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Opinião

- Publicada em 19 de Outubro de 2015 às 22:44

O desgaste do presidente da Câmara dos Deputados

Negar, negar, negar sempre. Esta parece ser a estratégia do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando a imprensa lhe questiona sobre as provas não mais apenas suspeitas de que ele tinha contas na Suíça e, agora, tudo indica, também nos Estados Unidos da América.
Negar, negar, negar sempre. Esta parece ser a estratégia do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando a imprensa lhe questiona sobre as provas não mais apenas suspeitas de que ele tinha contas na Suíça e, agora, tudo indica, também nos Estados Unidos da América.
Claro, a palavra final virá por meio da Justiça, com o devido processo legal e o amplo direito de defesa. Mas, na Câmara, é um ato político a cassação, tendo em vista as suspeitas avassaladoras levantadas contra Eduardo Cunha. O que foi dito até agora, inclusive por autoridades suíças, não deixa mais dúvidas: o parlamentar tinha contas na Europa.
A face impassível que o presidente da Câmara mostra diante dos repórteres, fotógrafos e cinegrafistas é mesmo de impressionar. Nenhum sinal de fraqueza ou insegurança, mesmo quando são mostrados ofícios, extratos bancários, fotos, passaportes e tudo o mais que é exigido para se abrir uma conta bancária, seja no Brasil ou no exterior.
Por tudo isso, Eduardo Cunha perdeu a credibilidade quanto ao comando de 513 deputados federais, e deveria renunciar ao cargo de presidente que ocupa. Não tem mais como dirigir a Câmara Federal.
Se fez ou não acordo, segundo alguns, para blindar pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em troca de ele próprio também ser poupado, não se sabe. Mas, contra ele, as provas se avolumaram de tal maneira que ficou demais para a opinião pública a presença dele na presidência da Câmara dos Deputados.
As investigações têm resultados que são, paradoxalmente, deprimentes e alvissareiros. Deprimentes porque há uma corrupção organizada em alguns setores público-privados há anos. Alvissareiros porque muita sujeira envolvendo pessoas teoricamente acima de quaisquer suspeitas veio a público. Se os delitos não acabarão, pelo menos não serão tão escancarados como os que as operações Lava Jato e Zelotes divulgaram para o Brasil e o mundo.
Nesta semana, ou o ainda presidente da Câmara apresenta algo que, realmente, lhe tire dos ombros acusações robustas, ou terá que deixar o cargo.
Mais preocupante ainda é que o dinheiro no exterior atribuído a Eduardo Cunha seja da mesma fonte de corrupção, no caso, os superfaturamentos bilionários em obras na Petrobras e fraudes que serviram ao financiamento de agentes e partidos políticos, colocando sob insegurança o funcionamento do regime democrático.
A grande questão a ser debatida é como se chegou a esse ponto de deterioração, no qual a descoberta e a repressão de crimes de corrupção geraram tantos efeitos colaterais negativos?
Com o devido respeito aos direitos fundamentais dos investigados e acusados, mas é necessário um choque para que os bons exemplos de eficiência não fiquem dependentes de voluntariedade e circunstâncias. Não adianta ter boas leis penais se a sua aplicação é deficiente, morosa e errática. Pode e deve ser o marco para um novo ciclo no qual a ética não seja relativizada no Brasil.
Nesta semana, não mais tarde, o Brasil espera uma decisão sobre a situação política envolvendo o presidente da Câmara. As versões podem ser muitas, mas fatos também não faltam para, pelo menos, levantar grande suspeição e deixar constrangido o parlamentar que está na sucessão em linha da presidência da República. Se há pressão política, neste momento, ela é legítima.
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