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Empresas & Negócios

- Publicada em 23 de Novembro de 2015 às 19:25

Cameron entra no jogo das megalivrarias

 SÓCIO-DIRETOR DA CAMERON, NA MEGASTORE DA MARCA    NA FOTO: DELAMOR D'AVILA FILHO

SÓCIO-DIRETOR DA CAMERON, NA MEGASTORE DA MARCA NA FOTO: DELAMOR D'AVILA FILHO


JONATHAN HECKLER/JC
Patrícia Comunello
A Livraria Cameron mudou muito. Conhecida de frequentadores do Aeroporto Internacional Salgado Filho, onde estreou como Delamor no antigo terminal, a marca entrou na guerra das megalivrarias e vestiu uma capa mais jovial, em ritmo de histórias em quadrinhos, cores fortes e apostando em área de games com o primeiro ponto do modelo no Shopping Wallig, zona norte de Porto Alegre. Mas sem esquecer dos consumidores mais velhos, avisa o sócio-diretor da Cameron, Delamor D'Ávila Filho, 54 anos, desde os 14 no ramo livreiro. Os leitores de 50 a 80 anos compraram muito os títulos para pintar da febre de arte-terapia e puxaram a receita. Com mais cinco pontos na Capital, a livraria assumiu o nome atual em 2000 inspirado no nome da atriz norte-americana Cameron Diaz. "Queria um nome sonoro. Estava lendo uma matéria sobre a atriz e decidi: 'Vai ser Cameron, com pronúncia tônica na última sílaba', E pegou!"
A Livraria Cameron mudou muito. Conhecida de frequentadores do Aeroporto Internacional Salgado Filho, onde estreou como Delamor no antigo terminal, a marca entrou na guerra das megalivrarias e vestiu uma capa mais jovial, em ritmo de histórias em quadrinhos, cores fortes e apostando em área de games com o primeiro ponto do modelo no Shopping Wallig, zona norte de Porto Alegre. Mas sem esquecer dos consumidores mais velhos, avisa o sócio-diretor da Cameron, Delamor D'Ávila Filho, 54 anos, desde os 14 no ramo livreiro. Os leitores de 50 a 80 anos compraram muito os títulos para pintar da febre de arte-terapia e puxaram a receita. Com mais cinco pontos na Capital, a livraria assumiu o nome atual em 2000 inspirado no nome da atriz norte-americana Cameron Diaz. "Queria um nome sonoro. Estava lendo uma matéria sobre a atriz e decidi: 'Vai ser Cameron, com pronúncia tônica na última sílaba', E pegou!"
JC Empresas & Negócios – O senhor se inspirou em algum modelo para criar a megalivraria?
Delamor – Foram dois meses de pesquisa intensa em 2014 e buscamos referências em estabelecimentos em Amsterdã, na Holanda, em Pequim, capital da China, onde se usa muita cor e ambiente mais moderno. As áreas de games e infantil que montamos foram muito inspiradas nas livrarias de Pequim.
Empresas & Negócios – O nicho de games será uma das grandes fontes de receita?
Delamor – Esse modelo com área de games funciona muito hoje. O crescimento de jogos é imenso. Apesar de se poder fazer download dos jogos pela web, há um público muito farto que cresce de forma espantosa para frequentar os ambientes, que precisam ser áreas fechadas dentro da loja. O atual espaço pode ficar pequeno e vamos expandir em área aqui dentro do Shopping Wallig, mas não posso falar mais que isso (risos). Os games devem responder por 20% da receita da megalivraria.
Empresas & Negócios – A zona norte tinha carência de uma grande livraria?
Delamor – A região precisava de uma megalivraria, pois é um público muito grande, com muita carência e não havia quem atendesse. O público mudou em relação ao que é o padrão de outras Cameron, de 15 a 55 anos. A indústria editorial hoje está muito eclética, vai das crianças (faixa que mais cresce) até a terceira idade, que nunca leu tanto como agora.
Empresas & Negócios – A crise não afeta o setor?
Delamor – Falam em crise, estamos no meio dela, mas a nossa indústria ainda é bastante criativa, muito versátil, pois tem público muito diversificado. Muitas livrarias estão sendo salvas pelos consumidores de mais idade que estão comprando muito livro de arte-terapia. Esse segmento salvou o faturamento em alguns meses desse ano. No primeiro semestre, a receita cresceu 12% a 15% devido a estes títulos, o que ajudou a amenizar a temporada de freio na economia. Estamos tendo uma queda no ano de 5% no faturamento bruto, que, se não fossem as vendas de arte-terapia, chegaria a 15%.
Empresas & Negócios – Por que as pessoas estão comprando tanto este tipo de livro?
