O primeiro-ministro da Romênia, Victor Ponta, renunciou ao cargo horas depois de uma grande manifestação contra o governo por causa de um incêndio que deixou dezenas de mortos e feridos em uma casa noturna na semana passada. Cerca de 20 mil pessoas foram às ruas de Bucareste na noite de terça-feira para pedir a renúncia do premiê. "Ponta, demissão", "Assassinos!", gritavam os manifestantes, acusando o governo de negligência em relação às normas de segurança do país.
Na sexta-feira, um espetáculo de fogos de artifício durante um show de heavy metal provocou um incêndio no Clube Colectiv, em Bucareste, deixando 32 mortos e cerca de 200 feridos. O episódio lembra o da boate Kiss, em Santa Maria, em 2013, quando 242 pessoas morreram e quase 700 ficaram feridas.
"Tenho a obrigação de reconhecer o enfado legítimo que existe na sociedade", disse Ponta em entrevista coletiva televisionada desde o Palácio Victoriei, sede do Executivo. "Espero que a renúncia ao meu mandato e ao governo satisfaçam os pedidos dos manifestantes."
Mais cedo, o líder do governista Partido Social Democrata, Liviu Dragnea, havia dito a jornalistas no Parlamento: "Victor Ponta vai renunciar a seu mandato. Alguém precisa assumir a responsabilidade pelo ocorrido. Este é um assunto sério, e nós prometemos uma solução rápida da situação".
A cúpula do partido iria se reunir ontem para escolher o sucessor de Ponta. Alvo de uma investigação judicial sobre corrupção, o premiê vinha sendo pressionado a renunciar pelo presidente Klaus Iohannis, que busca pôr o Partido Liberal no poder.
Cristian Popescu Piedone, prefeito do distrito de Bucareste, onde fica localizada a casa noturna incendiada, também apresentou sua renúncia. "Eu assumo a culpa moral. Em relação à legal, deixarei para a Justiça se pronunciar", disse Piedone a jornalistas.
Segundo o governo, a Colectiv não tinha as permissões necessárias para organizar shows e espetáculos de pirotecnia. Além disso, testemunhas do incêndio e a imprensa romena apontaram violações das regras de segurança no estabelecimento.
Os três donos da boate admitiram a culpa pelo acidente e foram indiciados por homicídio culposo (não intencional). Eles podem ser condenados a até 10 anos de prisão. A procuradoria investiga agora quem - prefeitura de Bucareste, bombeiros, polícia ou serviço de inspeção para situações de emergência - permitiu a abertura da casa noturna sem as autorizações necessárias.