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Conjuntura

- Publicada em 01 de Outubro de 2015 às 19:39

Bancos têm base sólida e resistência, mesmo com cenário adverso, diz Banco Central

Meirelles traça cenário otimista

Meirelles traça cenário otimista


ELZA FIÚZA/ABR/JC
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, enfatizou, nesta quinta-feira, que os bancos que atuam no Brasil têm base bastante sólida e resistência, apesar de cenário adverso da economia. Ele citou o confortável nível de liquidez e desaceleração do ritmo do crescimento do crédito e das captações. Durante entrevista coletiva à imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado mais cedo pelo Banco Central, Meirelles disse que esse cenário adverso levou à redução da demanda por crédito e à adoção de critérios de concessão mais conservadores por parte das instituições financeiras.
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, enfatizou, nesta quinta-feira, que os bancos que atuam no Brasil têm base bastante sólida e resistência, apesar de cenário adverso da economia. Ele citou o confortável nível de liquidez e desaceleração do ritmo do crescimento do crédito e das captações. Durante entrevista coletiva à imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado mais cedo pelo Banco Central, Meirelles disse que esse cenário adverso levou à redução da demanda por crédito e à adoção de critérios de concessão mais conservadores por parte das instituições financeiras.
O REF prevê que os resultados da intermediação financeira dos bancos que atuam no Brasil devem ser "positivamente impactados" por ajustes nas margens de intermediação, favorecidos por maiores resultados com tesouraria e por ajustes nas taxas de concessão de crédito no segundo semestre deste ano. "Os bancos devem seguir a tendência de busca por fontes alternativas de receita como seguros, meios de pagamento, cartões e serviços diversos, porém os ganhos adicionais de eficiência devem ser menores", citou o documento. Para o BC, o ambiente econômico deve continuar exercendo pressão sobre os indicadores de inadimplência, com impactos diretos nas despesas de provisão.
A desvalorização do real ante o dólar pode suscitar preocupações quanto à capacidade de pagamento das empresas, mas uma avaliação mais detalhada aponta para riscos controlados em uma perspectiva agregada do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Este quadro foi desenhado no REF.
"Observa-se que parte significativa da dívida vinculada à moeda estrangeira refere-se a empresas exportadoras, que possuem hedge natural relativo à sua atividade operacional, a companhias que utilizam o mercado de derivativos local para proteger suas exposições, a corporações que pertencem a um grupo econômico com sede no exterior, o que aumentaria a possibilidade de suporte financeiro intragrupo, e, ainda, a firmas com ativos no exterior em montante relevante, que possam compensar ou justificar economicamente a exposição em moeda estrangeira", citou o documento.
O grupo de devedores que não possui proteção cambial relevante e conhecida é restrito, de acordo com o REF. A exposição em moeda estrangeira dessas empresas aumentou de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), em dezembro de 2014, para 3,3% em junho de 2015, refletindo a desvalorização do real no período. Para esse grupo de empresas não exportadoras, sem hedge financeiro identificado, sem suporte intragrupo e sem ativos no exterior, o impacto da variação cambial em suas dívidas pode resultar em fragilidade financeira.

Sistema precisaria de R$ 3,4 bi para cobrir calote da Lava Jato

O Banco Central calcula que o sistema financeiro nacional tem condições de suportar uma onda de calotes de empresas envolvidas na Operação Lava Jato e também de companhias ligadas a estes grupos econômicos. Na hipótese de inadimplência de todas essas empresas, nenhuma instituição ficaria insolvente. E a necessidade de capital para que os bancos cobrissem suas perdas seria de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 0,4% da parcela do patrimônio das instituições que serve de referência para medir a saúde dos bancos.
"Evidentemente que, nas hipóteses mais extremas, a rentabilidade do Sistema Financeiro Nacional seria impactada de forma ainda mais severa", diz o BC no seu Relatório de Estabilidade Financeira.
Segundo o BC, se fossem consideradas apenas as empresas mais vulneráveis, a rentabilidade do sistema seria bastante afetada, mas nenhuma instituição financeira ficaria insolvente. Nesse caso, o impacto da inadimplência geraria necessidade de recapitalizar os bancos em R$ 130 milhões. "As simulações realizadas indicam que o sistema financeiro teria condições de absorver os impactos de default das empresas."