Delamor – Acho que tem a ver com tudo. As pessoas cansaram da história que terceira idade vai para bingo ou fica em frente à televisão e buscam outras formas de lazer, e enxergaram estes livros. Este público tem uma atenção no nosso negócio. Estamos tratando quem tem mais de 55 anos como eles realmente merecem. Pessoas com 80 anos têm hoje alto nível de consumo, pois têm dinheiro e tempo para gastar. O coração da indústria editorial também não é mais só vender livro, mas oferecer um produto para criar hábito de leitura, o que implica cuidar mais a qualidade do que está sendo editado.
Empresas & Negócios – O brasileiro está lendo mais?
Delamor – Um dos problemas que vejo é a falta da cultura da leitura. Norte-americanos ou europeus se preocupam com o conhecimento, em ler e não interessa onde. Já o brasileiro não lê uma publicação feita com papel jornal, não pega um livro e deixa em um lugar e não se preocupa se outra pessoa poderá ler (que é o que se vê em países com maior índice de leitura). Isso se explica aqui, pois o livro ainda é caro. O preço médio é de R$ 39,00, que vale um ingresso de show, dois cheeseburgers ou o tíquete para estacionar no centro de Porto Alegre.
Empresas & Negócios – Daria para baratear?
Delamor – Sim, usando um papel de gramatura menor ou jornal, capa mais simples. Mas isso já foi testado no Brasil e não funciona. O brasileiro quer livro para colocar na estante e depois emprestar. A cultura do ibook ainda está engatinhando também. A migração para mídias digitais ainda não afetou o setor de livros, diferentemente do ramo de jornais e revistas. Mas vai chegar na gente.
Empresas & Negócios – Como vai ser a briga com as redes nacionais de mega livrarias?
Delamor – Não consigo ainda brigar, mas enfrentar, pois, pelo meu tamanho, tenho mais agilidade, atendo melhor o público e dou atenção mais personalizada. As grandes também sentiram o mercado e pararam um pouco de investir em novas operações. O que conta muito nesse setor é ter ponto de venda com grande fluxo. Na grande loja, o custo maior é o da mão de obra, não da locação, mesmo em shopping center. Uma grande loja parte de 100 funcionários, nós termos 30. Outro problema é ter um bom treinamento, é preciso ter comprometimento do funcionário, pois o vendedor é o que mais define a compra, principalmente quando ele demonstra ao cliente que ele conhece o que está oferecendo. 
Empresas & Negócios – E o que mudou na cultura da Cameron?
Delamor – Somos oriundos de um modelo de loja de aeroporto, meu pai começou o negócio em 1979, dentro do terminal antigo do Aeroporto Salgado Filho. Quando mudei para Cameron, em 2000, também levamos o modelo de loja do aeroporto para a revistaria em shopping. E deu certo, pois disponibilizamos um mix diferente, mais flexível para um público que fica mais tempo. Uma novidade em breve na loja do Wallig será uma área de venda com produtos licenciados da Coca-Cola, estamos em negociações bem avançadas, será o que chamam de loja pop-up.
Empresas & Negócios – Quando e onde será aberta a segunda megalivraria?
Delamor – A partir de agora e se este cenário econômico melhorar, a meta é investir em uma segunda loja em um grande shopping. Se vai ser em 2016, tudo dependerá do desempenho do primeiro semestre. É preciso conhecer bem o negócio e analisar bem o custo de locação, colocando tudo o que imagina de fontes de receita. Também estamos analisando criar franquias ou licenciar a marca em novas filiais, mas com um plano de nacionalização, além de estarmos em mais aeroportos.
Empresas & Negócios – A livraria do futuro será mais física ou on-line?
Delamor – Será física, e o caminho do braço digital é a capilaridade da entrega, que é o nosso foco. O cliente compra no site e retira na loja, semelhante ao que faz as Lojas Colombo. Mas para isso, precisamos ter muita segurança e entrega. O índice de reclamações de quem usa, devido à logística, é elevado nos concorrentes. Vamos ter um novo site em março de 2016. Outra necessidade é aplicar mais inteligência de dados, que dá resultados, mas exige alto investimento e agora estamos focados em fazer receita com o novo modelo.
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