Grupo Paquetá com foco em consumidoras das classe AA, A e B), Aracheine Molarinho Fagundes afirma que também o público de alta renda tem se rendido às campanhas de incentivo e relacionamentos com clientes. "Este perfil de consumidora, que já tem tudo, é ainda mais difícil de fisgar", garante. "Mas apostamos naquelas mulheres que são profissionais liberais e que precisam estar sempre bem-vestidas", pondera.
Na estratégia de Natal da Capodarte está a oferta de brindes, como uma toalha de praia para quem comprar acima de R$ 500,00, e cupons para concorrer a R$ 10 mil em produtos e outros R$ 10 mil para serem doados para uma instituição eleita pela consumidora contemplada, que são entregues a cada R$ 300,00 gastos nas compras de final de ano. "Nosso ticket médio é de R$ 446,00. Então, essas são formas de a cliente comprar mais de um produto", explica a gerente. Além da possibilidade de ganhar presentes extras a cada compra, quem entrar na Capodarte para escolher um mimo de Natal com certeza será muito "mimada", garante a gerente. "Já é de praxe oferecermos o melhor atendimento, regado a licor, café, água, bombom, espumante, em um ambiente todo planejado para que a pessoa se sinta muito bem", comenta Aracheine. "Isso está relacionado ao perfil do nosso público, feito de mulheres sofisticadas, que gostam de produtos modernos e confortáveis, com um design arrojado."
Neste ano, a maior saída de presentes da Capodarte tem sido de itens mais em conta, como bolsas, sapatilhas, rasteiras e bolsas de praia. "Estamos vendendo bem, pois estamos com bastante produtos com desconto, a exemplo das rasteirinhas de R$ 195,00." Mesmo com todo o luxo, a operação da marca no shopping Iguatemi não contratou funcionários temporários para as vendas de Natal. "Não houve necessidade. Estamos com o quadro completo", resume Aracheine. De acordo com a gerente, também o estoque permanece com o mesmo volume utilizado no período de final de ano em 2014. "Estamos otimistas. Nos últimos três meses, teve um pequeno incremento real em relação ao ano passado, muito em vista de que a loja cresceu e mudou ponto", comenta a gerente. Pelos cálculos da comerciária, neste ano, a filial do Iguatemi deve fechar com 35% de crescimento.
 

Negociação e margem de lucro menor

Mesmo com uma de redução de 20% no ticket médio das compras de Natal, o varejo busca oferecer produtos com preços que sejam bom negócio para o cliente. Negociar com os fornecedores e apertar margens, para que haja fluxo de mercadorias e rotatividade de produtos, também será fundamental, não só para as vendas de final de ano, mas também para os dois primeiros meses de 2016. "Normalmente, as comercializações em janeiro e fevereiro são extremamente difíceis, e essas iniciativas serão inevitáveis", sentencia o presidente da FCDL-RS, Vitor Koch.
Para a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce-RS), os empreendimentos que reúnem um maior número de operações levam vantagem, pois permitem aos consumidores uma possibilidade maior de comparação. "Hoje, não existe diferença de preço de loja de rua e de shopping", afirma o coordenador estadual da Abrasce, Marco Aurélio Jardim Neto. "Tem muito lojista que está negociando com fornecedor para poder vender com um preço melhor", afirma o dirigente.
No entanto, seja em shoppings ou nas ruas, Neto acredita que, neste ano, os consumidores que deixaram para comprar na última semana de dezembro terão outro fator a gerar desconforto. "Os lojistas não investiram muito na contratação de temporários, o que é justificável, uma vez que é preciso considerar que o empresário tem que se preparar para o período sem assumir custos maiores, uma vez que ninguém sabe o que vai ser das vendas em época de crise." Segundo a FDCL-RS, o número de contratações temporárias para o período de vendas do Natal de 2015 é semelhante ao do ano passado: cerca de 14,8 mil pessoas no Estado.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Gustavo Schifino, ameniza: "Acredito que o Natal não será ruim. Os varejos de confecções, acessórios e perfume, por exemplo, que são áreas de menor ticket médio, devem apresentar um bom desempenho". Também o setor de brinquedos deve sair ileso da crise. "Criança não fica de fora da lista de presentes, e o varejo está fazendo o tema de casa. Nunca vi um mês de novembro com tantas promoções", avalia Schifino.

Compras devem ser planejadas, sugere educador financeiro

Antes de comprar presente de Natal, é preciso saber a quem se quer presentear, portanto fazer uma lista é o primeiro passo para o consumo consciente, sugere o educador financeiro Reinaldo Domingos. "É inteligente evitar presentear a todos com produtos caros. Pode-se analisar caso a caso e priorizar pessoas mais próximas, optando por lembrancinhas para as demais."
Caso o consumidor não tenha dinheiro sobrando, deve conversar com a família sobre o problema, sugere. A pesquisa e a antecedência também farão grande diferença no orçamento, completa Domingos. "Com a crise, é possível aproveitar as muitas promoções nas lojas, mas também os sites de compra coletiva, sem se descuidar da confiabilidade destes portais."
Outra dica de Domingos é deixar algumas compras para depois do Natal, aproveitando as grandes liquidações e descontos mais interessantes. "É sempre fundamental evitar os parcelamentos. Na compra à vista, se obtém maiores descontos", destaca o educador financeiro. "O Natal é importante, mas não deve ser interpretado como data comercial, e sim como de união da família", aconselha.