Até o fim deste ano, o número de pessoas que vivem em pobreza extrema deve cair para 9,6% da população global, segundo projeção divulgada recentemente pelo Banco Mundial. Em 2012, essa fatia era de 12,8%. É a primeira vez que o percentual diminui para menos de 10%, desde que o organismo começou a compilar os dados, em 1990. Ainda assim, 2015 chegará ao fim com 702 milhões de pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia - critério usado pelo organismo para definir o grupo de extremamente pobres. O desafio, afirma a entidade, é erradicar completamente a pobreza até 2030, em meio ao ritmo lento da economia global.
O percentual poderia ser maior não fosse o impacto da desaceleração global, principalmente entre os mercados emergentes, como o Brasil. "Há alguma turbulência à frente. A perspectiva de crescimento econômico é menos impressionante para economias emergentes no futuro próximo, o que vai criar novos desafios na luta contra a pobreza ", afirmou, em nota, o economista-chefe do Banco Mundial, Kaushik Basu.
Além de frear a redução da pobreza no mundo, a perda de fôlego entre emergentes pode contaminar a tímida recuperação da economia global, segundo análise do Instituto Brookings e do Financial Times. O relatório alerta que o ritmo mais fraco nesses mercados pode "levar a economia global ao atoleiro".
A maior preocupação do Banco Mundial é com a concentração da pobreza em áreas mais vulneráveis. Na África Subsaariana, a parcela da população abaixo da linha de pobreza deve fechar o ano em 35,2%. O percentual é menor que o registrado em 2012 (42,6%), mas continua sendo o maior entre as seis regiões pesquisadas. No relatório, o Banco Mundial recomendou que, para atacar esse problema, o ideal é que as políticas de redução de pobreza sejam direcionadas "aos mais pobres entre os pobres", referindo-se à região africana.