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Geral

- Publicada em 12 de Outubro de 2015 às 22:09

Desde domingo, Ginásio Tesourinha recebe desabrigados pela enchente nas ilhas

Derungs e Maria Bernadete deixaram a casa pela segunda vez neste ano

Derungs e Maria Bernadete deixaram a casa pela segunda vez neste ano


FREDY VIEIRA/JC
Suzy Scarton
Desde a manhã de domingo, equipes da prefeitura da Capital e voluntários estão reunidos no Ginásio Municipal Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha, localizado na avenida Erico Verissimo, para prestar auxílio aos moradores das ilhas que ficaram desabrigados por causa da enchente. Até o final da tarde de ontem, 225 pessoas, entre elas 80 crianças, estavam instaladas no local. Centenas de pessoas levaram doações de alimentos, materiais de limpeza e roupas até o local. A expectativa da prefeitura é de que algumas famílias ainda se desloquem para o abrigo improvisado, mas muitas não querem deixar as residências por medo de saques e roubos.
Desde a manhã de domingo, equipes da prefeitura da Capital e voluntários estão reunidos no Ginásio Municipal Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha, localizado na avenida Erico Verissimo, para prestar auxílio aos moradores das ilhas que ficaram desabrigados por causa da enchente. Até o final da tarde de ontem, 225 pessoas, entre elas 80 crianças, estavam instaladas no local. Centenas de pessoas levaram doações de alimentos, materiais de limpeza e roupas até o local. A expectativa da prefeitura é de que algumas famílias ainda se desloquem para o abrigo improvisado, mas muitas não querem deixar as residências por medo de saques e roubos.
Donativos chegavam a todo o momento e a avenida chegou a ficar com o trânsito lento devido à fila de carros que se formou para chegar ao Tesourinha. A prefeitura não tinha conseguido contabilizar a quantidade de alimentos, roupas e materiais de limpeza doados porque eles não paravam de chegar. Além dos funcionários municipais, uma equipe de voluntários do Projeto Amor, vinculados à Igreja Batista, ajudou a manter as crianças entretidas com a realização de brincadeiras e jogos e também auxiliou na distribuição dos donativos.
Moradora da Ilha Grande dos Marinheiros, a família de Ana Paula Souza, de 33 anos, chegou ao abrigo no domingo. Ela, o marido e os quatro filhos perderam tudo com a enchente. "Só trouxemos a roupa do corpo. Perdemos tudo e mais um pouco", lamentou. Ela conta que as crianças não percebem a realidade da situação. "Elas estão adorando ficar aqui. Pra elas, tudo é festa." Ana e o marido, Fabiano do Amaral, estão desempregados. Há um mês, a carroça de Amaral foi apreendida pela prefeitura. Ele tem direito a uma indenização, mas ainda não recebeu o dinheiro. Ana nunca tinha vivido uma situação de tamanho desespero. "Teve aquela cheia em julho, mas não chegou a atingir a minha casa. Deu pra ficar lá. Se eu pudesse ficar em casa, ficava, mas não tem condições."
O mecânico Jofrei Derungs, de 66 anos, não teve a mesma sorte. Quando os rios transbordaram em julho deste ano, ele, a esposa, Maria Bernadete Trindade, de 63 anos, e o neto, de 8 anos, tiveram de deixar a residência onde moram, também na Ilha Grande dos Marinheiros. "O estrago não foi tão grande. Deu pra voltar e recuperar. Agora, foi quase tudo. Vou precisar de força para recuperar meus pertences", contou. Para ele, no entanto, não há comparação com o que viveu agora. "É uma situação de calamidade pública. Os bombeiros nos tiraram de casa com a água pelo pescoço."
Além da perda material, Derungs perdeu também os animais que moravam com ele. "Tinha cachorro, galinha, tudo deve estar morto. Na oficina, eu tinha oito carros, todos ficaram submersos", avaliou. Apesar de aparentar tranquilidade, o mecânico se sente bastante preocupado. "Tem gente que gosta de estar aqui, de viver de doação. Acabam se aproveitando da situação. Não vou dizer que perdi tudo para comover as pessoas. Perdi muita coisa, sim; mas, se Deus quiser, vou reconstruir. Não quero dever nada a ninguém", garantiu.
De acordo com o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Governança Local, Carlos Siegle, não há previsão para que as famílias possam retornar às residências. "Nem estamos pensando nisso agora. Precisamos esperar o tempo firmar e os níveis dos rios se estabilizarem. Por enquanto, vamos acolhê-las aqui."
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