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Inflação

- Publicada em 25 de Outubro de 2015 às 19:41

Câmbio e entressafra pressionam preços

Em 60 dias, saca de milho avançou 18,8%, e a de soja, aumentou 14,8%

Em 60 dias, saca de milho avançou 18,8%, e a de soja, aumentou 14,8%


MARCELO BELEDELI/ESPECIAL/JC
Os preços agrícolas no mercado doméstico dispararam nos últimos 60 dias em consequência da combinação das pressões decorrentes da desvalorização cambial e da entressafra. No período, o preço em real da saca de 60 quilos de soja aumentou 14,8% e a do milho, também com 60 quilos, 18,8%. Os dados fazem parte de levantamento realizado por Fábio Silveira e Lucas Alvarenga, analistas da GO Associados.
Os preços agrícolas no mercado doméstico dispararam nos últimos 60 dias em consequência da combinação das pressões decorrentes da desvalorização cambial e da entressafra. No período, o preço em real da saca de 60 quilos de soja aumentou 14,8% e a do milho, também com 60 quilos, 18,8%. Os dados fazem parte de levantamento realizado por Fábio Silveira e Lucas Alvarenga, analistas da GO Associados.
Na esteira do aumento nos preços da soja e do milho, ingredientes intensivos na fabricação da ração para alimentação animal, o preço interno pago pelo quilo de frango abatido foi majorado em 11,1%. A desvalorização cambial e a entressafra também refletiram, nos últimos dois meses, no aumento de 44,8% no preço da saca de 50 quilos de açúcar e de 31,4% no litro do etanol hidratado.
Tal combinação, segundo Silveira, terá duas implicações. Trará algum alívio nos custos de produção e melhora da margem dos produtores, mas exercerá mais pressão sobre a inflação. "Trata-se de uma combinação explosiva", disse. Para ele, não resta mais dúvida agora de que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai encerrar o ano acima de 10%.
A desvalorização cambial, iniciada em julho, está sendo repassada para os preços dos produtos agrícolas comercializáveis, que são influenciados pelos movimentos do dólar pela relação que têm com o mercado internacional. Silveira ressalta que a soja está com o preço estável em Chicago, mas sobe internamente por causa do ajuste do câmbio. "Mas mesmo produtos que não são intensivamente exportáveis, como o milho, por exemplo, acabam sendo influenciados", lembra Silveira. A avaliação do analista do GO Associados é de que para o setor do agronegócio - que, como a economia brasileira, passa por um período de ajustes - a desvalorização cambial proporcionará uma rentabilidade maior no começo do próximo ano. De 40% a 50% da atividade do setor está relacionada à taxa de câmbio. O setor sucroalcooleiro, de acordo com Silveira, não vai resolver de vez seus problemas de endividamento, mas deve melhorar a sua rentabilidade, na margem. A tendência é de que os preços agrícolas continuem subindo, uma vez que o ajuste cambial ainda não se completou e que a entressafra de alguns produtos termina só mais para o fim deste ano e começo de 2016.

Pico do repasse cambial no atacado pode ficar em outubro, diz FGV

A segunda prévia de outubro do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), divulgada no dia 20 de outubro, mostrou que os efeitos da alta do dólar se espalharam no atacado, mas o pico do repasse cambial pode ficar mesmo em outubro, na avaliação do superintendente adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.
A FGV informou que o IGP-M subiu 1,86% na segunda prévia de outubro, ante avanço de 0,65% na segunda prévia de setembro. O IPA-M, que representa os preços no atacado, subiu 2,63% neste mês, em comparação com a alta de 0,89% na segunda prévia de setembro. "Terminou o repasse? Não, mas ele parece estar atingindo o pico em outubro", afirmou Quadros, destacando que "ainda tem repasse para acontecer em novembro", mas, caso não haja novas rodadas de desvalorização do câmbio, o movimento tende a perder força.
Segundo Quadros, se o repasse cambial se espalhou de forma mais forte no IPA-M, ainda não há sinais de impactos mais fortes do dólar para o consumidor. Os vilões para o consumidor foram os preços administrados. Após um reajuste, os preços das passagens de ônibus de Brasília subiram 47%. O reajuste do GLP, o gás de botijão, também contribuiu, acelerando de 1,74% para 10,98% em outubro.