A população brasileira vive o paradoxo de contestar os políticos e exaltar o Estado, afirma o cientista político Bruno Garschagen. Liberal monarquista e defensor da redução drástica das responsabilidade do Estado, Garschagen é autor do livro “Pare de acreditar no governo – por que os brasileiros não confiam nos políticos e amam o Estado”, lançado pela editora Record, este ano. Hoje à noite, o pesquisador palestra no 6º Colóquio do Fórum da Liberdade, em Porto Alegre.
Garschagen investigou as origens do que classifica como “intervencionismo estatal em todas as esferas da sociedade” se consolidou ao longo da história do Brasil. De acordo com o autor, a sociedade brasileira acredita que todos os problemas sociais, políticos e econômicos precisam ser resolvidos pelo Estado, ao mesmo tempo em que cada vez mais desacredita os responsáveis por gerir os recursos públicos: políticos.
“Não confiamos nos políticos e amamos o Estado, pedimos ao governo que tudo resolva. Estamos transferindo responsabilidades para o governo e essa conta é a própria sociedade quem paga, pois o governo nada produz, ele tudo retira da iniciativa privada, através dos tributos”, disse.
Garschagen afirma que desde o Brasil Colônia, passando pelo período do Império, até chegar à República, o Estado brasileiro construiu e consolidou uma estrutura de intervencionismo que só prejudica a sociedade. Defensor da monarquia, ele entende que este foi o período histórico no qual mais se teve liberdades – mesmo que às custas de uma sociedade escravagista, na qual pequena parcela dos homens eram livres. “Havia um sistema político pró-liberdade, com uma tentativa real de superar o patrimonialismo, algo inédito antes e depois deste momento”, afirma.
Crítico feroz dos governos petistas, o pesquisador disse que o partido levou a patamares elevados essa política. “O PT é a confluência de toda a tradição política autoritária que foi construída ao longo da história, pegando experiências construídas por outros governantes e institucionalizando essa situação. Isso resultou em uma crise que passamos atualmente. A experiência do PT é muito próxima daquela do período de regime militar, no que se refere às políticas desenvolvimentistas.”
O cientista político acredita que o Estado precisa ser reduzido a um valor mínimo e dá como exemplo os ministérios: considera mais de cinco pastas “uma aberração”. “Não tenho a forma ideal do Estado, faço um diagnóstico, talvez algumas questões de educação, saúde e Justiça devessem ser assumidas, mas não deveria haver um sistema universal”, defende.