A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou duramente o governo brasileiro, a Vale e a BHP Billiton, controladoras da mineradora Samarco, por adotar uma "postura defensiva" diante do "catastrófico colapso" da barragem de rejeitos que, no começo de novembro, devastou o distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais, e ainda provoca sérios danos às regiões banhadas pelo rio Doce.
"As medidas tomadas pelo governo brasileiro, a Vale e a BHP Billiton para evitar danos foram claramente insuficientes. O governo e as empresas devem fazer tudo que está ao seu alcance para evitar mais danos, incluindo a exposição a metais pesados e outras substâncias químicas tóxicas", afirmaram em comunicado o relator especial da ONU sobre os direitos humanos ao meio ambiente, John Knox, e o relator especial sobre direitos humanos e substâncias e resíduos perigosos, Baskut Tuncak. "Não é aceitável que tenha demorado três semanas para que informações sobre os riscos tóxicos da catástrofe mineira tenham chegado à tona", ressaltaram.
"Este desastre serve como mais um exemplo trágico do fracasso das empresas em conduzir adequadamente devida diligência para prevenir violações de direitos humanos", concluíram os especialistas, destacando que "nunca haverá um remédio efetivo" para as vítimas, nem para o meio ambiente, que "sofreu um dano irreparável".