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Opinião

- Publicada em 26 de Outubro de 2015 às 22:47

Opinião econômica: Fôlego

Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC

Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC


Arquivo/JC
A repercussão do que escrevo nesta coluna é prova irrefutável da grande força dos jornais. Há duas semanas, falei sobre minha primeira maratona. Pedi apoio e orações. A resposta foi incrível, dentro e fora da pista.
A repercussão do que escrevo nesta coluna é prova irrefutável da grande força dos jornais. Há duas semanas, falei sobre minha primeira maratona. Pedi apoio e orações. A resposta foi incrível, dentro e fora da pista.
Recebi mensagens carinhosas e convites para palestras, entrevistas e outros eventos desse universo paralelo chamado corrida. Cada um me deu força para completar os 21 km da meia-maratona de Amsterdã.
Não é que foi fácil. Os três últimos quilômetros são para sentar na calçada e chorar. Mas a adversidade fortalece. Foi quando comecei a dizer a mim mesmo: eu vou fazer isso, eu vou completar essa prova. Estava competindo comigo mesmo. Não queria suplantar ninguém, a não ser a mim mesmo. E corria tanto com as pernas quanto com a mente.
As nossas aflições profissionais são muito parecidas com as da maratona. Uma prova longa, de superação, fôlego e foco. É tudo o que precisamos neste momento.
A coisa que mais adoro na corrida é que ela não resolve os problemas, mas os deixa do tamanho que eles têm. Quando estamos mergulhados no estresse, todo problema é imenso. Depois, correndo, o problema vai ganhando o tamanho que ele verdadeiramente tem.
A corrida é muito boa para inspirar, acalmar, dar perspectiva. Ajuda no sono, no humor. Ela distrai. E traz a importante disciplina de treinar.
O nome do momento no Brasil é folego, e o gatilho do fôlego é a endorfina. Estamos passando por situações parecidas com os três quilômetros finais da maratona. E agora eu vou ter essa lembrança de dizer: vai que você aguenta.
Vou lembrar sempre também que fôlego se ganha com foco. Cada vez que tirava a cabeça da corrida, minha velocidade caía. Quando percebi isso e foquei totalmente a prova, o desempenho melhorou. Cruzei a linha de chegada com tempo muito melhor do que prevíamos, em duas horas e 54 minutos, boa marca para iniciante. Fui pegar minha medalha com muito orgulho, que não diminuiu com as cãibras que sinto até hoje no corpo. Ao contrário, só aumentou.
A meta agora é aumentar a minha velocidade nas provas de dez quilômetros e, em 2016, correr outra meia-maratona, numa velocidade melhor.
Tenho um treinador que é muito pé no chão. E ouvir treinador é sempre um exercício de humildade.
Aliás, não aconselho ninguém a sair por aí correndo a fazer provas de longa distância. Sempre que possível, é preciso buscar orientação profissional. Gastamos dinheiro com tanta bobagem. Nisso, vale cada real.
Há pessoas que só dão valor à saúde e à qualidade de vida quando elas faltam. Elas geralmente são as primeiras a ter problemas de saúde e qualidade de vida.
Não gosto de carros, de relógios, de roupas caras. Visto Gap e Uniqlo. Como viajo muito, meu luxo é levar o treinador para as viagens. Esse investimento traz muito retorno, a curto, médio e lingo prazo.
Comecei a correr porque precisava de um "break" na vida. O exercício tira a cabeça do estresse empresarial. Mas ganhei muito mais. A corrida acaba puxando a vida toda. Em direção a uma alimentação mais saudável, um sono mais profundo, uma vida com mais disciplina e com mais foco.
O ser humano não nasceu sedentário. O sedentarismo é um mal moderno, que precisa ser combatido com uma visão moderna da vida. O brilho da revolução tecnológica muitas vezes ofusca uma revolução mais importante em curso, a revolução da alma e do corpo em busca de uma forma melhor de vida.
É a corrida do homem para dentro de si mesmo.
Publicitário e presidente do Grupo ABC
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