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Aposentadoria

- Publicada em 29 de Outubro de 2015 às 21:59

Brasil se torna uma nação envelhecida

Aos 62 anos, a aposentada Eunice tem a rotina que sempre desejou porque se preparou para isso

Aos 62 anos, a aposentada Eunice tem a rotina que sempre desejou porque se preparou para isso


JONATHAN HECKLER/JC
Aos 62 anos, a aposentada Eunice Luz tem a rotina que sempre desejou. Viaja para comprar malhas na Serra Gaúcha, passeia com as netas e se ocupa em atividades como voluntária no Sindicato Nacional dos Aposentados. "Consigo ter uma vida boa, porque me preparei para isso. Só com o benefício do INSS, não ia dar", conta. Ex-funcionária de um banco, ela se mantém com a renda da previdência privada, fundo para o qual começou a contribuir por estímulo do pai, que dizia que era preciso garantir o futuro. "Antigamente, as pessoas rezavam para parar de trabalhar e, dois ou três anos depois, morriam. Com 60 anos, já eram velhas. Mas meu pai dizia que o mundo estava mudando", lembra.
Aos 62 anos, a aposentada Eunice Luz tem a rotina que sempre desejou. Viaja para comprar malhas na Serra Gaúcha, passeia com as netas e se ocupa em atividades como voluntária no Sindicato Nacional dos Aposentados. "Consigo ter uma vida boa, porque me preparei para isso. Só com o benefício do INSS, não ia dar", conta. Ex-funcionária de um banco, ela se mantém com a renda da previdência privada, fundo para o qual começou a contribuir por estímulo do pai, que dizia que era preciso garantir o futuro. "Antigamente, as pessoas rezavam para parar de trabalhar e, dois ou três anos depois, morriam. Com 60 anos, já eram velhas. Mas meu pai dizia que o mundo estava mudando", lembra.
E mudou, de fato. Pela primeira vez na história, a maioria das pessoas no mundo pode esperar viver além dos 60 anos. No Brasil, uma criança nascida em 2015 pode esperar viver 20 anos mais do que se tivesse nascido há 50 anos. Os dados são do recente Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e sinalizam que o Brasil está envelhecendo mais rapidamente do que a média internacional. Em 2050, a população idosa brasileira será três vezes maior do que é hoje - passará de 12,5% para 30% -, enquanto a mundial duplicará. Em breve, o Brasil será considerado uma nação envelhecida, classificação dada aos países com mais de 14% da população acima de 60 anos.
Mas o que significa isso? Segundo o relatório da OMS, ser idoso não quer dizer ser dependente, como se imaginava antigamente. Assim, é possível viver mais com qualidade de vida, desde que os governos, as empresas e as pessoas se preparem para isso. Se depender do planejamento financeiro, no entanto, os brasileiros ainda têm muito a mudar.
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que 57% dos consumidores no País não poupam dinheiro para a aposentadoria. "Quando nos aposentamos, queremos manter o padrão de vida, por isso precisamos nos planejar com uma poupança além do que o governo vai nos dar", orienta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Um relatório produzido pelo HSBC, que ouviu 16 mil pessoas em 15 países, apontou que aproximadamente três quartos dos aposentados não realizaram pelo menos uma de suas expectativas ao parar de trabalhar. "É frustrante faltar dinheiro para as pessoas realizarem o que planejaram, porque é muito difícil prever o custo da aposentadoria. Por isso, é importante procurar um consultor financeiro, assim como vamos a um nutricionista ou a um mecânico", sugere o porta-voz brasileiro da pesquisa, Alfredo Lália.
Apesar de se mostrarem despreparados para a aposentadoria, os brasileiros são mais otimistas quanto ao futuro do que cidadãos de países como Alemanha, Austrália e Canadá, como mostrou um estudo realizado pelo grupo global Mongeral Aegon. Entre 15 países, o Brasil ficou em segundo lugar no nível de otimismo para a aposentadoria, apenas atrás da Índia. "No início do ano, ainda não era muito evidente a crise econômica e política que atravessamos. Provavelmente, um resultado diferente vai aparecer na pesquisa do ano que vem", projeta o superintendente de projetos especiais do grupo, Leandro Palmeira.
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Quando e como começar a guardar dinheiro para o futuro?

Na família Basso, os quatro integrantes têm planos de previdência

Na família Basso, os quatro integrantes têm planos de previdência


FREDY VIEIRA/JC
É consenso entre especialistas que quanto antes se começa a poupar para o futuro, melhor. Na casa da família Basso, por exemplo, os quatro integrantes já têm sua reserva em planos de previdência privada, inclusive Rafael, de 2 anos, e Aline, de 3 anos. "Eles não tinham nem um ano, e comecei a depositar pensando em pagar as faculdades. Se não precisar, eles já podem usar para a aposentadoria", conta o pai, Daniel Basso, de 36 anos, que contribui todo mês. Ele e a esposa, Elisa Basso, consideram a poupança inacessível, pois não pretendem mexer nela até se aposentar.
A família é o exemplo do que os consultores financeiros recomendam: poupar com regularidade, por um longo período. "Não só o que guardamos faz aumentar o rendimento com o tempo, mas também os juros sobre juros, que fazem nossas economias engordarem mais rápido", explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O primeiro passo do planejamento financeiro deve ser olhar para o orçamento de forma ampla, contabilizar tudo o que se gasta e o que se ganha e localizar onde é possível economizar. "Às vezes, a economia em gastos invisíveis ajuda, como estacionamento, sorvete e cafezinho", sugere. Em seguida, já dá para ter noção de um valor mensal fixo que é possível investir.
Não há um único valor mínimo por mês recomendado para todos, então o negócio é guardar o máximo que puder e não se preocupar se parece pouco. "Temos uma falsa sensação de que, se sobrou pouco, não vale a pena economizar. Mas R$ 50,00 por mês, no final de um longo período e com alta rentabilidade, pode gerar uma boa renda", indica o consultor em finanças pessoais e professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) Alfredo Meneghetti Neto, que recomenda aplicar 10% da renda mensal em diferentes investimentos, incluindo aplicações como previdência privada, caderneta de poupança, títulos do Tesouro Direto, fundos de renda fixa e ações. Ele só descarta depender apenas da Previdência Social, cujo teto é de R$ 4.662,43.

