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França

- Publicada em 29 de Novembro de 2015 às 21:44

Grupos protestam contra proibição de marcha pró-clima em Paris

Ativistas cobriram quase um terço da Praça da República com quatro toneladas de pares de sapatos

Ativistas cobriram quase um terço da Praça da República com quatro toneladas de pares de sapatos


MIGUEL MEDINA
Manifestantes desafiaram a proibição de protestos e reuniões populares na França e foram reprimidos pela polícia ontem, na Praça da República, no Centro de Paris. As manifestações estão proibidas desde o estabelecimento do estado de emergência, proclamado pelo presidente François Hollande na sequência dos atentados do Estado Islâmico (EI), no dia 13 novembro, que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos.
Manifestantes desafiaram a proibição de protestos e reuniões populares na França e foram reprimidos pela polícia ontem, na Praça da República, no Centro de Paris. As manifestações estão proibidas desde o estabelecimento do estado de emergência, proclamado pelo presidente François Hollande na sequência dos atentados do Estado Islâmico (EI), no dia 13 novembro, que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos.
No sábado, 24 ativistas ambientais foram colocados sob prisão domiciliar pelo governo francês. A medida levou ao cancelamento da marcha convocada por ambientalistas para ontem, véspera da abertura da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-21. Delegações de 196 países abrem hoje, em Paris, os debates sobre o futuro do clima da Terra.
O ato teria a Praça da República como ponto de partida e seguiria até a Praça da Nação, tradicional percurso de manifestações parisienses. Mesmo com a proibição, grupos e manifestantes avulsos ocuparam a praça desde cedo com cartazes, faixas e adesivos com inscrições como "o estado de emergência é climático", "ecologista é diferente de terrorista" e mensagens anticapitalistas e de defesa ao veganismo, por exemplo.
O confronto teve início após a polícia fechar todos os acessos à Praça da República com cordões de agentes e viaturas. Por volta das 13h50min (10h50min no Brasil), um grupo de manifestantes percebeu que uma das vias estava liberada e avançou um quarteirão, até se deparar com a barreira policial formada na Avenida da República.
Os grupos eram formados principalmente por jovens, que entoavam o slogan "estado de emergência, estado de polícia, não vão nos tirar o direito de manifestar". Líderes desse pelotão ameaçaram abrir passagem pelos policiais, mas foram reprimidos com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. Houve tumulto e gritaria e a situação só se acalmou depois de 20 minutos, quando o protesto recuou.
Pela manhã, entre a rua Obrkmpf e a Praça da Nação, manifestantes fizeram uma espécie de corrente humana na calçada - a formação passava diante da casa de shows Bataclan, onde morreram 89 pessoas nos atentados. Os ativistas também cobriram quase um terço da Praça da República com quatro toneladas de pares de sapatos, apontados para a Praça da Nação, simbolizando a marcha cancelada pelo estado de emergência.
Segundo informações da imprensa francesa, havia ali doações do Papa Francisco, do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e da atriz Marion Cotillard, que interpretou a Édith Piaf na cinebiografia da cantora, de 2008.

Pontos do acordo da COP-21 serão obrigatórios, diz chefe do encontro

A secretária executiva da COP-21, a costa-riquenha Christiana Figueres, afirmou ontem que pontos do acordo sobre mudanças climáticas serão "legalmente vinculantes", ou seja, terão força de lei entre os países que participam da conferência da ONU em Paris.
"É claro que vai ser um acordo legalmente vinculante", afirmou. "Mas é muito simplista achar que será da mesma maneira do Protocolo de Kyoto (1997). Isso é muito mais complexo. Nós temos diferentes níveis, natureza, de um acordo legalmente vinculante. O desafio é reunir todos esses aspectos. Não há um mais complicado que o outro", ressaltou a dirigente da conferência que começa hoje em Paris.
A expectativa é que cerca de 150 chefes de Estado estejam na capital francesa para a abertura da COP-21. O evento termina oficialmente no dia 11 de dezembro.
Christiana minimizou o teor de recente declaração do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de que o acordo a ser celebrado em Paris não teria efeito de cumprimento obrigatório pelos países que vão assiná-lo. "Kerry nunca disse que não haveria um acordo legalmente vinculante. O que ele disse é que não seria da maneira de Kyoto", argumentou.
Após a afirmação de Kerry, os líderes do G-20 firmaram na Turquia o compromisso de aprovar em Paris um instrumento de força legal. Entretanto, ainda há dúvidas se realmente os países chegarão a um consenso na COP--21, algo que a secretária executiva disse estar "100% otimista".
Segundo Figueres, a COP-21 será muito mais bem-sucedida do que o encontro de Copenhague, em 2009, considerado um fiasco em termos de compromissos assumidos: "É uma situação completamente diferente. Todo mundo sabe disso. Temos hoje ao menos 150 chefes de Estado que apoiam um acordo ambicioso".
Ela celebrou o fato de 183 países terem apresentado antes da conferência de Paris seus compromissos de metas de redução de emissão de carbono, os chamados INDCs, sigla em inglês de "contribuições pretendidas nacionalmente determinadas".
"Nunca tivemos isso na história, esses países correspondem a 94% das emissões de carbono", afirmou. "O acordo em Paris deve ser durável, e estabelecer uma direção na economia global. Não estamos falando de algo menos que 10, 20 e 30 anos", disse Christiana.
Ela afirmou que ainda não teve tempo de analisar o INDC do Brasil, que prevê redução de emissões de gases estufa de 37% até 2025 e de 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005. A diplomata disse, porém, estar com alta expectativa em relação à participação do País no encontro.