Se depender das pesquisas, as chances de o governista Daniel Scioli ser o novo presidente da Argentina são grandes. O principal desafio da oposição, nesta reta final da corrida eleitoral, é diminuir a desvantagem e levar a disputa para o segundo turno. Cerca de 32 milhões de pessoas irão às urnas neste domingo para escolher o sucessor de Cristina Kirchner, que, em dezembro, conclui seu segundo mandato consecutivo.
Todas as pesquisas mostram Daniel Scioli, governador da província de Buenos Aires, com cerca de 40% dos votos. Empresário e prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, com 28%, é o favorito da oposição e está apostando todas as fichas em um segundo turno.
Nos últimos 12 anos, a Argentina tem sido governada pelo casal Kirchner: primeiro por Nestor (2003-2007), depois, por sua mulher Cristina, reeleita em 2011, meses após a morte do marido. Tanto os Kirchner como Scioli pertencem ao Partido Justicialista ou Peronista, que integra a Frente pela Vitoria (FpV) e promete manter a forte presença estatal na economia. Já o Proposta Republicana (PRO), de Macri, integra a coligação política Cambiemos.
Os argentinos estão cada vez mais avessos a mudanças radicais mesmo achando que elas podem ser um mal necessário, em um país que tem dois dígitos de inflação anual. Eles passaram por várias crises a mais grave, em 2001, resultou no confisco das contas bancárias, desvalorização do peso e na moratória da dívida externa.
"A grosso modo, podemos dizer que um terço dos eleitores quer ficar do jeito que está, com uma importante presença do Estado na economia, e votará em Scioli; outro terço, mais conservador, quer mudanças e votará em Macri; e uma terceira parte está satisfeita com a situação, mas gostaria de fazer alguns ajustes", explica a analista política Mariel Fornoni.
O problema para Scioli e Macri é que muitos moderados se sentem representados por Sergio Massa terceiro colocado nas pesquisas. Ex-aliado do governo, ele tem o apoio de peronistas dissidentes, entre eles, Roberto Lavagna que foi ministro da Economia de Nestor Kirchner e considerado o responsável pela recuperação da Argentina após a crise de 2001. "A eleição de domingo é a mais incerta, ninguém sabe se haverá um segundo turno e o que pode acontecer se Scioli e Macri se enfrentarem em novembro", afirma o analista político Roberto Bacman.
Para vencer no primeiro turno, Scioli precisa de 45% dos votos ou, no mínimo, 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. As pesquisas dizem que, se ele ganhar, vai ser por margem estreita.