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Congresso Nacional

- Publicada em 11 de Novembro de 2015 às 19:43

Sem explicações, PSDB abandona Eduardo Cunha

'Ele não esclareceu, não convenceu', avalia o líder Carlos Sampaio

'Ele não esclareceu, não convenceu', avalia o líder Carlos Sampaio


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
Irritada com a demora do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em dar andamento ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), a bancada do PSDB elevou o tom e oficializou, nesta quarta-feira, o pedido de afastamento do peemedebista do comando da Casa.
Irritada com a demora do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em dar andamento ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), a bancada do PSDB elevou o tom e oficializou, nesta quarta-feira, o pedido de afastamento do peemedebista do comando da Casa.
A decisão ocorre depois que Cunha apresentou sua defesa à imprensa sobre os negócios que irrigaram suas contas secretas no exterior. Para os tucanos, a manifestação de Cunha foi um "desastre", "inconsistente" e seria melhor se ele permanecesse em silêncio.
"Ele não se explicou, não convenceu nem a bancada do PSDB, nem o País. Ele fez alegações soltas, sem consistência e sem o necessário respaldo de provas", afirmou o líder do PSDB, Carlos Sampaio. A bancada se reuniu na noite desta terça para tomar a decisão. Sampaio vinha sendo pressionado pelos tucanos a se manifestar de forma mais contundente contra o encrencado Eduardo Cunha.
Para o Ministério Público, Cunha manteve contas no exterior que serviam para abrigar dinheiro de propina proveniente do escândalo de corrupção da Petrobras. Nos bastidores, no entanto, o partido continuava dando um apoio velado ao peemedebista por entender que ele seria personagem-chave para dar andamento ao processo de impeachment de Dilma Rousseff. Porém, depois da explicação de Cunha de que o dinheiro não seria fruto de corrupção, mas sim da venda de carne enlatada na África, e da falta de documentações para embasar a defesa, a bancada decidiu reforçar o posicionamento.
Apesar de planejar pedir formalmente o afastamento de Cunha em manifestação no plenário, o PSDB afirma que não vai tomar novas medidas contra o peemedebista, tampouco pressioná-lo a deixar o cargo. "Não há necessidade de fazê-lo. Ele já está sendo julgado. O nosso foco é a Dilma. Queremos iniciar o processo de impeachment. O do Cunha não só se iniciou, como tem data marcada para a entrega da defesa e julgamento marcado. Não vamos perder nossos esforços cuidando de alguém que já está para ser julgado", afirmou Carlos Sampaio. Internamente, a bancada chegou a discutir medidas mais duras, como entrar em obstrução até que Cunha deixasse o posto, mas houve o entendimento de que isso iria "parar a Casa".
A nova ação contra Cunha está fortemente ligada às articulações em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A oposição passou a questionar a sustentação dada ao peemedebista depois que ele começou a fazer acenos ao Planalto, em um jogo de salvação mútua: o governo evitaria a cassação de Cunha no Conselho de Ética, enquanto ele paralisaria qualquer processo contra a petista. "Eles estão num jogo de empurra, e não dá mais para ficar nesse jogo. Não dá mais para esperar a conveniência para um assunto grave como esse. Dois pesos, duas medidas", resumiu o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).
Outros dois partidos de oposição - PPS e DEM - ainda estudam se vão acompanhar o PSDB em outra investida contra Cunha.
O entendimento é que, se todos os opositores ao governo o abandonarem, Eduardo Cunha verá seu futuro político nas mãos de petistas, que representam a maior parte das assinaturas no Conselho de Ética.
"Quero vê-lo no colo do PT. Será que vão realmente salvá-lo?", disse um deputado de oposição, referindo-se ao pedido do ex-presidente Lula para a bancada poupar Cunha e manter o foco na aprovação do ajuste fiscal.

Líderes da base aliada reagem à decisão e apoiam peemedebista

Por iniciativa do líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), líderes da base aliada estão assinando nota em defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em uma reação ao rompimento anunciado nesta terça-feira pelo PSDB. A nota trata basicamente da garantia ao amplo direito de defesa de Cunha e da necessidade de dar continuidade às votações da Casa, evitando que o processo por quebra de decoro contra ele paralise o andamento das matérias na Casa. Já confirmaram que assinaram a nota, além de Moura e do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), os líderes do PSD.
"Respeito o posicionamento do PSDB, mas, se todo mundo romper com ele, o que será dessa Casa? Vamos tirar do presidente o direito de se defender? Ele será julgado pelo Conselho de Ética, mas tem todo o direito de se defender", justificou Rogério Rosso.