Previdência atrai jovens e maiores contribuições

Aos 62 anos, a aposentada Eunice tem a rotina que sempre desejou porque se preparou para isso

Aos 62 anos, a aposentada Eunice tem a rotina que sempre desejou porque se preparou para isso


JONATHAN HECKLER/JC
Existem diversos tipos de investimento para poupar recursos para o futuro. A previdência privada, no entanto, é o único deles que consegue ser transformado em renda mensal direto na conta, o que faz dela um investimento propício para a aposentadoria.
Uma pesquisa da Brasilprev realizada entre seu 1,8 milhão de clientes, fornecida com exclusividade ao Jornal do Comércio, apontou que a contribuição média em previdência privada na região Sul cresceu 8% entre maio de 2014 e maio deste ano. A contribuição média no Rio Grande do Sul, de R$ 377,00 por mês, é maior que a da região, de R$ 340,00.
"O ticket médio cresce devido ao aumento da renda média da população nos últimos anos e da consciência de que é preciso poupar", explica a gerente de inteligência e gestão de clientes da Brasilprev, Soraia Fidalgo.
Planos de previdência para jovens e crianças também estão cada vez mais populares. Na Brasilprev, entre cada três planos, um é de alguém com menos de 21 anos. Soraia conta que entre os clientes de até 30 anos, a maioria das decisões de fazer a previdência privada parte dos pais, pensando em projetos educacionais ou profissionais.
É o caso dos irmãos Luiza e Guilherme Menezes, de 25 e 29 anos, respectivamente, que ganharam um presente diferente do pai, Valmir Menezes, no último Natal: um plano de previdência privada. "Trabalhei no serviço público e recebo meu salário integral como aposentado, mas percebi que esses benefícios estão terminando. Então, propus ajudá-los a buscar alternativas na iniciativa privada", conta o consultor agrônomo. Seu projeto é contribuir com depósitos anuais, até que os filhos consigam investir com recursos próprios. "Todo início de carreira é difícil. Por enquanto, acho que consigo formar uma boa poupança", comemora.
A idade sinalizadora de que está na hora de planejar a aposentadoria é 35 anos, como sugere o consultor financeiro e professor de Economia da Pucrs Alfredo Meneghetti Neto. Ele considera que uma das vantagens da previdência privada é poder adquirir planos diferentes, conforme o perfil do investidor, mais conservador ou agressivo.
Esse investimento também tem incentivos fiscais. O Imposto de Renda, por exemplo, é cobrado apenas no momento do resgate ou do recebimento da renda. Meneghetti, no entanto, destaca que, ao procurar o banco ou a seguradora, é preciso já ter buscado informações prévias.
Ao optar por planos de previdência privada, a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, recomenda comparar as taxas de administração e de carregamento cobrada exclusivamente em planos de previdência privada de uma instituição para a outra, ou tentar negociá-las com o gerente.
Também é necessário ter cuidado ao escolher o tipo de plano e ter claro que previdência privada é um investimento de longo prazo, favorável a quem quer transformá-lo em renda no futuro. "É melhor não usar esse dinheiro para comprar um carro, por exemplo, por causa da alta tributação. A previdência privada não é vantajosa para retirar o dinheiro de uma vez só", orienta.
 

Quais os tipos de previdência privada?

A previdência privada é complementar à Previdência Social, aquela paga pelo INSS aos trabalhadores, por isso também é chamada de previdência complementar. Mas existem duas modalidades:
  • Previdência complementar aberta: É comercializada por bancos e seguradoras, e pode ser adquirida por qualquer pessoa ou empresa. É regulada e fiscalizada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), ligada ao Ministério da Fazenda.
  • Previdência complementar fechada: Também conhecida como fundos de pensão, é mantida por instituições sem fins lucrativos e organizada em planos coletivos. É permitida apenas para funcionários de empresas, servidores do governo ou associados de entidades de classe. É fiscalizada pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), ligada ao Ministério da Previdência Social.

Preste atenção em seus direitos ao adquirir planos

O sucesso de um plano de previdência privada depende de dois momentos: a contratação e o acompanhamento. Ler com atenção as condições do que se está contratando é essencial. Todas as taxas de carregamento e de administração devem estar previstas no contrato, como explica o advogado e presidente da OABPrev-RS, Jorge Fara. "É um contrato de longo prazo, por isso é importante estar bem informado para adquirir um plano que atenda a seus objetivos no futuro."
A rentabilidade deve ser acompanhada uma vez por ano, observando se está de acordo com a que foi projetada. Se estiver abaixo do esperado, é possível fazer mudanças no plano. A portabilidade é outro direito. Ela possibilita a troca de banco ou seguradora caso o consumidor considere as taxas de administração praticadas elevadas, ou não estiver satisfeito com o atendimento. Qualquer investidor pode migrar seus recursos de um plano para outro sem pagar impostos.