A interrupção na chuva se estendeu por mais um dia, contrariando a previsão de que a instabilidade retornasse ao Estado ontem. Para hoje, no entanto, as condições meteorológicas apontam probabilidade de pancadas de chuva e trovoadas em todo o território gaúcho. As temperaturas podem variar entre 12 e 31 graus em algumas regiões. Na Capital, não será tão quente, uma vez que a temperatura não passa dos 25 graus. Como a possibilidade de chuva forte ainda é alta, a Defesa Civil estadual segue em alerta e mantém a entrega de ajuda humanitária aos moradores atingidos. A breve trégua fez com que pessoas desabrigadas ou desalojadas pudessem retornar às suas casas.
Até o final da tarde de ontem, 132 municípios haviam sido atingidos de alguma forma. No total, eram 42.336 residências e 177.811 pessoas afetadas, sendo que 5.734 estão desalojadas e 1.191, desabrigadas. No Ginásio Tesourinha, onde estão sendo mantidos os desabrigados das ilhas de Porto Alegre, ainda permanecem cerca de 250 pessoas. De acordo com a Secretaria Municipal de Governança Local, é possível que os desalojados comecem a retornar às casas a partir de quarta-feira.
Foram feitos dois decretos coletivos de situação de emergência por parte do governo estadual, garantindo a homologação e o reconhecimento do processo em 62 municípios. As cidades de Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Rio Grande e Pelotas tiveram reconhecimento direto por meio de portaria do Ministério da Integração. Outros 16 decretos municipais aguardam possível homologação. Em apoio aos moradores, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) antecipou o pagamento do Bolsa Família de 98,7 mil famílias de 61 municípios gaúchos e de seis paranaenses que declararam situação de emergência.
Na sexta-feira, o furacão Patrícia atingiu o México. A MetSul Meteorologia comparou os estragos causados pelos temporais no Estado com o fenômeno. O vento do furação atingiu 300 quilômetros por hora e, acompanhado de chuva extrema, configura um dos mais intensos fenômenos que já passou pelo hemisfério ocidental. No entanto, a MetSul calcula que os efeitos dos temporais no Rio Grande do Sul foram piores, uma vez que causou trêsmortes - uma em Porto Alegre e duas em Rio Pardo.
O furacão atingiu o território mexicano em uma área de reserva natural na localidade de Cuixmala, de baixíssima densidade populacional. Além disso, a parede do "olho" do furacão era pequena, por isso, o campo de vento catastrófico tinha raio menor de atuação. Pequenas praias e vilarejos foram arrasados, mas as cidades maiores, como Manzanillo e Puerto Vallarta resistiram. No Estado, somente a cidade de Canoas teve 30 mil casas com danos.
O maior volume de chuva trazido pelo Patrícia - 320 milímetros em 24 horas e 392 milímetros em 72 horas - caiu no desabitado Nevado de Colima. Santa Maria, na região Central, com 261 mil habitantes, teve quase o mesmo volume em dois dias, causando a cheias do rio Jacuí e, consequentemente, do lago Guaíba. Como o furacão foi previsto com antecipação, milhões de pessoas foram tiradas da costa mexicana. O mesmo não pode ser dito dos eventos climáticos ocorridos no Estado, que foram isolados e não podem ser previstos com mais de minutos de antecedência.