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Congresso Nacional

- Publicada em 30 de Novembro de 2015 às 20:00

Irritado, Cunha fala em 'armação' conta ele

Deputado Eduardo Cunha desmente com veemência acusações sobre medida provisória

Deputado Eduardo Cunha desmente com veemência acusações sobre medida provisória


EVARISTO SA/AFP/JC
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse, ontem, que o vazamento de uma anotação que revelaria o pagamento de propina a ele pelo banqueiro André Esteves pode ter relação com o anúncio feito por ele de que decidiria sobre pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) nesta segunda-feira e que, portanto, deciciu adiar a divulgação de sua decisão sobre o impedimento; Cunha acrescentou que não quer que sua decisão se confunda com esse vazamento.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse, ontem, que o vazamento de uma anotação que revelaria o pagamento de propina a ele pelo banqueiro André Esteves pode ter relação com o anúncio feito por ele de que decidiria sobre pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) nesta segunda-feira e que, portanto, deciciu adiar a divulgação de sua decisão sobre o impedimento; Cunha acrescentou que não quer que sua decisão se confunda com esse vazamento.
Depois de ser ligado a um suposto pagamento de propina do banco de investimentos BTG Pactual, Cunha lembrou que, na semana passada, ele estipulou esta segunda-feira como prazo para se manifestar sobre os sete pedidos de afastamento da petista ainda pendentes. Cunha relacionou o surgimento de uma anotação que indica pagamento de R$ 45 milhões em propina a ele e a peemedebistas aos processos contra Dilma.
“Esse assunto tem de ficar muito claro para não confundir a minha decisão com ele. Eu acho até que o fato de ter anunciado que eu ia decidir hoje pode ter motivado isso aqui. É importante a gente aguardar. Então, provavelmente, eu não decidirei nada hoje (segunda-feira) em função disso”, afirmou o presidente da Câmara.
Já o documento com anotações de propina foi encontrado por agentes da Polícia Federal (PF) na casa do chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira. As anotações indicam que o BTG Pactual teria pago R$ 45 milhões a Cunha e a outros parlamentares do PMDB em troca de emenda a uma medida provisória (MP), para permitir o uso de créditos fiscais da massa falida do banco Bamerindus, de propriedade do BTG.
Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara convocou uma coletiva de imprensa para “reagir com bastante indignação” à documentação encontrada. Cunha não escondeu a irritação com o episódio, classificado por ele como uma “armação” e uma “armadilha”, e disse que não conhece o assessor Diogo Ferreira. Ele, no entanto, admitiu conhecer André Esteves, mas ponderou ter se reunido com diversos outros presidentes de bancos, entre eles Roberto Setúbal, do Itaú, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco.
O peemedebista apresentou uma série de documentos para tentar sustentar a tese de que a sua emenda não beneficiaria o banco de André Esteves, preso na semana passada, na 21ª fase da Operação Lava Jato. Segundo ele, a emenda apresentada à medida provisória 608, de 2013, prejudicaria os interesses do banco BTG Pactual, que havia adquirido a massa falida do Banco Bamerindus, e foi rejeitada pela comissão. Alteração de conteúdo semelhante, no entanto, foi incorporada à MP pelo relator à época, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
“Não tenho a menor dúvida de que ocorreu uma armação. O fato é absolutamente inexistente. A emenda que eu fiz prejudicou esse interesse que estão falando. Não havia o que comemorar se o que foi aprovado é contrário aos interesses dos bancos em liquidação”, afirmou Eduardo Cunha.

'Deputado não me disse nada sobre impedimento', informou Temer

O vice-presidente Michel Temer afirmou ontem que conversou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas que o peemedebista “não disse nada” sobre a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT).
Esta semana termina o prazo estabelecido pelo próprio Cunha para decidir se dá ou não prosseguimento aos pedidos de afastamento da presidente.
“Isso (deflagrar o impeachment) é decisão dele. Conversei, mas ele não me disse nada a respeito disso.” Temer, com a viagem de Dilma a Paris, é presidente da República em exercício até esta terça-feira.
O Palácio do Planalto monitora com apreensão os movimentos de Cunha no início desta semana. O peemedebista já ameaçou algumas vezes deflagrar o impeachment de Dilma caso o Conselho de Ética da Câmara abra o processo para sua cassação com a ajuda dos votos de deputados do PT.

PGR pede abertura de inquérito contra Renan, Jader e Delcídio

A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos para que sejam abertos dois novos inquéritos para investigar os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS) por indícios de lavagem de dinheiro e corrupção. Os casos serão analisados pelo ministro Teori Zavascki, relator das ações sobre o escândalo do petrolão na Corte.
Os dois pedidos de inquérito estão em segredo de Justiça e envolvem também o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), apontado pelos investigadores da Lava Jato como o preposto de Renan Calheiros no esquema de cobrança de propina em contratos fraudados na Petrobras.
Renan Calheiros já responde a outros inquéritos resultantes das investigações da Operação Lava Jato. Em um dos casos que motivou a abertura de investigação contra o presidente do Senado, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa informou às autoridades que Renan recebia dinheiro de empreiteiras contratadas pela estatal, realizava as negociatas em sua própria casa e recolhia propina da Transpetro, subsidiária da Petrobras então controlada por Sergio Machado, seu aliado. Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-diretor da Petrobras disse ter sido apadrinhado na Petrobras pelo PP e pelo PMDB e afirmou ter se reunido na casa do senador Romero Jucá (PMDB-RR), na casa Calheiros e também com o deputado Aníbal Gomes para discutir propina.
As diversas referências a Renan nos autos da Lava Jato, incluindo as recentes delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e do lobista Fernando Baiano, demonstram, segundo o Ministério Público, que o peemedebista atuava no esquema de corrupção e fraudes em contratos na Petrobras. A força-tarefa de procuradores questiona as doações eleitorais recebidas pelo senador, apontando que várias empresas estavam envolvidas no esquema de corrupção de parlamentares e que elas utilizavam o sistema de doações eleitorais para camuflar o real objetivo das movimentações de dinheiro: o pagamento de propinas.