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Opinião

- Publicada em 17 de Novembro de 2015 às 15:40

Mariana, uma tragédia que poderia ter sido evitada

Claro que falar depois dos acontecimentos, com análises, teorias e muito "achismo", é fácil. Afinal, os fatos estão ali, expostos à opinião pública. No entanto, tudo indica que uma combinação de incúria administrativa, falta de precauções maiores na segurança e muita chuva acabaram na maior tragédia ambiental jamais ocorrida no Brasil, acabando com a fauna do histórico rio Doce. Duas barragens da mineradora Samarco, uma associação da Vale com a australiana BHP Billiton, se romperam na cidade de Mariana, em Minas Gerais. Nessas barragens, havia lama, rejeitos sólidos, zinco, soda cáustica e "até água". Esses detritos são resultado da mineração na região.
Claro que falar depois dos acontecimentos, com análises, teorias e muito "achismo", é fácil. Afinal, os fatos estão ali, expostos à opinião pública. No entanto, tudo indica que uma combinação de incúria administrativa, falta de precauções maiores na segurança e muita chuva acabaram na maior tragédia ambiental jamais ocorrida no Brasil, acabando com a fauna do histórico rio Doce. Duas barragens da mineradora Samarco, uma associação da Vale com a australiana BHP Billiton, se romperam na cidade de Mariana, em Minas Gerais. Nessas barragens, havia lama, rejeitos sólidos, zinco, soda cáustica e "até água". Esses detritos são resultado da mineração na região.
Foram 128 residências atingidas pela onda de lama e dejetos. São 10 mortos e ainda há 11 pessoas desaparecidas, entre funcionários da mineradora Samarco e moradores dos distritos de Bento Rodrigues e Camargos. Os detritos das barragens tomaram conta do rio Gualaxo e chegaram ao município de Barra Longa, a 60 quilômetros de Mariana e a 215 quilômetros de Belo Horizonte. Seis localidades de Mariana, além de Bento Rodrigues, foram atingidas. O chorume de metais liberado desceu pelo rio Doce e atingiu uma área de cerca de 10 mil quilômetros quadrados no litoral capixaba, seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Muitos criticam a mídia por ter se focado nos atentados de Paris e esquecido a tragédia de Mariana, que nos diz respeito diretamente. Mas, o terrorismo é algo premeditado, o rompimento de barragens, em tese, é crime culposo, não doloso.
O Ministério Público de Minas Gerais abriu inquérito para apurar as causas e responsabilidades. Sismógrafos registraram pequenos tremores na área duas horas antes do rompimento.
Porém, não há comprovação de que estes tremores teriam causado o acidente. O Ibama anunciou multa à Samarco em R$ 250 milhões, mas o valor, em acordo com o MPMG, chegou a R$ 1 bilhão. Nos Estados Unidos, por derramamento de petróleo no mar do Alasca, a British Petroleum pagou a bagatela de US$ 18,7 bilhões como indenização.
A Samarco é uma empresa privada, sendo que a Vale, mineradora que era estatal e foi privatizada durante o governo FHC, é uma das acionistas, com participação de 50% no capital por meio de uma joint venture com a BHP, a maior empresa de mineração do mundo.
Entidades e voluntários se mobilizaram para receber donativos e acolher as vítimas que abandonaram suas moradias, cerca de 500 pessoas. Fica o exemplo para que tal tragédia não se repita. Temos tantas leis quase draconianas para problemas menores, como pesca ilegal e matar animais silvestres, e uma mineradora funciona perto de um rio importante e famoso, com um nome que diz bem da sua potabilidade e do qual tantas cidades tiram água para abastecer milhares de residências, mas sem duras regras para que algo como o ocorrido não venha a vitimar pessoas e destruir propriedades. Leis fortes e indenizações milionárias devem estar na legislação. Não trarão os mortos de volta, mas aumentarão as precauções.
Minas Gerais e Espírito Santo sofrem com a falta de ações preventivas que beiram à irresponsabilidade. A natureza estuprada, três milhões de pessoas e centenas de municípios estão ao longo dos mais de 700 quilômetros do rio Doce. Então, é fundamental fazer com que mineradoras tenham regras rígidas para proteger vidas humanas, o meio ambiente e o patrimônio ao seu redor. O que aconteceu jamais poderá se repetir.
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