O polo naval gaúcho é palco de uma nova mobilização de trabalhadores. Funcionários do Estaleiro Rio Grande, da empresa Ecovix, estão com as atividades paralisadas desde quarta-feira. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Sadi Machado, afirma que quase a totalidade dos empregados do complexo (cerca de 6 mil pessoas) aderiram à decisão.
Machado explica que, entre as queixas, está a transferência para a China de operações que poderiam ser feitas em Rio Grande e o atraso no pagamento (que deveria ter sido feito no dia 16 de outubro) da primeira parcela da rescisão de 281 funcionários que foram demitidos pela Ecovix. O presidente do sindicato, Benito Gonçalves, reuniu-se, nessa quinta-feira, com representantes da empresa para discutir o assunto. "Não teve muita conversa", resume o dirigente.
Gonçalves informa que a companhia determinou o pagamento da primeira parcela, contudo os trabalhadores querem que o restante da dívida seja pago em uma única vez, e não mais em quatro. De acordo com Gonçalves, a expectativa é de que a companhia dê uma resposta sobre a reivindicação nesta sexta-feira. Se a empresa atender ao pedido, o presidente do sindicato diz que a paralisação será interrompida no mesmo momento. Caso contrário, não está descartada que seja deflagrada a greve.
Gonçalves acrescenta que outro ponto que foi debatido com a Ecovix, que eram dívidas com empresas terceirizadas, já foi resolvido. Nesta sexta-feira, frisa o presidente do sindicato, também será feito um ato em defesa do polo naval. A reportagem do Jornal do Comércio tentou entrar em contato com a Ecovix e a Petrobras (contratante do estaleiro), entretanto não houve retorno.
O secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, admite que o contexto do polo naval gaúcho é um motivo de receio. O secretário manifesta preocupação quanto ao estaleiro da Ecovix, que enfrenta problemas financeiros e de crédito. Branco lembra que o grupo também está com dificuldades para receber recursos do Fundo da Marinha Mercante, que, caso fossem liberados, poderiam melhorar o fluxo de caixa da companhia.
Outro item pendente é a assinatura do contrato entre Petrobras e o consórcio QGI (Queiroz Galvão e Iesa Óleo e Gás) para a montagem das plataformas de petróleo P-75 e P-77 em Rio Grande. Branco ressalta que, a partir do acordo firmado, será possível saber o que será feito dessas plataformas no Estado e o que será realizado no exterior.